Assim que subira toda ponte, ainda podia-se ouvir os sorrisos sombrios das harpias e os sons da carne do seu cavalo sendo rasgada brutalmente. Marisa não teve coragem de olhar para trás, seria uma visão pesada e inapropriada demais naquele momento. Passou mais uma vez as costas da mão em seu rosto, desta vez enxugando lágrimas e suor e disse para si mesma palavras de confiança.
A mulher agora podia ver a torre a alguns metros, estava em um local onde capins muito verdes cobriam o chão como a um tapete caro, rodeando toda torre.
O cheiro daquele capim era muito gostoso.
A mulher caminhou devagar enquanto pequenos gafanhotos pulavam para todos os lados enquanto a mesma pisava naquele capim. Assim que chegou na torre vira sua porta, estava semi-aberta, mas não podia-se ver nada dentro da torre. Após mais uma vez pedir as benções de Tyali e colocar a espada em mãos, a mulher abrira a porta.
Dentro da torre era maior ainda do que por fora, uma magia simples que magos gostam de fazer para não ocupar muito espaço. Por dentro a torre parecia ter mais de quilômetros de altura enquanto por fora não passaria de 20 metros. Todo local estava escuro mesmo com pequenas janelas retangulares nas paredes, como se a luz que entrasse não fosse suficiente para iluminar aquele grande espaço escuro. Do lado da porta havia uma escada, era uma escada branca com um corrimão num dourado desgastado e antigo, assim que levantara a visão Marisa notara que a escadaria ia até o topo da torre, ou seja a própria escadaria tinha quilômetros de distancia.
-- Tyali... -- Sussurou Marisa dando um longo suspiro enquanto pensava o quanto iria andar. -- Bem... Depois de perder o Thunder isso é o mínimo... -- e começou a subir a escada.
...
Um passo atrás do outro, numa velocidade inconstante, sempre fitando o topo da torre, mas este parecia nunca chegar. Quantas horas já se passaram desde que começara a subir a escada? Uma hora? Duas? Três? Marisa já havia perdido a conta do tempo que subia aquela escada, aquela escada que parecia nunca ter fim.
A mulher arfava de cansaço, encostava-se lentamente na parede e sentava-se de pernas abertas colocando a espada no chão para descansar um pouco.
-- Não dá... Parece que essa maldita escadaria não tem fim... Quando será que vou acabar de subir isso? Quando tiver 200 anos? -- Reclamava Marisa para si mesma.
-- Vai acabar quando EU quiser... -- Dizia uma voz feminina, mas não havia ninguém alí.
-- Quem está aí? Quem é? -- Gritou Marisa rapidamente se levantando com a espada em mãos, olhando apenas a própria escada, enquanto se aproximava devagar para a parede via vultos que sua imaginação criava.
-- Você é a donzela pura e corajosa? Aquela que vai salvá-lo desse cativeiro eterno? -- Agora a voz podia ser detectada, vinha da própria parede de trás da cavaleira.
Assim que Marisa virou-se para a parede, onde estava a centímetros de distancia, ficou face a face com a dona da voz, na verdade era apenas isso que ela era, uma face, como se fosse uma máscara pendurada na parede, uma máscara com grandes olhos e lábios vermelhos que a fitavam friamente.
Marisa levou um susto muito grande, com o susto deu alguns passos para trás, batendo no corrimão da escada, quase caindo. Estava muito alto, se caisse daquela altura provavelmente morreria.
Apontando a espada para a criatura, Marisa gritava:
-- O QUE é você?
Mas aquele rosto apenas desapareceu, não respondendo.Marisa assustada começara a correr na escadaria, ainda em direção ao topo. Seus passos rápidos ecoavam por toda torre.
-- Você tem medo de fantasmas? -- Ecoava agora aquela voz feminina e fantasmagórica na cabeça de Marisa seguido de uma 'inocente' risada.
-- Por favor, em nome de Tyali, pare com isso.
Alguns vultos podiam ser visto ao longe, como se alguém estivesse encostado no corrimão, esperando por Marisa, mas assim que a mulher olhava para os vultos eles desapareciam e logo apareciam em outro lugar... Cada vez mais perto.
Até que finalmente chegou na sua frente. E lá estava, parado em meio ao escuro, era a mesma mulher da parede, com uma pele branca e de olhos e lábios vermelhos, coberta por um longo cabelo escuro, mas dessa vez havia todo um corpo. A mulher usava um véu preto.
