segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Sarah - Capítulo 7 - Defenda-se!

Layllian acredita que para ser uma rainha deve-se ser forte para proteger seus súditos, e isso Sarah não era. Diplomática, bondosa, justa, amada...
Mas faltava-lhe força e coragem.
O vento soprava pelos cabelos loiros de Sarah, que se encontrava em uma espécie de pequena arena. No meio da arena o desenho de uma viúva-negra.

As amazonas não se encontravam no momento, por agora gostarem de Sarah não queriam vê-la apanhar novamente.
Joy e Layllian estavam sentadas no chão fora da arena, e dentro da mesma, do lado aposto ao de Sarah, estava Sam.
-- Layllian, acho isso desnecessário... – Dizia Sarah com a colorida espada em mãos.
-- É apenas um treinamento, Sarah! – Dizia a rainha amazona. – A Sam não vai ti machucar.
Sam se aproximava da outra e em silêncio ajeitou corretamente a espada na mão de Sarah. Sam não gostava dela, mas estava sendo paciente para com a nova rainha.
-- Tenta se defender, Sarah! – Girtou Layllian e Sam partiu para cima da outra. Podia-se notar que a velocidade de Sam era mínima se comparada à batalha contra os slumtres.
Sarah soltou a espada e fechou os olhos, Sam parou olhou zangada para Layllian e afastou-se.
-- O que foi isso? – Gritou Layllian entrando na arena.
-- Eu não quero fazer isso. – Sarah quase chorava. – Eu não quero atacar ninguém.
-- Ouça aqui! – Layllian segurou a outra pelos ombros. – Eu não mandei atacar, mandei defender! Defender! Sarah... Acorda... Sua vida de enfeite acabou, você se tornou uma guerreira! Você precisa aprender a defender seu povo ou mais de seus homens morrerão por sua causa.
As palavras de Layllian atingiram Sarah em cheio. Sua mão foi para o colar que Jensen lhe deu. Ele estava morto. Morto por sua causa.
-- Tem razão, Layllian... – Sarah pegou a espada colorida e a levantou. – Não posso deixar isso acontecer novamente.
-- Assim que se fala! – A rainha amazona sai da arena, dando espaço para Sam que vinha correndo com um sorriso no rosto. Não um sorriso de deboche ou maldoso, mas um sorriso orgulhoso. Para as amazonas, melhor que uma mulher guerreira era uma mulher com força e coragem para se tornar uma.

Mas Sam ainda não gostava de Sarah.
A rápida guerreira correu para cima da rainha, que se defendia colocando sua espada na frente. Fora ouvido o som das adagas chocando-se contra a espada colorida. Sarah fora arrastada um pouco para trás, quando finalmente caiu no chão.
-- Muito bem, Sarah! Use a espada como escudo... Imagine que ela é uma parte sua indestrutívell, que pode ser machucada para defender as outras partes mais fracas. – Layllian gritava enquanto Joy olhava um pouco apreensiva.
Sam vinha novamente, correndo como uma flecha. Sarah colocou a espada novamente na sua frente, mas Sam não a atacara, apenas pulara e fora muito alto para cima.
A guerreira das adagas descia como um meteoro acima de Sarah. A mesma cobria sua cabeça com a espada, quando ouvira o grito de Joy:
-- Não defende, Sarah! Fuja!

Sarah se jogou para o lado no mesmo momento e Sam caira no chão, rachando-o. Assim que atingira o chão, a guerrera apoiou-se nas mãos e no joelho esquerdo, impulsionando o direito para atingir Sarah, que conseguira se defender com a espada.
Mas o chute de Sam era poderoso e empurrou a outra para a pont da arena, que desequilibrando-se, caiu.
Layllian e Joy correram para onde a mulher, mas Sam já a levantava.
-- Você está bem, Sarah? – Perguntou Joy, procurando uma ferida que pudesse curar.
Sarah começou a rir, ria alto e sua olhos tinham lágrimas.
-- Você viu Joy? Você viu Layllian? Eu defendi, eu durei alguns segundos contra uma guerreira forte...! Eu lutei!
-- Você é uma rainha de verdade! – Dizia Joy a abraçando.
-- E é muito bom ser! – Dizia Sarah.
-- Andar fica chato quando se aprende a voar, não é? – Layllian sorriu e abraçou Sarah também. Abraçada em Sarah, pode ver Sam que fazia um sinal de positivo com o dedo, afastando-se.

