quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Sarah - Capítulo 5 - Libertando-se


As amazonas iam ao delírio, ainda mais por uma das lutadoras ser sua rainha.
As mulheres haviam feito um círculo, no seu meio, Layllian em sua postura firme de rainha com a lança em mãos e no outro lado, Sarah atrapalhada com a espada, arrancava sorrisos das amazonas.
-- Não acho que isso seja uma boa ideia. – Dizia Joy, um pouco preocupada para Sam.
Sam apenas sorria, esperando que Sarah se desse mal.
-- Eu não quero fazer isso! – Gritava Sarah tentando sair do circulo, mas sempre que ia para uma saída uma amazona a empurrava de volta.
-- Não se preocupe rainha! – Dizia Layllian sorrindo com a mão na cintura enquanto olhava a outra tentando fugir. – Prometo não machucá-la... Muito!
A amazona correu com sua lança para cima da outra. A mesma cravou a ponta da arma no chão e a usou como impulso para chutar Sarah. Os pés da atacante atingiram em cheio os ombros da outra, que nem mesmo tentou esquivar pelo susto, caindo no chão. Layllian aterrissou majestosamente.
Sarah nem queria levantar, estava assustada. A rainha olhava para o céu escuro. Sua vida mudara mesmo, era assustador. Fechou os olhos, achando que quando os abrisse estaria de volta em seu quarto no Palácio do Bobo.

Seus olhos abriram, mas ela continuava lá e agora via Layllian que a olhava e estendia a mão.
Sarah levantou e não havia mais nenhuma amazona ali. Apenas as duas rainhas.
-- Todas se foram? – Perguntou.
Layllian sorriu, era bonito vê-la sorrindo.
-- É... Não foi bem um show, sabe? Acho que deu sono nelas...
Sarah sentou-se em uma das cadeiras. Estava mais escuro agora por causa das tochas apagadas.
-- Desculpa...
Layllian suspirou e empurrou uma caneca para a outra. Depois de ver que só havia água, Sarah tomou.
-- Nós duas somos rainhas. – Começou Layllian. – Nós duas sabemos o quão difícil é lidar com a pressão de liderar... – Soltou um pequeno sorriso. – Bem... Você não sabe, afinal o rei Tyrus que manda em você.
Sarah a olhou. Sentia raiva e vergonha, mas nada disse.
-- Não é verdade? – Layllian disse. – Isso pode mudar, Sarah... A joy lhe disse sobre o sonho dela, não disse? – Fez uma pequena pausa e continuou quando a outra confirmou com a cabeça. – A minha... ‘Coroa’ será sua. Eu confio na visão dela... Mas quero passar essa coroa para alguém competente, que possa proteger minhas mulheres.
Houve um breve silencio.
-- Pode ser pouca coisa... – Ela continuou. --... Digo, comparando o palácio com nossa aldeia. Mas que saber? Eu acho mais vantajoso reinar uma pequena aldeia do que passar a vida em um castelo... Apenas servindo.
Os olhos de Sarah se encontraram com os de Layllian. A amazona apenas pegou a caneca e saiu. Deixando para trás uma rainha pensativa.

...
Amanheceu.
Era muito cedo, mas a aldeia inteira já trabalhava arduamente. Sarah não havia dormido bem, ficara pensando no que Layllian havia lhe dito. A mulher era uma rainha, mas agora se sentia tão falha.
Havia recebido uma pequena tenda só para si, embora se sentindo uma prisioneira passava longe disso.
Assim que se levantou sentiu uma luz entrando no quarto, era Joy que entrava na tenda com café-da-manhã.
-- Oh! Perdão... Acordei você? – Perguntou a elfa colocando a bandeja de madeira em uma pequena mesa.
-- Não! Não! – Disse a outra limpando o rosto.
Joy pegou uma tanja e começou a descascar para Sarah. A rainha olhou a fruta e lembrou-se dos slumtrers e logo das palavras de Layllian novamente, e levando sua mão à cabeça soltou um pequeno gemino.

