sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Três Mundos - Parte 2 – Sobrevivendo


Arvores cobriam o céu, o som de pássaros e outros animais curiosos eram ouvidos. Enquanto Alice e Noah se encontravam inconscientes, Miranda estava sentada sobre o verde capim que dançava à leve brisa que passava ali. A boneca não sabia quanto tempo ficara naquela caixa, quando desligada a mesma perdia a noção do tempo. Podia ter passado apenas horas ou mesmo passado eras.
Não importa o tempo que passou, cada segundo era uma eternidade longe daquele que a criou. A bela boneca colocava a mão no peito, sentia uma dor, em tempos passados aprendera que aquilo se chamava saudades... E doía...

Alice abria os olhos, olhava ao redor quando vira Miranda.
-- Miranda! Tudo bem contigo? – Perguntou a arquimaga num tom preocupado.
-- Estou ótima! Acho que devíamos nos preocupar com você.
Alice seguira a visão da boneca, vira sua perna queimada e psicologicamente voltara a sentir a dor.
--Droga... Olha só que estrago... Eu vou poder curar... Mas acho que vai deixar uma marca feia...
-- Curar? – Perguntou a outra.
-- É... Mas não é uma cura tão eficiente assim, mas dá para o gas... – Mas antes de terminar a frase a arquimaga sentiu a mão da boneca tocando sua queimadura.
Havia uma singela luz branca e logo a ferida se fechara.
-- Mas... Mas como? – Gaguejava Alice. – Você é uma boneca, não é? Um familiar talvez, quem sabe um golem... Você devia ter uma cura básica, no máximo, não essa magia com um fervor tão... – Tocando a perna que voltara a se tornar perfeita. --... Tão divino...
Miranda apenas a olhava com a mesma expressão fria de sempre.
Noah levantava-se, um pouco tonto enquanto olhava ao redor e se apoiava em sua lança.
-- Com certeza não estou mais em casa...
Alice rapidamente levanta-se e apontando a varinha para o homem grita:
--Quem é você?
-- Estou ouvindo muito isso hoje... Noah Bell... e vocês quem são?
Ainda apontando a varinha:
-- Esta é Miranda e eu sou Alice Drineville, Arquimaga das águas e você um guerreiro...
Noah virou os olhos.
-- Uma mística... Deixa eu adivinhar... Agora você vai querer me matar por causa da Guerra do Punho Arcano.
Gensõ vivia em meio à guerras e a Guerra do Punho Arcano era uma delas. Desde tempos imemoriais, a deusa Liaavel, deusa da guerra e assim protetora dos guerreiros vive em guerra com Therwin, deus da magia e protetor dos magos, Ela por ser uma deusa de honra e ordem e ele um deus que utiliza a magia para quebrar o que é certo. Boatos correm à boca pequena que há um sentimento de afeição entre os dois deuses e por causa das diferenças vivem nessa infinita batalha... Ninguém ousaria blasfemar falando isso...

-- Não vou lhe atacar por causa disso... – Disse Alice. – Apenas os fanáticos por Therwin tomam essa guerra para si... Respeito o deus, mas não a esse ponto... – A mulher se aproximara do outro. – Só fiquei surpresa pela ousadia de um guerreiro entrar na Faculdade Mística... – Colocando a varinha em seu pescoço. – Você podia estar morto agora!
Seu pomo-de-adão movia-se nervoso, não sabia do que aquela mística era capaz, lera sobre eles, sobre a guerra e sabia que eles eram capazes de feitos poderosos, pelo ao menos antes de levar um tapa e caírem mortos.
-- Mas estou vivo... E agradeceria se você tirasse isso do meu pescoço. – Ele a fitava sério e intimidador.
Alice abaixa a varinha e Miranda se aproxima:
-- Onde estamos?
-- É floresta? – Perguntou Alice para si mesma olhando ao redor
Noah senta-se de pernas dobradas e toca o chão de capim verde e vivo.
--Não sei onde estamos, mas com certeza não estou mais em minha aldeia... – Uma borboleta passa voando na sua frente. – Com certeza não...
-- Parados nós não vamos ficar... – Dizia a arquimaga puxando Miranda.
-- Boa sorte... – Dizia Noah indo na direção oposta.
-- Você não vai conosco? – Perguntava Miranda sendo puxada pela outra.
-- Deixa-o ir... Estaremos melhor sozinhas...