Layllian sorriu.
...
A festa naquela noite fora a melhor. Muita bebida, comida e muita música boa.
Comemoravam pela ascenção de Sarah como guerreira. Fora uma pequena luta, onde a mulher nem mesmo atacara, mas era simbólico, o nascimento de uma mulher poderosa, deixando para trás outra submissa e medrosa.
Joy, Layllian, Sarah e Sam estava sentadas na mesa do centro do salão. As amazonas passavam pela mesa e parabenizavam Sarah pela batalha.
-- Parabéns, Sarah! Precisa treinar muito mais, mas foi um ótimo começo. – Dizia Layllian com um copo de cerveja em mãos.
Sam acenou com a cabeça.
Sarah olhou e disse:
-- Sam... Porque você nunca fala? Eu gostaria de ouvir sua voz...
Joy e Layllian ficaram sérias e olharam para Sam.
A guerreira de moicano fechou os olhos e houve silencio  por alguns segundos na mesa, silencio que deixou Sarah nervosa. Então Sam abriu a boca e colocou a língua para fora. Sarah quase se assustou quando viu que a guerreira não tinha a língua toda, mas que ela fora cortada.

Sarah abaixou a cabeça.
-- Os slumtrers... – Disse Layllian. O slumtrer-rei para ser mais exata...
Sarah a olhou e ela continuou:
-- Eu e Sam éramos adolescentes e moravamos em uma aldeia de homens. Sempre fomos mulher cheias de coragem e então decidimos enfrentar os slumtrers. Eles são monstros fracos, então nos divertiámos os matando. Foi quando o rei apareceu. Nós o atacamos, mas ele era forte. Quando vimos que ele era muito poderoso, fugimos de volta para ossa aldeia. – Layllian olhou para Sam, seus olhares tristes. – O slumtrer-rei nos seguiu e atacou a vila. Não houve morte, os guerreiros da vila afastaram o monstro, mas viram Sam com armas nas mãos. – A rainha amazona parou, respirou tristemente e continuou. – Mulheres eram proibidas de usar armas nessa aldeia... Como castigo tiraram a voz de Sam, “Para aprender seu lugar de mulher” eles disseram...

Sarah abaixou novamente a cabeça, “o lugar da mulher”, era quase isso que Tyrus fazia com ela, outras mulheres sofriam isso também em Drimlaê, era triste.
-- Fugimos da aldeia, e depois de Sam botar fogo em todos de lá... – Continuou Layllian. -- ... Encontramos e nos juntamos às amazonas.
-- Eu entendo... – Disse Sarah. – Não concordo com a vingança, mas entendo vocês... Esses tempos de homens nos mandando acabarão. – Assim que a loira rainha disse e houve urro de guerra de todas no salão.
Sarah sorriu e pediu licença para ir ao banheiro.
A festa continuou com muita alegria, mas durou mais de quarenta minutos e Sarah não havia voltado.
-- Eu vou ver como ela está. – Disse Joy.
A elfa fora à cabana da outra mas não havia ninguém, procurou pelas cabanas mas não a encontrou.

Nervosa, Joy voltou correndo para a festa.
-- Não a encontrei, Layllian! – A elfa gritou, sem notar que a festa inteira estava em silencio.
No meio do salão, todas as amazonas olhava Sarah, que machucada, cheia de cortes e com a sua espada colorida em mãos, sorria.
A mulher afastou-se um pouco e atrás dela um monte de areia.
Areia cinza.
Sarah derrotou o slumtrer-rei.

Continua...

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Sarah - Capítulo 6 - Perdoar


A notícia de que Sarah iria falar oficialmente com Layllian voou quando Joy contou À rainha. Era quase meio-dia e o sol pendia forte e poderoso no meio do céu.