--Você está bem? – Perguntou Joy.
-- Estou ótima... Só um pouco... Confusa...
-- Confusa? Com o que?
Sarah soltou um pequeno sorriso e olhou para a elfa.
-- Minha vida ficou um pouco diferente esses dias. – Disse.
-- Imagino...
Joy termina de descascar a tanja e entrega À outra e enquanto a mesma comia, a elfa perguntou:
-- Você vai mesmo ficar? – Uma pequena pausa. – Digo... Deixar de ser rainha de Drimlaê para ser nossa rainha?
Sarah abaixou a cabeça e durante alguns segundos nada disse. Lembrou-se de Tyrus, de Jensen, pensou nos vários homens de Drimlaê.
-- Eu não odeio os homens... – Ela disse, quebrando o silencio – Talvez eu não seja uma boa rainha amazona.
Joy sorriu. Qualquer outra amazona sentir-se-ia ofendida pelas palavras da outra. Sarah via as amazonas como bárbaras. Não era bem assim.
-- Não odiamos os homens... – Ela sorri. – Bem... Não todas nós. – A elfa aproximou-se da outra. – Olha... Ser amazona é mais do que isso.
Sarah a olhou atentamente.
-- Todas nós tivemos problemas com homens, isso é fato... Mas nem todas os odiamos... Algumas têm uma visão diferente... Queremos apenas ser livres...
Sarah sorriu. Liberdade. Ela era livre, não era? Achava que era, mas pensou. Lembrou-se de quantas vezes fora contra as ordens de Tyrus, lembrou-se quantas vezes teve que ficar em silencio, apenas acenar, apenas confirmar, apenas sorrir.
Sarah nunca foi livre.
Aqueles dias, com aquelas mulheres desconhecidas foram os dias que sentira que era viver.
A rainha abraçou-se à elfa, chorou por alguns minutos e Joy a confortou.
-- Me leve até Layllian... Eu também quero ser livre.
Continua...

domingo, 27 de janeiro de 2013

Pergaminho - Porque nem todas as notícias vem das músicas dos bardos!


Pergaminho de notícias



Ascensão da guerreira

Essa última semana, Megumi Masuda, a Imperatriz de Darcael convocou seus melhores guerreiros e anunciou a ascensão de uma nova samurai que se torna a líder da guarda do império.
Hanami Matsumoto fora a escolhida para tal cargo. A guerreira que ficou famosa por derrotar um poderoso mago de terra em Solasel tem um histórico de vitorias em batalhas na Arena Imperial, por ser uma mulher e lutar contra os falsos valores impostos por uma população machista a Imperatriz a convidou para fazer parte de seu grupo de guerreiros. Após um incidente ocorrido com a participação do antigo e traidor guarda-costas de Megumi, a escolhida para tomar seu lugar fora Hanami, que é de inteira confiança da Imperatriz.




Rosa Negra 

Procurada em todos os continentes maiores a famosa ladra, conhecida como Rosa Negra. Dizem que a mulher utilizava de sua beleza e sensualidade para roubar artefatos raríssimos, entre eles dizem ser a possuidora do lendário Anel de Arcanum, que fora roubado de um grupo de aventureiros que caiu em suas artimanhas. Além do anel dizem que a eximia ladra já passou por muitos castelos famosos levando muitas coisas raras, inclusive no próprio Castelo do Bobo. A atual localização de Rosa Negra é desconhecida no momento, rumores dizem que fora vista na ultima vez junto a um grupo de aventureiros no continente de Lafaza antes de desaparecer, pessoas acham que a mesma tomou uma nova identidade (sua especialidade mágica) e está em paz ou mesmo planejando um novo e grande golpe.



Chuva de ouro

Ichiba está recebendo uma benção nos últimos meses. Uma chuva de moedas de ouro caiu em pequenas regiões da ilha. Moedas verdadeiras chovem como gotas sem nenhum motivo. Estudiosos rumam para as cidades abençoadas pelo fenômeno para tentar solucionar o mistério.
O numero de aventureiros ambiciosos aumentaram na ilha, esperando ansiosamente por mais chuvas de ouro. Clérigos de Nyar festejam todos os dias, dizendo que isso é um agradecimento a um grupo que salvou seu maior templo na ilha, mas ninguém ouviu falar ou viu esse grupo.


quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Sarah - Capítulo 4 - Passado para trás


Sarah saíra daquele local. ‘Fora um pesadelo que já acabou’ ela dizia para si mesma.
Havia anoitecido mais uma vez, precisava voltar, relatar a morte de seus companheiros e acima de tudo acalmar Shufu inteira em relação às Amazonas ou sangue seria derramado, e a rainha queria apenas evitar isso.
Quanto tempo se passara desde que fugira daquela aldeia? A rainha andava perdida e estava em uma floresta.

