quinta-feira, 14 de março de 2013

Sarah - Capitulo 10 - Ascensão


-- Sarah! Minha rainha! – Tyrus gritou com seu eterno sorriso assustador nos lábios.
Em sua cabeça o eterno chapéu de bobo que carregava ao invés da coroa, balançou quando o mesmo pulou do trono para o chão.

O grande minotauro bufava olhando Sarah quando Tyrus simplesmente bateu palmas e o monstro saiu da sala, deixando apenas o rei e a rainha.
-- Que trajes diferentes dos habituais, minha rainha... É a última moda em Daekor? –
-- Eu nem mesmo cheguei à Daekor, Tyrus. – Sarah respondeu hostil.
 O rei a olhou por alguns segundos.
-- Está diferente...
-- Eu mudei! Aprendi novas coisas, tomei novas atitudes.
Tyrus apenas a olhava em silencio.
Sarah tirou sua espada e apontou para o rei.
-- Eu exijo a coroa, que é minha por direito.
Tyrus riu alto e assustadoramente.
-- Querida, você é a rainha, você já tem a coroa.
-- Você entendeu errado, Tyrus. Desejo reinar sozinha.
Tyrus se aproximou do grande trono de madeira e puxou seus dois apoios, que eram na verdade duas espadas.

-- Tire a coroa de mim!
Sarah olhou para o rei e disse:
-- Tyrus, você é meu marido! Eu não desejo lutar com você.
-- Seus companheiros estão todos presos pelos meus guardas. Ou você luta ou morrem... Todos vocês!
O rei correu para cima da rainha como um lince, sua velocidade era incrível e muito superior à de Sam. As duas espadas formaram um grande “xis” no ar, duplicando sua força na queda.
Sarah colocou o escudo para cima, não tendo tempo para esquivar. O peso era imenso, a perna da mulher tremeu com o impacto.
Tyrus ria e começava a dançar como um palhaço no centro da sala.
-- Eu não quero lutar, Tyrus!
-- Sarah, minha amada, você acha mesmo que é chegar aqui e pedir a coroa?
O Bobo jogou uma das espadas como uma flecha, fazendo um profundo corte no braço de Sarah que segurava sua espada, fazendo-a soltar.
A rainha nem pode ver direito, mas o rei já vinha em seu encontro com a espada outra espada em mãos.
Houve um choque. Espada contra escudo.
-- Você sabe que essa coroa é minha! – Gritou Sarah segurando o escudo enquanto seu braço sangrava.
Tyrus apenas ria.
-- Você luta como seu pai! – Ele então disse.
Sarah lembrou-se de seu pai, lembrou-se de Jensen e suas palavras e finalmente lembrou-se da força de vontade das amazonas. A rainha jogou seu corpo para trás, derrubando o escudo no chão, que fora derrubado junto com Tyrus e sua espada.
A rainha correu até sua espada colorida e apontou para o rei.
-- Você fica linda empunhando a Espada Arco-Íris. – Disse o rei. – Quem sabe um dia você descubra a magia nela... Mas não hoje... – O Bobo pegou o escudo embaixo dele e lançou como bumerangue na rainha atingindo-a em cheio.
Tudo escuro.

...
Sarah abriu os seus belos olhos azuis. Estava em seu quarto. Tinha tudo sido um sonho?
Pensou que sim, até que viu o largo sorriso de Tyrus, seu marido e rei.
A mulher o olhou por alguns segundos até que disse:
-- Irei para o calabouço?
Tyrus fez uma expressão afetada de surpresa.
-- É óbvio que não, minha querida.
-- Mas eu invadi o castelo, levante uma espada contra você, o rei...
-- Você apenas teve a atitude de uma verdadeira rainha. – O Bobo tirou seu chapéu, embaixo dele, sobre o cabelo castanho, uma coroa, que entregara para Sarah.
A mesma fitou a coroa por alguns segundos, olhou para os olhos de Tyrus que estavam apertados por conta de seu grande sorriso. Seria verdade mesmo? Ele não iria lhe trair? Sarah perdeu uma batalha, mas estava viva e não tinha mais nada a perder.
-- Prometi a seu pai que um dia seria uma rainha e aí está... – Tyrus sorriu mais.
A mão de Sarah foi lentamente em direção a coroa, mas desviou para o chapéu do bobo. Ela colocou o chapéu na cabeça e deu um pequeno sorriso.