...
Havia se passado alguns minutos, aproximadamente meia-hora e Noah estava mais perdido ainda. Lembrava de onde vinha e comparava os locais. Noah era filho de um demônio, havia sangue abissal correndo em suas veias, mesmo que fosse pouco. O filho de demônio não vinha de Gensõ, mas de um plano diferente como a Faculdade Mística. Noah vinha do plano de Barakon, deus das trevas e criador do mal. Um reino de infinitas sombras e desespero, onde pessoas eram massacradas e demônios dominavam as terras como reis e imperadores. Choro e gritos eram constantemente ouvidos, a dor era a rainha real naquele mundo sádico.
Mas Noah era um ponto branco naquele mundo negro. Desde pequeno fora maltratado e humilhado por não ser tão ruim e sádico como qualquer demônio, quando cresceu treinou na arte da lança, mas diferente de seus companheiros raciais, não usava aquela lança para matar, mas sim para proteger...
Até que matara seu próprio pai...
O homem sentia sua cicatriz no olho direito doer com as lembranças. Já se sentia um peixe fora d água no submundo de Barakon, ali, se sentia mais perdido ainda.
Queria voltar.

...
Miranda estava cabisbaixa enquanto era delicadamente guiada por Alice.
A arquimaga virou-se para a boneca:
-- O que foi? Parece triste... Mais do que o normal... – Ela parou e pensou um pouco. – Não me diga que é por causa daquele guerreiro...
-- Não! Quer dizer me preocupa um pouco deixar ele sozinho nesse local desconhecido... Mas... O papel...
-- Ah! A carta deixada pelo seu criador... Entendo sua preocupação... – Ela sorria. – Mas eu disse que ia ajudar, não disse? E vou ajudar! Você não está mais sozinha.
Um sorriso, embora pequeno e quase invisível fez- se nos lábios cor de cereja de Miranda.
Alice sorriu mais. – Você devia sorrir às vezes... É bom...
-- Só sorrio quando tenho motivos... – A boneca respondeu. – Sua ajuda é um deles...
Alice iria agradecer, mas ambas ouviram um som de galope, ouviram som de galhos quebrando e de lamina cortando algo. O suficiente para fazê-las correr.
O som se aproximava, o galope era alto e as plantas se moviam com a chegada do ser. De repente algo pula na frente das mulheres, era uma criatura sombria com o dorso humano coberto por um manto negro, esfarrapado e a parte inferior de cavalo, parecido com um centauro, mas com uma pelugem muito negra e brilhosa. Carregava uma foice de grande lamina ensangüentada e suja pelas arvores que cortara.

Miranda estava com sua expressão fria, sem noção de perigo, enquanto Alice com um grito assustado já apontava para o ser com a varinha.
A criatura quadrúpede apoiou-se nas patas traseiras enquanto erguia sua foice alto no ar. Não havia mãos segurando a foice, era como se um fantasma preenchesse a parte do manto negro.
-- Um... Pesadelo? – Gaguejava Alice, assustada.
Pesadelos são criaturas que nascem dos sonhos, que ceifam sonhos felizes e deixam traumas e medos. Com a queda no véu em Daekor, monstros dos sonhos escaparam e são agora comuns no continente. Uma entre as milhões de pragas que constituem a Guerra Espiritual.
Tocando com a varinha no chão, Alice faz uma grande estalagmite de gelo rasgar os chãos cobertos de capins para atingir a criatura.
A lâmina feita de gelo bate na pata direita dianteira do monstro que se desequilibra e cai apoiando-se em sua foice. O Pesadelo rapidamente levanta-se e ataca as mulheres com sua arma. Alice se joga no chão e puxa Miranda para esquivar-se da lamina suja, que faz um arco sobre suas cabeças.
-- Vem! Vamos sair daqui! – Gritava a arquimaga enquanto puxava a companheira.
Ambas começam a correr pela floresta, esquivando-se dos galhos que atrapalhavam o caminho. Ouvia-se o galope do Pesadelo atrás, mas Alice não tinha coragem de olhar para ele. Suas pernas já doíam e seus olhos não conseguiam enxergar direito o caminho que percorria, sentindo a mão de Miranda na sua, apenas corria.
Não se ouvia mais o galope, as duas se encontravam perdidas mais ainda. Alice olhou para a boneca.
-- Você... -- Tomando ar. – Você está bem?
Miranda iria responder quando se ouviu o som de ferros se chocando. Alice virou-se e a lâmina do Pesadelo estava a centímetros de sua cabeça, o que a fez cair sentada com o susto. Mas a foice estava parada, algo a parou.