 Andava por folhas secas, o que a acalmava, pois se alguém se aproximasse ela ouviria.
Estava escuro e a espada, pesada. A mulher imaginava que quando chegasse iria ter um bom banho e uma farta mesa de comida.
O pensamento na boa comida era tão forte que parecia que havia o cheiro ali.
Sarah respirou profundamente.
Havia mesmo um cheiro bom de comida ali!
A rainha faminta seguiu aquele cheiro e junto dele agora ouvia som de música. Eram tambores que soavam fortemente num ritmo frenético.
Atrás de grandes arbustos havia sons, luzes e cores. Uma aldeia comemorava algo e Sarah, por ser a rainha pensou que poderia pedir ajuda.
Assim que entrou na aldeia percebeu que a mesma estava vazia, não conseguia localizar de onde vinha o som dos tambores, embora ainda os ouvisse.

Olhou a aldeia. Suas casas de andares enfeitadas por pequenas bolas coloridas que iluminavam todas as ruas com várias cores, seus caminhos feitos por pedras lisas e cinzas, e o melhor, uma grande mesa com apetitosos alimentos.
-- Oi! – Sarah gritou para todos os lados, mas não obteve nenhuma resposta. Olhou a farta mesa e pensou que uma ou duas frutas não iriam fazer falta.
Pegou uma tanja e assim que levou para perto do nariz para sentir seu aroma, sinos começaram a soar por toda aldeia. Sarah não sabia, mas havia dado meia-noite.
As construções ao seu redor tremeram e assustada, a mulher deu um passo para trás, batendo na mesa e derrubando todos os alimentos.
As paredes começaram a verter areia, uma areia fina e amarelada, parecida com areia de praia. Essa areia começou a tornar forma. Eram como montes de areia com pequenos braços e bocas grandes assustadoras.

Sarah tapou a própria boca para não gritar e afastando-se para trás dizia:
-- Quem são vocês? O que são vocês?
Uma das criaturas deu um pequeno e fino grito, assustando Sarah, que pisando em uma fruta escorregou e caiu no meio delas.
Um dos monstros avançou para atacá-la, a rainha encolheu-se com medo, mas apenas areia caiu sobre ela.
O monstro havia sido cortado ao meio.
-- Medo de um slumtrer? Sério? – Dizia Layllian que segurando uma lança furava o monstro que era apenas areia agora. Atrás delas estava Sam que cortava várias criaturas de uma vez com suas adagas e velocidade impressionante.
-- Você tem uma espada! Porque não usa? – Perguntou a rainha amazona.
Sarah pegou a espada e timidamente olhou para Layllian.
-- Eu não sei usar. – Sarah sussurrou.
-- O que? – Perguntou Layllian estocando um slumtrer.
-- Eu não sei usar essa espada, eu não sei lutar! – Sarah gritou.
A amazona lanceira tira sua arma do meio da areia e olhando para a outra rainha diz:
-- Não sabe usar uma arma? E se considera uma rainha? – Layllian sorria.
Sam já havia derrubado todos os slumtrers ao redor das três e cutucando o ombro de Layllian apontou para a pequena torre do relógio que ficava no meio da cidade. Suas paredes vertiam areia também, mas a areia era de uma coloração acinzentada.

Toda areia que caia das paredes da torre do relógio formava um slumtrer, que era grande e assustador, em sua cabeça, feita por areia, havia uma grande coroa.
-- O rei! – Disse Layllian.
A amazona coloca o braço ao redor de Sarah e assim as três fogem em alta velocidade.
-- Porque vocês não o derrubam como fizeram com os outros? – Perguntou Sarah.
-- Ele é o rei! – Respondeu Layllian. – Sabe o que significa ser rei? Significa ser mais forte que seus súditos.
As imagens de sua captura, onde perdeu seu esquadrão, correram na mente de Sarah e envergonhada ficou em silêncio.
...
As três chegaram de novo à aldeia.
-- Vocês estão bem? – Gritava Joy correndo até as três.
Era tarde, mas a aldeia ainda estava animada. Haviam muitas amazonas bebendo e se divertindo despreocupadas.
O local onde Sarah estava haviam muitas mesas redondas feitas de madeira, as amazonas passavam  bebidas e ambrosius sem medo da lei, as crianças dormiam então não viam problema.
Algumas estavam agitadas vendo outras lutarem, mas mesmo com a seriedade nas batalhas, havia uma aura de paz e companheirismo rondando todas.

