sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Três Mundos - Parte 11 - Celebrações


Estella estava cansada daquilo, seu ódio aumentava cada vez mais. Aumentava por imaginar que Francis deitara com outra mulher, aumentava por imaginar que ele negou seu filho, mas aceitara o dessa outra mulher, aumentava ainda mais por lembrar-se que seu único motivo de vida era a vingança, pois tinha vergonha disso.
Alice tentara parar a anja, com sua magia criara uma esfera glacial que despencou dos céus, passando longe de Estella, mas atingindo mais ainda o navio, que neste momento estava quase que completamente destruído.

Estella caíra sobre Noah, segurou-lhe o pescoço e o jogara brutalmente para o segundo andar, onde batera nos barris, quebrando-os e espalhando uma espécie de pó negro para todos os cantos.
Alecius gritava desesperado:
-- Saiam daí! Saiam! Agora!
-- O que houve? – Perguntou Miranda.
-- Aquele é o tesouro que eu estava trazendo para Daekor... – O pirata respondeu. --... Pólvora!
Alice gritava para Noah sair de perto dos barris.

-- O Francis errou ti escolhendo no lugar do meu filho... – Dizia Estella andando para Noah, suas mãos soltavam uma leve fumaça. --... Não importa se você é totalmente demônio... Meu filho é melhor...
As mãos de Estella começam a pegar fogo. Uma imensa bola flamejante se formava, uma esfera maior do que qualquer uma que ela já criara. A esfera começara a corroer o teto, transformando-o em pó.
-- Ele escolheu você... – Ela disse. – A escolha errada. – Preparou-se para jogar a bola.
Alice chegara ao local, o calor da esfera gigante era muito forte, fazendo a mulher suar.
-- Já passou pela sua cabeça... – Disse Noah. – Que eu posso ser o seu filho?
O mundo de Estella parou. E se fosse verdade? Como ela nunca pensara nisso? Seria possível? Francis cuidara de seu filho?
Lágrimas correram o rosto da anja.
Tarde demais. A esfera já havia sido lançada.
Uma imensa explosão.

Os zumbis que rastejavam nas praias de Daekor pararam para ver.
Alecius abraçou-se em Miranda, jogando-se na água. As criaturas marinhas do local fugiram com o som.
Alice também se jogara, não para o mar, mas para cima de Noah, para o meio do fogo. Jogara-se para a morte.
A última coisa que sentira fora o toque do abraço do guerreiro e o fogo pareceu correr ao redor dos dois.
Estella gritou.


...


O céu era diferente do de Daekor. Era limpo, azul e alegre.
Haviam algumas pessoas sentadas em cadeiras enfeitadas e bem alinhadas. Haviam sorrisos sinceros em seus lábios e um som de fundo acusava o que era aquilo.
Um casamento.

Entre uma cortina de folhas, uma bela noiva usando um lindo vestido comprido caminhava entre todos. Era uma noiva linda, impecável. Caminhava com certeza, seu rosto rosado parecia uma pintura de tão bela.
Alice estava feliz.
A arquimaga caminhava para o altar. Usando um terno, com sua eterna postura digna de um guerreiro Noah esperava sua amada ao lado de sua inseparável lança.
Alice finalmente chegara ao altar. Olhara para Noah e ele para ela.
-- Tem certeza? – Ele perguntou.
Ela acenou com a cabeça, confirmando. – E você?
-- Não voltaria para o submundo por nada nessa vida. Meu mundo está aqui agora. -- Disse ele olhando bem nos olhos daquela a sua frente.
Um livro fora aberto na sua frente.

-- Trago as belezas de Clawyn para esse casamento! – Falou Miranda, aquela que realizaria a cerimônia.
Na primeira linha de cadeiras Rose Drineville tinha um pequeno sorriso no rosto, quase imperceptível, Dellyson chorava  numa mescla de felicidade e ciúme da filha. Do lado do casal, Alecius com um olhar fixo para o altar.
--... Pelo poder do deus do amor... Eu vos declaro marido e mulher. – Finalizou Miranda.
Ambos os noivos se entregaram num beijo apaixonado e sabiam naquele momento que viveria juntos para todo sempre.

...
-- Obrigada Miranda! – Dizia Alice ao fim da cerimônia para a amiga.
-- Estou tão feliz por vocês. – Disse a boneca. -- Muito mesmo. – Em seu rosto um grande e belo sorriso. – Já pensaram o que vão fazer da vida agora?
-- Ah! Já sim... Vou terminar minhas aulas atrasadas na Faculdade Mística. – Ela fez uma pausa, olhou para sua mãe ao longe e sorriu. – Depois eu e Noah vamos tomar conta do negócio da família.
Miranda abraçou a amiga. – Que ótimo!
-- E você Miranda? O que vai fazer agora?
Miranda sorriu e disse:
-- Vou virar aventureira, levar o nome de Clawyn pelo mundo. Alecius até vai comigo! – Ela acenou para o pirata que devolveu o sinal.
-- Vai me visitar, não é? – Perguntou a arquimaga.
-- Sempre que puder... – E ambas abraçaram-se novamente.
-- Agora vai pra lá que eu vou jogar o buquê! Não ti preocupa não que eu estou torcendo por ti. – Disse Alice dando uma piscadinha para a amiga.
Dellyson chamou as mulheres e logo se formou um monte que se espremia para pegar o buquê.
Alice jogara, o conjunto de flores voara, passando por mãos desesperadas e caindo perfeitamente nas delicadas mãos de Miranda.
Alecius a olhara e vermelho sorriu desajeitado. A mesma, também vermelha sorriu para ele. De alguma forma sabia que seu criador estava feliz com aquilo. Ela sorriu muito feliz e fitou as flores do buquê em suas mãos.
Tulipas lilases.

...
Alecius se aproximara de Noah. Desejava felicidades e benções.
-- Vocês já são tremendos de uns sortudos. Podem me explicar como foi que escaparam daquela explosão que transformou meu navio em pó...? – Perguntou o sereiano sorrindo.
Noah também riu, não sabia explicar. Naquele momento o fogo não os tocou, mas rodou ao seu redor, numa dança frenética, não tocara nem nele, nem em Alice, que estava em seus braços.

Noah não entendera, nem queria entender... Tinha agora uma esposa maravilhosa, novos amigos e um futuro de alegrias pela frente.
Só isso importava.
...
Longe dali, vendo o horizonte com lágrimas nos olhos estava Estella. Sua pele estava queimada, desde o rosto aos pés.
-- É o mínimo que eu posso fazer... Filho...
As asas da caída se abriam, ela não notou, mas uma de suas penas, uma bem pequenina estava inteira, bonita e limpa.

FIM