-- Estão vivas? – Era Noah que com a sua lança segurava a lâmina do Pesadelo.
O monstro andara para trás e começava a cortar o ar a fim de atingir Noah. A criatura aproximava a lâmina em cima do guerreiro, o mesmo tentava se proteger com sua lança, quando várias agulhas feitas de gelo voaram para o Pesadelo, fazendo- o urrar um grito fino e tenebroso. Com a desconcentração do ser, Noah crava sua lança no meio do peito equino do mesmo.
Assim que sente a lança penetrar sua dura carne, a criatura passa sua foice no braço do guerreiro, criando um corte profundo, fazendo seu osso ficar exposto.
Noah gritava de dor.
Um feixe de luz num formato de uma espada de ponta-cabeça rasgou o chão indo em direção à criatura. Assim que a toca, a criatura se torna pó, fazendo cair a lança de Noah no capim.
-- Bom trabalho, Nagilla... – Dizia uma voz se aproximando. Era uma mulher de aparentemente 30 primaveras de muito respeito e seriedade. Suas orelhas semi-pontudas a denunciava meio-elfa e seus cabelos compridos e azuis caiam em suas costas. Usava um comprido vestido branco com o símbolo de Maagany estampado no peito. A mulher vinha acompanhada de uma garota que não tinha mais do que seus 15 anos, também usando trajes brancos. Nos braços da mais velha, um pequeno robô olhava em silêncio.
-- Obrigada madre Layla! – Dizia a garota humana de cabelos negros como sua pele, rebeldes e altos. – É uma honra ajudá-la...
Layla, a mais velha, nota o sangramento no braço de Noah e soltando o robô, que flutuara no ar, ela se aproximava do guerreiro.

-- Rápido Nagilla! Precisamos de cura!
Nagilla se aproxima e quando já estava pronta para curar Noah, para.
-- Perdão, senhora! Mas me recuso curá-lo.
Miranda e Alice olham assustadas, enquanto Layla fita o homem e depois a outra em desaprovação, sendo imitada pelo pequeno robô.
-- Vamos levá-lo ao santuário de Maagany próximo daqui onde nós moramos... – Dizia Layla tentando levantar Noah.
--... E sujar a honra da deusa? – Dizia a menor.
-- Nagilla! – Exclamava Layla com seriedade fazendo a outra ajudar no mesmo instante a levantá-lo, mesmo entre pequenos resmungos.
Alice estranhava aquela reação da curandeira. Clérigos de Maagany nunca se recusavam a ajudar, o que a fazia imaginar se elas realmente eram filhas da deusa da vida.
-- Por que... Você mesma não cura? – Falava Noah em suas últimas forças para Layla. – É a madre, não é?
O rosto de Nagilla e do pequeno robô eram de raiva, enquanto o de Layla, vergonha.
Miranda se aproximava do guerreiro e com uma luz tomou sua mão que assim que tocara o braço de Noah começara a curá-lo.

-- Uma... Clériga? – Layla e Nagilla se espantavam. O robô voava feliz ao redor de Miranda.
-- Por favor, venham comigo ao templo, pelo ao menos para descansar.
O braço de Noah era apenas uma cicatriz no machucado, quando esse se levanta e caminha passando por Nagilla que o olhava feio.
-- Então vamos... Porque eu preciso mesmo descansar!
E os outros o acompanham.
Continua...

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Três Mundos - Parte 1 – Encontros


Para se tornar um místico, um dominador das artes arcanas, os interessados têm opções variadas que passam desde pactos sombrios com criaturas malignas à horas na frente de um grimório aprendendo palavras e gestos mágicos. Esses místicos são conhecidos como Magos.

Magos são acadêmicos, pessoas que estudaram com afinco e dedicação a magia. Magos são muitas vezes vistos como heróis pelas pessoas comuns. Alguns estudam na Faculdade Mística, um grande templo que serve de escola para os que precisam de ajudas arcanas, e esses são chamados de Arquimagos, pois são ainda mais especiais que os magos comuns.
Mas Therwin é um deus impiedoso, em seu templo acadêmico só são bem-vindos aqueles muito poderosos ou que podem pagar o preço adequado, criando o título de ‘nobres’ à qualquer Arquimago.
Ninguém em Gensõ sabe ao certo a localização da Faculdade Mística, já que ninguém entra nela por meios mortais, é necessário um alto nível em magia de teleporte, o que faz alguns estudiosos crer que a Faculdade não fica no mesmo plano de Gensõ.

Os corredores e salas do templo são imensos e tão carregados de magia, que mesmo raças que não dominariam as artes arcanas em outros locais o fazem lá.
E caminhando em um dos milhares corredores mágicos estava Alice, filha única da família Drineville, uma família de nobres que vivem na grande cidade de Enemus, no continente de Drimlaê. A filha desde muito cedo se interessou pela magia, e fosse pelo poder que a mesma proporcionava ou simplesmente pela sua pirotecnia fascinante, os pais de Alice não hesitaram em pagar as altas mensalidades para ter a filha na Faculdade, que em algumas partes de Gensõ é uma grande honra.
Mas a família Drineville nunca colocara sua esperança na filha. Na verdade nunca acreditaram que a mulher fosse se tornar uma verdadeira Arquimaga. Alice sabia disso, o peso em seus ombros era grande, pois tinha honra e orgulho, muito orgulho.
Alice caminhava rápida e com passos longos, seu rosto, coberto normalmente por uma pele branca e lisa, agora era vermelha. Seu punho coberto por uma luva de couro de hidra estava cerrado e só o que se ouvia era o som de seu salto batendo no chão perfeitamente limpo do corredor. Algumas pixies, minúsculas fadas de luz, passavam pela mulher, algumas brincando com seus longos e volumosos cabelos castanhos que, ondulados, caiam como cascata em suas costas. As fadas que brincavam em seus cabelos sempre rodeavam a grossa e chamativa mecha roxa que a mulher fizera em tempos rebeldes em seu cabelo.