As amazonas estavam no meio da aldeia, pararam seus trabalhos e estavam ansiosos, todas sabiam da visão de Joy, todas sabiam que Sarah seria  sua nova rainha.
E lá vinha ela...
Sarah era uma mulher submissa e aparentemente fraca, mas era decidida e certa de suas escolhas e sempre agia de seu modo... Quando podia agir...
Havia uma pequena elevação, e sobre essa elevação uma tenda grande e rodeada por lanças cravadas na terra com pontas para cima. Sua entrada estava sempre fechada e sobre ela o símbolo de uma deusa antiga e feminista.
Uma viúva-negra.

Havia um longo tapete feito de pele de lobo-das-cavernas, que corria por quase cinco metros de sua entrada.
Sarah finalmente pisou no tapete, sentia não o macio do pelo, ou o calor do sol. Sentia que sua vida mudaria.
Para melhor.
A entrada da grande tenda fora aberta, de dentro dela saíra Sam. Seus músculos pareciam ainda maiores e seu rosto era eternamente sério e furioso.
Sarah estava no meio do tapete, sentira medo, pensou em voltar, mas assim que deu um passo para trás sentira a mão de Joy em suas costas.
Então caminhou para frente.
Sarah adentrou a tenda sob o olhar odioso de Sam e o sorriso de Joy.
...
Havia uma grande mesa. Sobre a mesma, um mapa antigo com vários botões em cima. Sarah não percebeu, mas os botões representavam a guarda de proteção das amazonas.
Havia vasos, cadeiras e uma cama no canto. Cabiam, talvez, dez ou doze guerreiras. Sentada de um lado da mesa estava Layllian.
A rainha amazona parecia calma, mas totalmente majestosa. Uma majestade muito superior a que Sarah aparentava naquele momento. Talvez pela amazona estar no seu lugar e ela não.
-- Rainha Sarah... – Layllian sorriu e levantou-se.
Sarah fez uma reverencia digna de uma rainha.
-- Creio que não seja necessário tanta formalidade.
Sarah continuou em silencio.
-- Você aceitou... Isso é bom, mas não suficiente. – Layllian levantou-se e aproximou-se à outra. – Sarah... Você tem certeza disso?
Os olhos das rainhas se encontraram.
-- Não... Não tenho certeza... – Disse Sarah. – Mas decidi arriscar... Para sentir... A liberdade...
Layllian sorriu, via tanto de si na outra.
Abraçou-a e ambas saíram da tenda. As amazonas olhavam para as duas rainhas, quando Layllian acenou e fora seguida por palmas.
Apenas uma mulher não bateu palma. Sam.
A grande e robusta mulher colocou a mão no ombro de Layllian e acenou, a rainha entendeu e a acenou de volta.
...
Sarah era realmente uma rainha diplomática, em uma tarde conheceu muitas das amazonas e resolveu muitos de seus problemas, tornando-se popular rapidamente.
Cada mulher que conhecia, conhecia historias diferentes. Passados assustadores, marcados por tristezas e dramas, mas mulheres fortes o suficiente para superar qualquer dificuldade.
Por algum motivo sentia-se bem ali. Sentia-se importante.
-- Ufa! Que canseira! – Dizia Sarah sentando-se embaixo de uma árvore. O sol estava agradável, e os ventos, como em toda Drimlaê, pareciam mágicos.