-- Estão comemorando algo? – Perguntou Sarah apoiando-se em uma mesa, tonta pela corrida.
-- Comemorando? – Joy sorriu, enquanto Sam já sentava e bebia uma enorme caneca de cerveja, entregue por uma garçonete anã. – Não estamos comemorando nada. Sempre fazemos isso em tempos de paz.
-- Estamos comemorando nossa liberdade! – Disse Layllian passando para pegar uma cerveja da mesma garçonete.
Joy olhou para Sarah, que se recuperava da tontura.
-- Que bom que você voltou. O destino não erra. – Disse a elfa.
-- Eu disse que a ‘senhora não-sei-lutar’ não ia muito longe. – Disse Layllian empurrando uma caneca de cerveja para Sarah.
-- E-eu não bebo... – Disse Sarah empurrando a caneca para frente.
-- É a comemoração por eu não deixar você ser comida pelo slumtrer-rei. – Layllian empurrou a caneca de volta.
Sarah tomou um gole.

...
--... E eles não me deixam fazer nada! Nada! – Gritava Sarah. Seu cabelo estava bagunçado e havia seis canecas vazias aos seus pés.
Sarah tomava a sétima.

-- Isso é inadmissível! – Dizia Layllian batendo na mesa com a caneca enquanto Joy e Sam concordavam do seu lado. – Os homens acham que somos o que? Objetos?  Nós somos mulheres! Somos o poder!
Várias amazonas gritaram animadas em acordo.
-- Sabe por que eles faziam isso com você? Porque você não tomava atitude de uma verdadeira mulher.
-- O que você queria que eu fizesse? – Gritou Sarah.
-- Lutasse! Apontasse sua espada no rosto de Tyrus e dissesse que o trono era seu! – Gritava Layllian.
E houve mais gritos femininos.
Sarah sorriu e quase sussurrou:
-- Quem dera se eu fosse assim.
-- Vai ser assim! – Disse Layllian jogando a espada colorida para sua dona. – Vamos lutar! -- 
O efeito da bebida em Sarah até passou, pelo susto.
Continua...

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Sarah - Capítulo 3 - Visões


Sarah lembrava quando ainda estava no Castelo do Bobo, mas estava tão triste quanto agora.
Lembrava da morte de seu pai.
Seu pai, Richard III, era o rei, mas por ironia do destino (e por conta de uma promessa) trocou de lugar com o bobo da corte, isso o levou à depressão e logo após, a morte.
A princesa, agora casada com o rei e por isso rainha, chorava sobre o caixão fechado.
-- Vou fazer todo meu possível para fazê-los felizes, pai. – Ela dizia, entre lágrimas. – Serei a rainha perfeita...

...
Sarah abriu os olhos, estava atrás de uma cela, sentada em um local escuro e frio.
-- Finalmente acordou! – Era Joy. – Você vive dormindo? – Ela ria. Em sua mão uma bandeja cheia de comida, que ela coloca para dentro da cela.
Sarah apenas olha para a comida e depois para Joy.
-- Coma! – Disse a elfa. – Eu mesma fiz! – Ela sorria delicadamente.
Talvez pela gentileza da mulher, ou pela fome, Sarah comeu.
Houve um breve tempo de silêncio, nem mesmo o mastigar de Sarah era ouvido, pois a mesma sabia como segurar um talher (mesmo um bruto) e comer com elegância.

-- Não é pra ser assim... – Disse Joy quebrando o silêncio e sentando-se no chão também. – Você é especial, rainha Sarah... Dona de um poder real impressionante! Você é rainha de Drimlaê, o maior continente de Gensõ. – Disse a elfa com uma empolgação cativante, enquanto Sarah ainda mastigava em silêncio.
Sarah sabia que era uma rainha, sabia que tinha poder. Tinha responsabilidades e devia estar em outro lugar agora.
-- Você acredita em destino? – Perguntou Joy.
Sarah levantou os olhos e finalmente engoliu o último pedaço. Olhou para Joy, que esperava uma resposta.
-- Todos têm uma missão! – Disse a rainha.
-- Exatamente! – Disse a elfa se levantando. – Você tem uma missão! Seu destino é aqui conosco! É sendo uma amazona!
-- O que? – Sarah agora se levantava, não entendia o que a outra falava, mas mesmo assim não concordava. – Eu tenho que sair daqui, Joy! Tenho que lutar por toda Drimlaê. – Seu rosto ficou triste. – Sou uma guerreira agora.
Joy sorriu carinhosamente para a outra.
-- Eu tenho visões. – Disse a elfa. – É um dom desde que eu nasci. Eu errava muito no começo. Interpretava mal ou não entendia. – Então a mulher de cabelos verdes sorriu para si mesma, Sarah reconheceu aquele sorriso. Era saudade. – Fui treinada por uma pessoa maravilhosa, me tornei muito forte, até que tive uma dessas visões.
Sarah a olhou, curiosa.
-- Na minha visão estava Layllian, ela estava poderosa como sempre e em sua cabeça, uma coroa bonita e brilhante. – Ela fez uma pequena pausa. – Alguns meses depois ela era nossa rainha.