Seus olhos castanhos e amendoados nem notavam as pixies ao seu redor – coisa comum entre estudantes da Faculdade Mística-, fitavam o fim do corredor, que naquela hora tarde da noite, estava coberto por sombras.
-- Aquela Samara Raven vai ver só! – Resmungava a mulher para si mesma. – Como ela ousa duvidar de mim daquela forma? E na frente do professor...
Alice ajeitava a capa azul escura com o grande símbolo de Therwin – um grimório aberto - estampado nela, que era a farda dos acadêmicos. Por baixo da capa usava um comprido vestido que, apertado aos seus ombros faziam um decote bonito que protegiam um belo par de grandes seios bem desenhados, o vestido caia solto na cintura, abrindo um enorme corte que deixava sua perna esquerda nua, onde havia uma delicada bota de couro que guardava uma varinha mágica que pareia feita de cristal. Seus cabelos eram enfeitados por uma faixa bordada que rodeava a cabeça como uma coroa de flores.
Alice andara um pouco mais, com coragem suficiente para adentrar as densas trevas que cobriam o final do corredor. A pouca luminosidade vinha das raras pixies que continuaram a acompanhando. Nesse momento só havia duas.
A faculdade Mística é um local de mistérios. Um elfo poderia viver toda sua longa vida no campus e mesmo assim não conheceria nem metade do que escondia suas portas e corredores.
La estava Alice. A Arquimaga se encontrava no final do Corredor do Medo, um corredor que era assunto entre alunos à noite, quando estes contavam historias de terror uns aos outros. Havia lendas e exageros rodeando aquela parte do Prédio das águas, o local onde místicos de água – como a própria Alice – estudavam.

Na Faculdade Mística os alunos são divididos de acordo com suas magias iniciais em prédio diferentes, mas não eram incomuns alunos de um prédio estudar em outro ou até mesmo em mais, mas eram apenas os poderosos ou pacientes que aprendiam a dominar mais de um elemento, algo que é necessário muito tempo e experiência.
Alice se encontrava na frente de daquela porta. Suas amigas contaram a historias dali, não muita coisa, mas o suficiente para causar medo. Aquele corredor era uma parte do dormitório masculino do prédio das águas, mas que por motivos misteriosos fora abandonado até hoje. Boatos contam que foi apenas um reforma inacabada que deixou o corredor naquele estado. Alice preferia pensar que era isso mesmo.
Empurrando a porta lentamente, a Arquimaga ouvia seu rangido que disputava com o som do seu coração, que batia assustado.
...
Aquilo era um ritual. Forças dominavam aquela sala que estava repleta de velas e desenhos arcanos pintados para todos os lados. Um grande caldeirão borbulhava no centro da sala, cuspindo uma fumaça fétida e avermelhada envolta por fios de luz verdes que se mexiam como vermes.
Alguém se aproximava do caldeirão, era uma bela mulher de longos e lisos cabelos negros que combinavam com sua pele alva, que cobria um corpo esquio e aparentemente frágil. Carregava nas pequenas mãos algo gosmento e pulsante. Era um coração, que ainda batia. Suas mãos e antebraços sujos de sangue denunciavam que o ato macabro fora executado pela própria mulher. O corpo da vitima, um jovem ferreiro, ainda tremia quente em um canto da sala.
Ela se aproximara do caldeirão e sem demora jogou o coração na água borbulhante. A fumaça rodeou toda sala, iluminando os desenhos arcanos um a um, seguindo para a mulher. A fumaça abria os botões de sua blusa branca que de mangas compridas, estavam puxadas para não serem manchados pelo sangue, como acontecera com sua calça também branca e seus pés descalços. Com seios à mostra a fumaça os rodeavam, tirando um gemido de prazer da mesma.

A fumaça para.
Fez-se silencio e então a fumaça vira um circulo na frente de sua invocadora e dentro dele aparece um espelho.
-- Mostre-me o demônio Francis! – Ordenou a mulher e sua voz soou autoridade e calma.
O espelho quebra-se e outro aparecera no lugar, mas o segundo agora mostrava uma imagem. Era um lugar triste e devastado, mas calmo. Sentado em um tronco podre que estava jogado na areia alaranjada do local, se encontrava um homem. Era um jovem alto e de corpo forte, tinha o cabelo comprido negro, que pendiam num rabo de cavalo preso por duas mechas de dreads de seu próprio cabelo. Sua pele era de um bonito marrom que combinava com sua armadura pesada de coloração branca com alguns detalhes vermelhos. Em uma mão segurava uma lança de bronze e no outro um livro, que seguia com seu olho esquerdo, pois o direito carregava uma cicatriz grande e feia que o mesmo ostentava como um prêmio, assim como seus poucos cortes no corpo que a armadura mostrava.
A mulher aproximou-se do espelho e forçou os olhos para reconhecer aquele homem da imagem que ela nunca tinha visto antes.