-- Difícil ser rainha? – Perguntou Joy, a elfa, também sentando.
-- Eu sempre fui rainha, Joy... – Sarah a olhou seria, mas depois sorriu. – Mas só agora estou sentindo realmente o que é ser. – A mulher sorriu mais, mas agora era para si mesma. – Eu sempre fui para festas, sempre estive lá, sorrindo e acenando docemente. Mas nunca realmente conversava com as pessoas, nunca soube de seus problemas, nem mesmo tive a chance de resolver e me sentir importante.
Sarah levantou-se animada, ficando de joelhos.
-- Joy... Aprendi coisas com essas amazonas que se Tyrus tivesse esse conhecimento poderia ajudar não só elas... Mas Drimlaê inteira!
A elfa sorriu, era como se Sarah pudesse ser ela mesma.
A outra se voltou a sentar e olhou a elfa.
-- Joy... Uma coisa que notei que quase todas as amazonas tem em comum são problemas com homens. Mas você não teve né?
O rosto de Joy entristeceu um pouco.
-- Na verdade tive sim... – Ela olhou para o céu e começou a falar. – Há alguns anos, um grupo de guerreiros estava explorando nossa floresta... Eu era apenas uma garotinha, uma curandeira iniciante...
Joy se lembrava como se fosse hoje.
...
Há alguns anos atrás uma pequena elfa caminhava na floresta. Em sua mão havia flores amarelas que foram colhidas no caminho para casa.
Essa elfa era Joy.
Usava um vestido simples e branco e os cabelos soltos, enfeitados pelas mesmas flores amarelas que carregava.

Mais adiante uma mulher estava ajoelhada no chão, de costas.
-- Mestra Silvanges! – Gritava Joy sorrindo enquanto corria para a adulta.
-- Venha Joy! Vou ensinar-lhe algo... – Dizia a mulher de longos cabelos marrons.
Assim que a pequena elfa se aproxima nota que na frente de sua mestra há um filhote de veado. O filhote sangrava, e na sua barriga havia uma bala feita de madeira. Joy e Silvanges não sabiam o que era e não se importavam as balas e armas de fogo não são muitos conhecidas em Drimlaê, mas as duas se preocupavam com o animal. Joy deixou cair todas as flores e correu para o animal.

-- Caçadores... – Disse a adulta acariciando delicadamente a cabeça do animal.
-- Mestra... Ajude-o... -- Disse a pequena garota, aflita.
-- Como está sua magia de cura, Joy? – A voz da adulta era calma e suave, transparecia seriedade.
-- Eu não sou boa em magia, mestra, você sabe... Minha magia não cura nem cortes... Só pequenos arranhões.
Silvanges sorriu e colocou a pequena mão da elfa perto do corte do filhote.
-- Fecha os olhos... E cura...
-- Mas mestra...
-- Apenas cure...
Joy fechou os olhos e usou sua cura. Era uma cura fraca, realmente, então Silvanges curou o ferimento do animal.
O filhote de veado pulou contente, e Joy abrindo os olhos voltou-se a sorriu para a adulta.
-- Viu? – Sorriu Silvanges de volta. – Quando se quer... Pode!
Ambas sorriam uma para a outra.
O som de pesados passos foram ouvidos vindo em direção às duas.
-- Foi  pra cá que o animalzinho correu? – Perguntou um meio-orc alto e musculoso.
-- Foi sim, Maluak, eu vi... – Agora quem falava era um anão, este montado em um grande e assustador javali.
Ambos tinham na cintura, espingardas.

-- Não tem animal, mas... – O meio-orc apontava para Silvanges, seguido de um sorriso pervertido do anão.
-- Joy... Saia daqui... – Disse a mulher empurrando levemente a garota.
-- Por quê? – Perguntou a elfa.
-- Saia Joy! – Silvanges se abaixava e segurava nos ombros da menos enquanto a olha nos olhos. – Não importa o que aconteça... Não seja uma adulta ruim, ame a natureza e acima de tudo lembre-se que perdoar sempre é uma opção... – então empurrou novamente a garota que correu, ouvindo o som de socos e gritos de sua mestra.
...
-- Eu... Sinto muito... – Falou Sarah ao terminar de ouvir a historia.
-- Não sinta... – A elfa soltava um sorriso, embora triste, consolável. – É por isso que não odeio os homens como algumas aqui... Você tem duas opções para viver depois de sofrer algo... Viver uma eterna vida de ódio cego ou como disse a mestra Silvanges... Perdoar... A forma mais pura da liberdade...
A elfa sorriu e Sarah guardaria essas palavras para sempre...
Ambas ficaram alguns minutos em silencio, descansando, até que Layllian e Sam se aproximaram.
-- Sarah! – Disse a rainha amazona. – Preciso falar com você...
Continua...