Sarah abriu bem os olhos, não sabia que Layllian era rainha também, ambas eram tão diferentes.
-- Não entendo o motivo de estar aqui. – Disse Sarah segurando-se em uma das grades. – Sou uma rainha também, vocês me trouxeram para ensinar Layllian a ser uma boa rainha?
Joy sorriu, havia uma gota de ironia em seu sorriso, mas a elfa era tão doce que não ofendia.
-- Layllian é uma rainha maravilhosa, Sarah! Você será tão boa quanto ela um dia.
A rainha por detrás da grade não se sentiu ofendida, mas triste. Haviam pessoas em Drimlaê que não a achavam a rainha perfeita? Mesmo depois de todos seus esforços?
-- Eu tive outra visão recentemente. – Continuou Joy. – Eu vi você, Sarah!
Ambas se olharem em silêncio por algum tempo.
-- Você estava acima de Layllian. Com uma coroa maior e mais brilhante. – Joy sorriu. – Você é nossa nova rainha.
-- Sua nova rainha? – A outra perguntou. -- A nova rainha das amazonas?
A elfa apenas balançou a cabeça em afirmação.
-- Impossível! Não posso ser rainha de vocês... Eu... Eu já sou rainha!
-- Sinto muito, Sarah. – Disse Joy abrindo a grade. – Você pode negar a nós, não iremos obrigá-la... Mas você não pode negar seu destino.
A elfa pegou no meio das rochas, a espada colorida dada pelo rei à Sarah e entregou-a a sua dona.
-- Layllian disse que você está livre, mas infelizmente os homens que continuaram vivos entre os seus, serão nossos escravos. – A elfa pareceu um pouco triste. – Sinto muito! É a regra das Amazonas.
Sarah pegou no seu colar, Jensen não era um escravo, não imaginava qual destino era pior. Ela falhou, sabia que ia falhar, mas doía por não ser uma rainha perfeita... Faltava-lhe algo.

-- Eu vou embora! – Disse Sarah.
O rosto da elfa parecia mais triste ainda, chegava a dar pena. Mas a elfa nada disse, apenas deu espaço para a outra sair.
Sarah partiu, segurava a espada, pesada para si, tentando correr.
A rainha passou por tendas fechadas, estava tarde e escuro, fora fácil, até mesmo para ela, passar despercebida, assim que chegou ao limite da aldeia, olhou para trás, depois para a espada e pensou em uma palavra:
-- Destino!
E logo depois adentrou a floresta, iria voltar para Shufu, para o conforto em seu castelo.
Continua...

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Sarah - Capítulo 2 - Nova vida


“Eu morri? Acabou assim?” Sarah se perguntava em pensamentos enquanto tudo ainda estava escuro.
-- Como ela vai, Joy? – Perguntou uma voz feminina ao longe.
-- Ela está ótima, Layllian! A Sam não bateu tão forte como você imaginou. – Disse uma segunda voz também feminina.
A primeira voz sorriu e disse: -- Eu sei... Eu sei... Mas sabe como ela é né?
Sarah criou forças e um pouco de coragem e devagar abriu seus olhos. Assim que estavam abertos pôde ver que esta deitada em uma espécie de cabana, era um lugar pequeno, enfeitado por muitas flores brancas. Usava outras roupas, estas feitas de couro de algum animal também branco.
Na frente de Sarah, uma mesa, nela contendo alguns objetos, muitos deles, ervas e plantas medicinais.
-- Veja quem acordou! – Disse a segunda voz e na visão de Sarah apareceu a dona da mesma. Era uma bela elfa de cabelos esverdeados, usando-os amarrados com uma delicada fivela em forma de pássaro. Seus olhos eram quase amarelos e suas feições belas e delicadas. – Ela realmente é linda! Você é a Sarah, né? Seja bem-vinda. – A elfa sorriu.

Sarah levantou-se, ainda um pouco tonta, a elfa a ajudando.
-- Eu me chamo Joyyynnahhh, mas pode me chamar só de Joy, todas aqui me chamam assim... Nome de elfo é mesmo complicado. – Ela sorriu de si mesma.
Sarah olhou ao redor quando viu a outra mulher que conversava com Joy anteriormente. Era outra mulher belíssima, enquanto Joy inspirava inocência e pureza, a outra era uma mulher que inspirava poder e força, tinha um corpo feminino e cheio de curvas numa pele achocolatada. Seus cabelos negros caiam ondulados entre a armadura minúscula, mas muito majestosa dela.