--Está brincando comigo, espelho? – Ela disse. – Fiz o ritual completo, você deveria buscar pelo sangue do demônio Francis... FRAN-CIS... Quem é esse? – Ela apontava para aquele que lia do outro lado da imagem.
Não houve resposta e logo após um longe suspiro impaciente a mulher de trajes brancos coloca a mão no espelho e um pequeno portal se abre atrás do homem, que entretido com sua leitura, só percebe quando é puxado pelo pescoço, levando sua lança, mas deixando seu livro caído.
...
Alice adentrava a sala. As pixies não mais a seguiam, dificultando sua visão. A mulher levanta a perna e de sua bota pega sua varinha. Batendo suas vezes em sua mão a varinha se torna como cristal luminoso, mostrando mesmo em meio a penumbra, o local onde se encontrava.
A Arquimaga estava em um quarto. O mesmo parecia idêntico aos dos dormitórios normais. Enquanto rodeava no meio do quarto, tentando ter uma visão de 360 graus, percebia que suas paredes estavam quebradas. Havia vários livros rasgados e jogados no chão e havia uma mesa com um grande pacote em cima dela.

Alice olhara para trás, tendo certeza de que ninguém a observava. Há anos ninguém entrava naquela sala, aquele pacote com certeza era do aluno que vivia naquele quarto. Se é que havia alguém.
Tirando a ponta da varinha como uma tampa, a mulher analisou o canivete que guardava ali e se aproximou do pacote começando a cortar-lhe.
Era uma caixa.
Não uma caixa comum, mas um caixa de boneca. E dentro da caixa uma boneca.
Ela era quase do tamanho de Alice, a mesma até levou um pequeno susto por causa do realismo que tinha o brinquedo, mas depois do susto, admiração. Era uma garota muito linda de traços delicados, quase élficos. Podia-se notar que era uma espécie de boneca pelos braços que tinham parafusos encaixando-os. Usava um comprido vestido rosa, na mesma tonalidade de um laço que se prendia à direita de sua cabeça. Seus cabelos eram muito compridos, atingiam seus joelhos num tom lilás muito bonito, dançando pela sua pele clara, que tinha alguns traços rosados. Usava saltos pequenos em sapatos também rosas.
Alice se aproximava da caixa, tocava a pele da boneca, curiosa. Era macia como a uma humana qualquer.

-- Que trabalho bem feito...
Assim que a Arquimaga falara os olhos daquele que se encontrava dentro da caixa se abrem forçadamente. Alice dá um passo para trás e deixa cair sua varinha luminosa.
Os olhos da boneca eram tão rosados que parecia avermelhado, o que assustou Alice.
-- Mestre? – Dizia a boneca com uma expressão fria no rosto. Com movimentos delicados, dignos de uma nobre a bela boneca sai da caixa e caminha até a varinha, pegando-a e aluminando o quarto. A luz então para no rosto de Alice.
-- Ele não está aqui, não é?
Alice respira fundo, aquela a sua frente não parecia perigosa, pelo ao contrario, era tão bela e delicada que a Arquimaga quase tinha vontade de abraçá-la.
-- Você deve estar falando do aluno que dormia nesse quarto... Não, não há ninguém aqui há não sermos nós duas... – Dizia Alice se aproximando e estendendo a mão para receber sua varinha de volta. – Qual seu nome?
-- Miranda... – Dizia a boneca entregando o objeto à sua dona. Ela então se voltou a sua caixa e tocando-a delicadamente falou para si mesma: -- Você prometeu que estaria aqui quando eu acordasse...
Alice se aproximava da outra.
-- Meu nome é Alice... Eu... Posso ajudar você? Parece preocupada com algo...
Quando a mulher se aproximara, a luz da varinha iluminou a mesa onde se encontrava a caixa de Miranda. Entre cadernos riscados e antigos livros rasgados havia um papel em especial, estava enrolado, mas na ponta podia-se ler o nome da boneca.
-- Veja Miranda! – Dizia a Arquimaga apontando com a luz para o papel.
A boneca virou, seguindo a luz, e logo reconheceu aquela letra, e animada – embora com o rosto ainda sem expressão – aproximou-se para pegar o papel, quando a sala inteira pareceu começar a tremer.