-- Se quer mesmo chegar no seu objetivo terá que passar no meu teste-- Disse a criatura.
Num rápido movimento a mão da fantasma esticou-se e foi em direção ao meio das pernas de Marisa deixando-a vermelha e sem reação. A fantasma tocara seu sexo rapidamente e a mão voltara ao normal.
-- Vejo que és uma virgem, só as puras podem passar pelo meu teste, pois eu me mantive pura em toda a minha vida, quando eu ainda a tinha e não desejo me sujar agora.
Após terminar de falar a fantasma dá um passo em direção à Marisa, que tremia com a espada na mão.
-- Estás com medo? Não és corajosa, donzela? -- Disse a criatura olhando o tremor de sua adversária.
-- Corajoso é todo aquele que mesmo tremendo enfrenta seus medos, aqueles que não sentem medo não são corajosos, são apenas frios... -- Gritou Marisa, sua voz saiu um pouco mais fraca do que ela gostaria, mas o suficiente para fazer a fantasma formar um pequeno sorriso naqueles lábios vermelhos.
-- Exatamente... -- Após falar, a fantasma desapareceu.
Marisa desesperada rodava no mesmo local com a espada em mãos.
-- Não tente nada criatura das sombras, não poderá me deter pois levo o nome de Tyali em meu coração.
-- Sim... O nome de Tyali em seu coração... -- Disse a fantasma que aparecera assustadoramente na frente de Marisa.
A criatura deu-lhe um ataque esticando suas mãos, empurrando abrutalmente a cavaleira, que caiu por alguns degrais da escada, rodando sem parar. Até que se segurara no corremão. Na frente de Marisa estava a fantasma novamente, em pé com a mesma expressão fria e fitando a cavaleira com seu par de olhos vermelhos.
-- Comecei a fazer isso... Vou continuar... -- Falava Marisa enquanto gemia de dor. Rapidamente a cavaleira segura a espada para atacar a criatura à sua frente.
A espada faz um arco semi-completo no ar horizontalmente, mas passara longe da fantasma que nesse momento já estava atrás dela.
-- Você sabe que eu sou mais forte... Consegue sentir isso... E mesmo assim me ataca? Não tens medo da morte, donzela? -- Susurrava a criatura próxima ao ouvido de Marisa.
-- Sou fraca... -- Disse a cavaleira. -- Sei disso, mas agora que finalmente me tornei uma Espada do poder para orgulhar meu pai, não desistirei...
Dando um urro de guerra a cavaleira levanta-se e novamente faz um corte com a espada, que tem um leve brilho nesse momento. (Atacar Nv 1)
A espada atravessa a fantasma, mas não causa nenhum dano, batendo em parte do corrimão que se quebra em pedaços.
-- Não sabe que esse tipo de coisa não atingi fantasmas? -- A criatura sorriu.
Sem falar mais nada Marisa começa a 'cortar o vento' tentando atingir a criatura com rápidos movimentos.
-- Eu não vou desistir, essa é minha primeira missão como Espada do Poder, se não seobreviver a isso significa que não sou digna desse título, lutarei em nome de Thunder, para mostrar que sua morte não foi indigna... Lutarei com você até a morte...
-- Lutar... Até a morte...? -- A fantasma sorria enquanto a espada passava pelo seu corpo fantasmagórico. -- Agora você entendeu...-- Ela disse, quando Marisa parou de atacar, confusa. -- Maior que a coragem é o amor pela causa... Uma donzela pura e corajosa... Essa é você... Passou no teste... -- Disse a fantasma e logo depois desapareceu como fumaça na frente de Marisa.Toda escadaria parecia desaparecer e magicamente ela estava no último degrau mesmo sem ter subido mais nenhum e a luz da parte de fora começara a iluminar toda torre, que não parecia mais ter quilômetros de altura, apenas seus normais 20 metros. Tudo não passava de uma ilusão.
-- Que Clawyn esteja com você... -- Soou a voz ao longe.
-- Clawyn? -- Perguntou-se Marisa. -- Mas esse não é o deus do amor? Estranho uma fantasma ser devota dele... -- Ela sorria e olhava para a escadaria, vendo que havia diminuido agora, assim que virou-se para seu objetivo...
Um susto.
Algo caira sobre ela e em seus lábios podia sentir outros lábios... Alguém estava a beijando...
Continua...
Adoro esse blog
ResponderExcluir