-- Seja bem-vinda, rainha! – Disse a mulher morena com uma voz que transmitia autoridade, porém calma.
-- Onde... Onde estou? – Perguntou Sarah mais uma vez olhando ao redor.
-- Você está entre irmãs... – A mulher de armadura estende a mão e leva Sarah para fora da cabana.
Era uma aldeia.
Uma aldeia de amazonas.

Todas as pessoas que caminhavam ali eram do sexo feminino, não importando sua raça ou cor. Sarah já ouvira sobre elas, um grupo de guerreiras feministas que lutam contra a opressão dos homens.
Do lado da porta da cabana uma mulher estava parada de braços cruzados. Era grande como qualquer homem, musculosa e alta. Sua pele era um moreno mais escuro que a pele de Layllian. A mulher usava um alto moicano vermelho e uma armadura preta também curta. Seu corpo era repleto por tatuagens de linhas vermelhas que pareciam dançar. Em sua cintura pendiam duas enormes adagas e aparentemente bem afiadas.

A grande mulher olha para baixo, fitando Sarah, seu olhar era uma mistura de nojo e ódio.
Layllian dá um pequeno tapa no ombro da mulher de armadura preta.
-- Está tudo bem, Sam. – A mulher morena sorri um pouco triste. – Está feito.
Sam vira o rosto, zangada.
Layllian puxa o braço de Sarah e ambas começam a caminhar pela aldeia.
Era um local tranqüilo, várias mulheres caminhavam pelas ruas, meninas corriam de um lado para o outro, algumas mulheres treinavam lutas e o uso de armas, e eram impressionantes, muitas delas melhores que os homens que Sarah já tinha visto.
-- Eu estava indo para Daekor... – Começa Sarah quebrando o silêncio.
-- “Estava”...! – Falou Layllian com o rosto sério olhando para frente ainda caminhando.
-- Estava? Mas eu estou seguindo uma ordem rea...
-- Calada! – Falou a outra com uma voz mais firme.
Sarah abaixou a cabeça e ficou em silêncio.
Ainda olhando para frente, Layllian sorri.
-- Você é uma rainha, não é? – Perguntou a amazona.
A outra nada disse, não teve tempo.
-- Sim... Você é uma rainha, mas não age como uma...
Layllian anda para frente de Sarah e parando-a com a mão diz, olhando nos olhos da outra:
-- Você é uma amazona agora, mude sua posição.
-- O que? Amazona? Eu? – Sarah desespera-se. – Você não pode fazer isso, estou indo para Daekor... Deuses o que vocês fizeram com aqueles que estavam comigo? – Ela quase gritava.
Ao longe, Sam se aproximava.
-- Estão mortos! – Dizia Layllian, seguida pela expressão de surpresa de Sarah. – Pelo ao menos a maioria deles, os que mais lutaram. Eles eram homens! Parte está morta e outra parte agora são nossos escravos.

A imagem de Jensen sendo morto soou na mente de Sarah:
-- Não! – Disse a rainha com a mão no colar. -- Eu preciso sair daqui! – Sarah começa a correr, sem uma direção certa.
O rosto de Layllian era de decepção e tristeza, ela virou-se para Sam e disse:
-- Prenda-a!
Sam acenou com a cabeça e pareceu desaparecer, deixando poeira para trás.
Sarah correu entre algumas amazonas que se assustaram. Algumas correram, derrubando vasos de cerâmicas ou panelas repletas de caça. Sarah pensou estar conseguindo sair, quando sentiu os fortes braços de Sam puxando-o para trás.
Não conseguira fugir, já estava presa.
Continua...

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Sarah - Capítulo 1 - Mudanças

Todos sabem dos problemas que assolam o reino espiritual de Daekor. Por isso os outros lugares tentam ajudá-lo.
Drimlaê fora o único continente que faltava ajudar. Após algumas conversas na corte, Tyrus, o rei bobo, finalmente concordou em se juntar à ajuda.
Mas nada que venha de Tyrus é normal ou comum. Ele ajudou, mas uma pessoa pagou o peço. Essa que pagara o preço fora Sarah, a rainha.
Enviada para comandar um batalhão, a mulher fora, mesmo com muito medo e pouca experiência, porque é isso que as mulheres devem fazer...
Apenas obedecer...
Será mesmo?