...
Noah Bell se encontrava naquela sala escura, iluminada apenas por símbolos arcanos que brilhavam numa coloração azulada no chão e nas paredes.
Um passo molhado fora ouvido, era os pés daquela que o invocara que ainda sujos de sangue, faziam aquele som. A mulher se aproximara de Noah e num rápido movimento segura-lhe o pescoço e olhando fixamente em seus olhos gritava:
--Quem é você? Qual sua ligação com o demônio Francis?
Noah a encarava também, mesmo com dificuldade em respirar.
-- Eu que pergunto: “Quem é você?” E o que você sabe sobre meu pai?
A mulher folgou a mão.
-- Pai?
Noah usou o cabo da lança para fazer a outra soltar-lhe, e dando um pulo para trás começara a tatear as paredes, na inútil tentativa de procurar uma saída.
-- Filho? – Falava a mulher para si mesma, com as mãos no rosto, assustada. Apoiava-se no caldeirão que ainda borbulhava. – Como? Quando?
Apontando a lança para a mulher: -- Você! Bruxa! Mostre-me a saída!
O rosto da mesma fica vermelho, sua expressão era de raiva. – FILHO? – Ela gritava e com um movimento da mão uma esfera flamejante se formava na sua frente sendo lançada ao inimigo.
O homem esquiva-se e a bola de fogo bate na parede quebrando-a. Do lado de fora, noite. Estavam em uma torre alta, podia-se ver um pequeno vilarejo embaixo e enquanto Noah o fitava, tentando calcular se poderia pular, outra bola de fogo passa em seu ombro, empurrando-o e queimando-o. O homem caíra, mas segurava-se em tijolos quase soltos que o buraco formou. A lança sempre em mãos.

-- Onde ele está? – Dizia a mulher se aproximando de Noah com outra esfera perto do rosto do homem. – ONDE ELE ESTÁ? – Gritava.
-- QUEM É VOCÊ? – Gritava Noah enquanto tentava afastar o rosto da esfera de fogo.
-- Estella! Sou a Estella!
Noah a olhou sem a reconhecer.
-- Seu pai nunca falou de mim? – Perguntou surpresa.
-- Nunca...
Estella olhou os céus escuros, com olhos distantes.
Noah aproveitou a brecha na atenção da mulher e usando a lança, apoiou-se no chão da sala e puxou seu corpo para o chão novamente.
-- Onde ele está? – Ela perguntou ainda fitando os céus.
-- Você não vai encontrá-lo...
-- Eu perguntei... – Ela virou-se para ele. Seus olhos, chamas ardentes. --... ONDE ELE ESTÁ? – Uma bola de fogo fora lançada em cheio no meio do peito do homem, que caiu sobre o corpo do ferreiro que já esfriava nesse momento.
-- ELE ESTÁ MORTO! – Gritou Noah.
Estella parou.
-- Eu mesmo o matei! – Sorriu Noah e seu sorriso era assustador e satisfeito.
A mulher o olhou e com uma bola de fogo em mãos correu para o mesmo enquanto rugia alto.
Num ato desesperado Noah jogara o corpo do ferreiro em cima da mulher. A mesma o empurrava com a bola de fogo e sua cabeça caíra no caldeirão enquanto seu corpo pendia no pescoço. Um novo portal abriu-se e antes que pudesse ser atingido por outro ataque flamejante, Noah pulou nele.
...
Miranda se aproximava do papel quando um tremor começou e sobre a cabeça das mulheres um portal fora aberto e Noah caíra sobre elas. A bola de fogo voara atrás dele, atravessando o portal também, atingindo os cadernos que estavam jogados no chão, que começaram a pegar fogo e se espalhar por toda sala.

Noah estava em cima de Alice, a mesma o empurra e assim que o mesmo toca no chão uma espécie de alarme começa a soar por todo o prédio.
-- Um guerreiro? – Falou Alice para si mesma.
Estella também atravessava o portal.
-- E eu mesma vou ti matar, filho de Francis!
Três bolas de fogo voaram em direção a Noah, mas uma delas atingira Alice, queimando sua perna nua.
A Arquimaga gritou pela dor e Miranda sem saber o que fazer pegara sua caixa e jogara em Estella. A caixa jogada pela boneca passara pela mulher, entrando no portal atrás dela e atingindo o caldeirão da sala do outro lado. A cabeça jazida do ferreiro balançou e outro portal se abrira no quarto onde todos se encontravam.
A sala pegava fogo, e na porta ouviu-se um grito:
-- Renda-se em nome de Therwin!
Noah olhou o portal e correu até ele:
-- Eu não sei vocês, garotas... Mas aqui eu não fico! – Se jogando.
Estella tentou o seguir, mas Miranda e Alice estavam na frente.
A invocadora de fogo fez as chamas voltar-se para as duas.
-- Saiam da frente!
Na mesma hora a porta do quarto rachara por um raio lançado por um místico. Havia vários na porta.
-- Precisamos ir também! – Gritava Alice puxando a boneca.
As chamas ainda tentaram atingi-la, passando perto de sua mão e fazendo-a soltar o papel.
-- A carta! A carta! – Gritava Miranda. Enquanto o portal se fechava. Só o que a boneca viu fora Estella pegando o papel e sorrindo.
O portal fechara.