-- Que essa seja a minha coroa. – Disse.
Tyrus levantou-se e caminhou para sair do quarto.
-- Aonde vai? – Perguntou Sarah.
-- Não sou mais rei, não tenho o que fazer aqui.
Houve um breve silencio até que Sarah disse:
-- Toda rainha precisa de um bobo...
Tyrus voltou-e a ela, sorriu e disse: -- Sim, majestade.
Naquele mesmo dia houve uma celebração. Toda Shufu se encontrou na frente do Castelo do Bobo e houve uma coroação para Sarah novamente, agora como rainha única.
No meio dos cidadãos de Shufu, as amazonas. Assim que coroada rainha, Sarah via as guerreiras indo em direção à saída da cidade.
A rainha apressou-se, pegou um cavalo e parou na frente do grupo antes do mesmo sair da cidade.
-- Vocês vão? – Gritou a rainha ainda no eqüino.
-- Você se tornou uma rainha... A rainha de Drimlaê... – Layllian sorriu para Sarah. – Uma coroa maior que a minha. O sonho foi cumprido... Estamos satisfeitas, sabemos que irá reinar com sabedoria...
Até mesmo Sam fez um sinal de positivo com a cabeça.
-- Irei sempre me lembrar de vocês... – Disse Sarah. – Sou muito grata, a todas. Obrigada!
-- Todas nós também lembraremos... – Disse Joy.
E assim as amazonas partiram para sua aldeia.
Feliz e cheia de esperanças pela frente, Sarah foi ao castelo novamente, seguiu até seu quarto, pegou seu diário, abriu na pagino do dia que saiu do castelo e leu:
-- “Esse foi o dia que eu deixei de ser apenas uma rainha e me tornei uma guerreira.”
Sarah riscou a palavra ‘guerreira’, olhar para o colar que Jensen lhe deu e escreveu outra palavra em cima da riscada:
-- “Esse foi o dia que eu deixei de ser apenas uma rainha e me tornei uma MULHER.”

sexta-feira, 8 de março de 2013

Sarah - Capítulo 9 - Entrando no castelo


As amazonas e os guerreiros da guarda de Shufu marcharam todo o caminho até o Castelo do Bobo, não eram tão disciplinados quanto os soldados de Tyrus, mas tinham amor à Sarah e isso era suficiente.
Em frente, Sam, Joy, Layllian e Sarah, preocupada.
Primeiro porque não era uma guerreira total ainda, tinha o talento para isso, talvez vindo de seu pai, mas não era forte suficiente para derrotar seus próprios soldados no castelo. Segundo porque não queria lutar, não queria derramamento de sangue.
O céu estava escurecendo, não por causa da noite, mas uma forte chuva se formava sobre suas cabeças. As casas já estavam fechadas e as ruas vazias, quando uma pequena vendedora de maças, correndo para se proteger dos pingos, nota o pequeno batalhão e ao ver a rainha, grita seu nome.
Mesmo entre os pingos caindo as janelas pouco a pouco foram se abrindo.

-- É a rainha! Rainha Sarah está de volta! --  As pessoas gritavam e mais janelas abriam-se, para ver a amada mulher.
Cada grito, cada boas-vindas davam mais esperança para Sarah. Ela precisou mesmo ter sido seqüestrada, precisou perder um conhecido para se tocar que ela tinha muito que fazer em sua posição, e ela pensava nisso olhando cada rosto alegre por vê-la, cada rosto de seus súditos trabalhadores e felizes.
Os tempos parados acabaram.
O batalhão chegou à porta do Castelo do Bobo. Havia dois guardas em cada lado do imenso portão principal, os mesmos com resistentes armaduras e grandes escudos, que cobriam todo seu corpo, em mãos.