...
O palácio do Bobo, o grande castelo do rei Tyrus era triste naquela manhã. A notícia do recrutamento forçado da rainha ao grupo de guerrilheiros enviados à Daekor se espalhou rapidamente. Os ventos mágicos e fofoqueiros do continente inteiro não sussurravam outra coisa.
A notícia chocou parte da população de Shufu, a capital. A outra parte menos chocada estava indignada, mas já esperavam tal atitude de Tyrus. Os grupos formavam rebeliões para derrubar os portões do castelo ou mesmo para derrubar o próprio rei.
-- Ele é um traidor! – Gritava um homem na porta do castelo segurando placas com palavras baixas contra o rei. – Ele vai trair todos nós! – Os dois guardas com enormes escudos apenas observavam em silêncio.

O homem não estava só. Haviam crianças, mulheres e muitos outros homens de várias raças.
Havia barulho, ira, palavras baixas e violência.
Tudo pela rainha Sarah.
Mas aquela não era a forma de Sarah, ela não era violenta, não falava aquelas palavras. Ela era uma rainha, uma rainha perfeita.

Enquanto os soldados reais se chocavam com os cidadãos na porta do castelo, Sarah os observava. Seus lindos olhos azuis pareciam ainda mais o mar agora que estavam molhados por suas lágrimas de tristeza. A rainha fecha as cortinas tentando anular o som que vinha de fora, mas era impossível. 
A bela mulher voltou-se para a cama, o local onde antes ficava cheio de ursos de pelúcia e cartas de seus súditos agora tinha armas, as melhores armas que o dinheiro podia comprar.
Havia armas de todos os tipos e Sarah deveria escolher uma delas, armas para se proteger e machucar.
Aquilo era surreal, ela era uma rainha e não uma guerreira.  A mulher respirou profundamente e lembrou-se do motivo de estar lutando. Tinha que representar seu continente na guerra, não queria que os seus fossem chamados de covardes. Outras nações poderiam levar isso a sério e a guerra se voltaria para Shufu.
Sarah queria evitar isso.
Enquanto a mulher olhava as armas, tentando imaginar-se com alguma dela em mãos, a porta de seu quarto fora aberta.
Do outro lado, Tyrus.
Rei, marido e bobo.

O rei tinha em mãos uma espada bonita e colorida, era feita de outro e tinha pedras que pareciam fazer suas cores dançarem.
O homem entrou no quarto na ponta dos pés, dançando ridiculamente, um rei com modos de palhaço.
-- Bom dia, minha forte guerreira. – Ele ria da própria piada.
Sarah fazia uma cordial reverência e logo virava o rosto.
-- Eu lhe trouxe um presente.
A rainha olhava para as armas em cima da cama, quando Tyrus, levantando os lençóis, derrubou todas nos chão.
-- Essa é a arma que você vai escolher! – Ele coloca a bela espada sobre a cama.
-- Essa? – Sarah a fita bem. – Por quê?
-- Porque essa espada é forte! Digna de lordes e reis... E você... – Ele fez uma pausa a olhando. --... Você não é!
Ambos se entreolham por alguns segundos.
-- É a ironia, minha querida! – Tyrus pega a espada e coloca nas mãos de Sarah. – Com essa espada você cumprirá seu destino.
E desajeitada ela pega a espada, que antes dourada, quando tocada pela rainha se torna colorida.

Tyrus sorri e seu sorriso era largo e assustador, então o rei sai como entrou, dançando ridiculamente.
Sarah olha a espada, era realmente muito bonita, um desperdício jogando-a em suas mãos inexperientes. Mas a mulher apenas obedeceu.
A rainha aproximou-se de uma gaveta em sua penteadeira, puxou-lhe e tirou de lá um livro de capa infantil e esverdeada.
Era seu diário.
Folheou algumas páginas rindo de boas lembranças e finalmente chegou nas páginas brancas. Após colocar a data, Sarah escreveu:
“Esse foi o dia que eu deixe ser apenas uma rainha e me tornei uma guerreira.”