-- Renda-se em nome de Therwin! – Gritou um dos místicos apontando seu cetro feito de pedra para Estella.
A mulher os olhou e de suas costas um par de asas saíra, asas feias e débeis, manchadas e depenadas, Estella era um anjo. Um anjo caído. As asas a cobriram e logo só havia penas amassadas que queimavam junto com a sala na frente dos místicos.
Estella também fugira.
Continua...

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Nasce uma guerreira


Daekor está passando por dificuldades. A utilização da magia divina no local fora tão grande que isso causara um distúrbio nos planos espirituais, rasgando assim o véu que separava realidade com o mundo da fé. Zumbis, demônios e anjos em constante batalha trazem o medo para a população que antes vivia em harmonia e paz.
Os outros continentes de Gensõ enviam diariamente tropas e suprimentos para o Reino do Espírito, ajudando assim na terrível Guerra Espiritual.

Solasel e seus honrados samurais, Lafaza e sua forte linha marítima e Shainar e seus guerreiros do deserto.
Mas um dos grandes reinos não se importa com a guerra que ocorre em seu vizinho. Drimlaê, o grande Reino do Ar fora até agora o único que não enviou suas tropas para ajudar o reino-irmão, e isso está causando uma espécie de intriga entre nobres. Como pode um reino tão grande e poderoso não se importar com um problema tão ruim assim?
O Castelo do Bobo é uma das construções mais poderosas que se encontram em Shufu, a capital de Drimlaê. É a moradia de Tyrus, o rei que carrega a alcunha de O bobo, por antes de alcançar o elevado posto de hoje ter sido um simples bobo-da-corte.

Sentado no seu trono de madeira está Tyrus, o grande rei, com uma expressão inocente e brincalhona no rosto, o rei é raramente levado a sério por não demonstrar a seriedade exigida em seu posto. Do seu lado estava sentada a rainha Sarah - embora algumas pessoas ainda insistam chamá-la por princesa -. Casada com o agora rei em tempos difíceis, a rainha parecia nunca reclamar, nem agradecer. Era uma mulher delicada e pura, não passava de suas 22 primaveras de aparência gentil e modos mais delicados ainda, uma rainha perfeita.
A grande porta feita de madeira e ouro, que leva a sala do trono é aberta e um ancião em vestes brancas e azuis celeste caminha por um tapete que levava à frente do trono. O estandarte de Maagany, a deusa da Bondade está bordada na parte de trás do manto do ancião que, com passos lentos e silenciosos se aproxima do rei, que ria e brincava com guizos num chapéu colorido que preenchia o local da coroa.
-- Olá... – Disse o Rei sem nem mesmo tirar os olhos dos guizos, brincando com eles como um gato brinca com um novelo enquanto a rainha ficava em silencio, achava melhor assim... Em terras masculinas algumas mulheres eram obrigadas a ficar caladas.
-- Vossa Majestade... – A voz do ancião parecia que iria falhar de tão fraca, assim como seu joelho ao se abaixar em uma nobre reverencia. – Sou Hujjiel Lukkian, sacerdote de Maagany e mensageiro de David XXI, regente de Daekor e Sumo-sacerdote da deusa da Bondade e da vida.
Assim que o nome de David XXI fora cantado da boca do ancião, Tyrus colocou-se formalmente no trono e fitou os olhos azuis daquele à sua frente. Olhou-o bem, desde seus longos cabelos brancos que combinavam perfeitamente com a longa barba de mesma cor até a barra do seu manto que era bem desenhada com vários símbolos de crucifixos.
-- David XXI? – Perguntou o rei.
-- Sim vossa Graça, trago-lhe notícias...
-- Mais noticias? – O rei sorriu. – O bruxo de Maagany me manda noticias todas as noites, até sei o que já vou sonhar sabia? A bela arcanjo de grandes seios vestida de vento me dizendo para ajudar na batalha espiritual e blábláblá... Não entendo porque ele o enviou senhor Lukkian, a arcanjo semi-nua é uma experiência mais prazerosa.
Sarah cerrou o punho ao lado do rei, mas continuou em silencio.