...
Os sons na porta do castelo finalmente cessaram e depois de merecido descanso Sarah se encontrava ao batalhão que ia com ela. Eram jovens e inexperientes, se fosse possível, talvez mais do que ela. Havia alguns com aparência real de aventureiros, mas a rainha duvidava se eram mesmo bons guerreiros. Os bons já haviam ido para a guerra, aqueles que sobravam eram os indignos ou fracos.
-- Boa noite, cidadãos! Estou feliz que estejam aqui! – Começou Sarah. Os guerrilheiros gritavam para ela, mas não gritos de soldados, mas gritava por Sarah ser um ídolo. – Não tenham medo, pois os deuses estão conosco! – E houve mais gritos.
O batalhão saiu pelos portões da frente. Não havia mais de 50 pessoas, era um fato, aqueles que assistiam a saída do grupo, ou choravam ou desejavam sorte ainda revoltados com a situação da rainha.
Montada em um cavalo branco, Sarah acenava. Choraria ali mesmo, arrependia-se de ter dado essa ideia, mas ela era uma rainha e rainhas não se arrependiam, não voltavam atrás. E como uma verdadeira rainha, segurou as lágrimas e manteve o sorriso tranquilizador nos lábios.
Do alto da torre mais alta do Castelo do Bobo, Tyrus observava. Seus lábios faziam o sorriso assustador, mas seus olhos eram distantes, tristes...
“Que ela ironicamente vença algo, para a honra de Tyali” Ele pensava.

...
O grupo havia cavalgado por algumas horas. Iriam para uma ponta a leste de Drimlaê e lá pegariam teleportes para algum lugar de Daekor, onde suas batalhas começariam.
Tyrus prometeu àqueles que seguiam Sarah, fama e riquezas e ali havia corações ambiciosos, mas todos eram acima de tudo fieis à rainha que tanto amavam.
A paisagem era outra, antes a cidade lotada e barulhenta, agora uma gigante trilha de areia. De um lado um rio corria calmo e silencioso, era protegido por um cercado feito por toras de madeira e arame farpado. Do outro lado um pequeno bosque, onde se podia ouvir o som das corujas. A luz era quase invisível, sendo apenas uma linha brilhosa.

-- Vamos descansar! – Disse a rainha parando seu cavalo, seguida dos outros.
-- Tem certeza Majestade? – Aproximou-se um dos cavaleiros puxando também o cavalo. -- Tyrus nos ordenou ir direto a Daekor.
-- Eu sei cavaleiro. – Ela ficava sem graça por estar desobedecendo a ordem do rei, mesmo fora de sua presença, mas as pessoas estavam cansadas e sem forças de ir adiante. Alguns minutos de descanso não fariam diferença.
...
Fizeram uma grande fogueira, alguns dormiram no mesmo instante em que se sentaram, outros se perguntavam se valia mesmo a pena saírem do conforto de seus lares para estarem ali.
-- Sinto muito, Majestade. – Dizia o mesmo cavaleiro se aproximando.
-- Qual seu nome? -- Perguntava Sarah enquanto cortava alguns cogumelos para comer.
-- Jensen, Majestade.
-- Cavaleiro Jensen... -- Sarah sorria docemente. – porque sente muito?
Jensen ficava corado pela doçura de Sarah. A rainha tinha esse poder sobre homens, mulheres e crianças... Uma aura doce e carismática.
O cavaleiro piscava seus olhos castanhos e passava a mão em seus cabelos curtos e marrons.

-- Você não combina com esse local... – Ele dizia se recompondo. – Por isso eu sinto muito...
-- Agradeço a preocupação, cavaleiro Jensen... Mas esse é o meu dever, afinal de contas. – Seu olhar era responsável, porém triste.
Houve um pouco de silêncio quando Jensen virou-se novamente para a rainha.
-- Você realmente ama o rei?
O rosto de Sarah era de surpresa, fora pega desprevenida, ninguém nunca perguntara isso.
-- Ele é o rei, não é? – Ela disse. – Todos o amam.
-- Perdoe-me Majestade, mas não confunda respeito com amor. – Jensen tira do bolso um delicado colar e o entrega para Sarah. – Amor é o que sentimos por você. – Então se afasta.
A rainha sorri olhando Jensen e vê o colar. É um colar de prata, com um pingente de uma bela coroa feminina.
Sarah põe o colar no pescoço e adormece um pouco feliz.

...
Barulho, balbúrdia...
O som dos soldados correndo e gritando era ouvido por Sarah. A rainha levanta-se para ver seus súditos jogados no chão, muitos mortos.
Estava tendo uma batalha, Sarah virou-se e pegou sua espada colorida, mas não sabia nem mesmo segurá-la direito.
-- Majestade! Majestade! – Gritava Jensen tentando protegê-la.
Algo rápido pulou das árvores, batendo na cabeça de Sarah, não podia-se ver nada pelo escuro.
A mulher começou a desmaiar, antes de sua visão escurecer completamente pôde ver algo...
... A cabeça de Jensen sendo cortada fora.

Continua...