-- Perdoe-me por minha pretensão, majestade... Mas creio que essa seja a primeira vez que meu senhor envia um mensageiro para vós.
Tyrus o fitou novamente, enquanto apertava os olhos como uma criança olhando um inseto curioso, pensou que o ancião poderia estar mentindo, mas logo depois fez seu próprio julgamento e então teve certeza de que ele não mentia.
-- Não importa... Então diga-me... Que notícias são essas que meu amigo David me enviou? Ele está me convidando para um chá? Uma festa na praia? Sabe...? O David é um chato ele nunca me convidou para essas coisas... – Dizia o rei virando os olhos.
Hujjiel soltou um rápido e discreto suspiro, tentava conter a paciência, o que era muito fácil de perder com Tyrus, o que era fácil perder com qualquer seguidor de Tyali, o deus patrono do rei, o senhor dos humanos e deus da ironia e poder.
-- Precisamos de ajuda na Guerra Espiritual! – O ancião fora curto e mortal, não podia adiar aquela conversa senão O bobo acabaria fazendo-o esquecer seus afazeres.
-- Viu? – O rei levantou-se e começou a caminhar na frente do trono. – É a mesma coisa que a arcanjo me diz toda noite... “Por favor Tyrus, ajuda a gente, ajuda? Ô! o povo ta morrendo, o povo ta chorando e você tem poder, você pode e blábláblá” – Dizia ele numa voz afetada enquanto mexia os quadris imitando alguém que só ele havia visto. – Rá! Bobagem! Não precisam de mim... Todo mundo está ajudando não está? Pra que mais ajuda?
-- Vossa Graça... Toda ajuda é pouca nesse momento, estamos lutando com poderes espirituais, são hordas e hordas de demônios indo diariamente para as terras de Daekor, maculando nosso chão, derramando sangue inocente... E logo isso pode se espalhar por toda Gensõ, como uma doença... Isso pode chegar à Drimlaê.
Tyrus sentou-se novamente no trono, colocou o rosto entre as mãos e pareceu chorar, mas mesmo com seus olhos demonstrando tristeza, ainda estava com o grande sorriso vermelho, com dentes brancos que mais pareciam presas.

-- Não posso... Eles enviaram tropas, o deus da ironia não ficaria feliz se eu simplesmente enviasse tropas também, eu simplesmente não posso mostrar o poder que eu possuo, eu devo ficar calado, devo apenas assistir.
Sarah e Hujjiel o olharam, aflitos. Entenderam o porquê do rei não ajudar, estava preso nos dogmas de sua própria crença. Tyali era assim, ele não demonstrava o poder, para ele, quanto mais poderosa fosse a pessoa mais ela deveria demonstrar ser fraca, quando mais fraca mais ela demonstraria ser forte. Era um deus considerado louco por aqueles que tinham a rara coragem de blasfemar.
Hujjiel levantou-se forçadamente, seus ossos rangeram e ele sentiu uma pequena dor no corpo que a velhice trazia para si.
-- Não vou obrigar-lhe a ir contra seu deus, e tenho certeza que Davi XXI muito menos, entendemos seu problema e o respeitamos. Com sua licença Vossas Majestades... – O homem deu meia-volta e começou a caminhar para a porta de ouro e madeira que levava para fora da sala do trono.
Tyrus não parecia mais triste, sua expressão era neutra, como se nunca tivessem tido a conversa de agora.
Assim que Hujjiel colocou o pé na outra sala, Sarah, a rainha levantou-se do trono e gritou:
--- Hujjiel Lukkian! Vamos ajudá-los!
Tyrus olhou para sua esposa como se fosse gritar, como se fosse repetir tudo aquilo que acabara de falar para o sacerdote.
Sarah virou-se para o rei e fazendo uma reverencia formal e pediu:
-- Envie tropas, não seus melhores homens. Envie aqueles que quiserem ir, aqueles que acham que vale a pena lutar por Daekor, aqueles que querem honras e glorias... – Fez-se um silencio que logo foi quebrado pela delicada voz da rainha. --... E eu os liderarei.
O sorriso de Tyrus aumentou ainda mais, se tornando algo assustador. Hujjiel não entendera, mas a proposta da rainha fora clara para O bobo. Ela era uma rainha, não uma guerreira. Nunca, em toda sua vida, pegara numa espada. A coisa mais perigosa que deveria ter pegado eram as facas em jantares formais em que ia para servir de ‘paisagem’.
-- É perfeito...! – Gritava Tyrus enquanto se colocava de cabeça para baixo no trono de madeira. – Imagina se VOCÊ consegue vencer essa guerra? Seria irônico, não há sacrifício melhor para Tyali! – Ele ria alto e desesperado, lagrimas saiam de seus olhos enquanto os sorrisos aumentavam.
Hujjiel entendeu a situação e então virou-se para a rainha que agora aparentava um rosto de tristeza e decepção.
-- Majestade... Não...
Antes que pudesse falar, Sarah levantou a mão enquanto olhava seu marido sorrindo, cortando o sacerdote. Ela então caminhou pelo tapete em direção a porta e assim que passou por Hujjiel falou: -- Aceite... É a única forma... – Ela então saiu enquanto chamava empregadas e pedia para trazer-lhe as melhores armas que pudessem encontrar.
O ancião via o rei que estava com o rosto vermelho de tanto rir, fez uma reverencia que não fora nem percebida por Tyrus e saiu da sala em silencio, enquanto ouvia os sorrisos Do bobo que se tornavam mais e mais assustadores.
E logo isso se tornaria o assunto das bocas de Shufu. A rainha se tornara uma guerreira.