Sarah se aproximou.
-- Sou Sarah, a rainha de Drimlaê, permitam-me passagem para dentro do castelo! –
-- Tyrus proibiu sua entrada, Vossa Majestade! – Falou um dos guardas por detrás dos grandes escudos. Embora fossem leais ao rei, seus rostos mostravam seu amor pela rainha. – Ele disse que você só entrará se chegar lá... À força! – Os dois guardas se colocaram em posição de defesa.
-- Temos muitos mais soldados aqui! – Gritou Layllian e apontando para frente, o batalhão de soldados avançou para os dois guardas, haviam recebido armas fracas, porem eram muitos, o suficiente para deixar os guardas ocupados enquanto as amazonas entravam no castelo.
Assim que entraram viram o local silencioso. As portas foram fechadas e arqueiros apareceram nas escadas e por detrás das colunas. Houve de imediato uma chuva de flechas. Uma dessas flechas voou em direção à Sarah, ela pôde ver a ponta vinda para cima de si, tentou levantar seu escudo, ou mesmo sua espada colorida, mas não conseguiu a tempo.

Houve o som da flecha entrando em carne, Layllian virou junto à Joy que curava uma companheira.
Na frente de Sarah um braço musculoso sangrava. Sam recebeu a flecha pela outra.
-- Sam... – Sarah gritou.
A outra mulher sorriu e apontou para um corredor livre, mostrando que estava tudo bem e Sarah podia seguir.
A rainha tentou falar algo, mas houve mais uma chuva de flechas que derrubava muitas amazonas.
Sam empurrou a outra, que foi para o corredor vazio. Quando Sarah olhou para trás, Sam tirava a flecha de seu braço com a mão e corria pela escada, derrubando um arqueiro.
Saram correu.
...
Os corredores pareciam maiores, desconhecidos. A rainha ouviu um trovão do lado de fora e continuou correndo, iria para a sala do trono.
Assim que chegou próxima à sala viu uma pequena silhueta no escuro, a medida que se aproximava a silhueta parecia crescer.
Outro trovão, e um relâmpago iluminou a sala, mostrando a silhueta.
O grande minotauro rugiu alto.

Sarah se assustou. Estava mesmo preparada para isso? Se não estava iria morrer ali, agora.
O minotauro arrastou o pé no chão, três vezes e correu para cima de Sarah.
A rainha colocou o escudo na frente, mas lembrou da luta com Sam em que era melhor desviar do que suportar o peso. Assim fez. A mulher jogou-se para o lado e o monstro bateu em uma coluna.
Outro relâmpago e minotauro mugindo alto, apontou seus chifres para a rainha e correu mais uma vez em sua direção.
Sarah correu para a sala do trono, os grandes portões de madeira e ouro estavam trancados.
A mulher não sabia o que fazer, estava na frente do portão trancado, com o grande minotauro vindo em sua direção.

O monstro aproximava-se, Sarah, por impulso jogou-se para o lado mais uma vez.
Os chifres do grande touro racharam o portão ao meio, destruindo-o. Do outro lado, sentado de cabeça para baixo no encosto de seu trono, estava Tyrus.
-- Sarah! Minha rainha! – Ele gritou, sorridente.
Continua...

sexta-feira, 1 de março de 2013

Sarah - Capítulo 8 - Atitudes


Sarah ouviu histórias tristes naquela aldeia, histórias carregadas de lágrimas e marcadas por sofrimento.
Chega a um ponto insuportável, um ponto onde um humano não agüenta mais. Sarah chegara a esse ponto, mas não estava triste, pelo ao contrário, se sentia feliz, se sentia humana.
-- O que você tem na cabeça? – Gritava Layllian.
Sam encostada-se ao canto da tenda ouvia tudo de olhos fechados enquanto Joy curava as feridas de Sarah que ouvia a bronca com um pequeno sorriso nos lábios.

-- Você poderia ter morrido! – Continuava Layllian. – Isso é muita irresponsabilidade!
Houve um breve silencio até que Sarah levantou-se e olhando nos olhos de Layllian disse:
-- Eu o derrotei, Lay! Derrotei o slumtrer-rei... Sozinha!
-- E iria morrer sozinha também! – Gritou a outra.
-- Mas Layllian... – Joy curou um ultimo ferimento e levantou-se. – Ela está viva, isso é uma vitória, não é? Talvez ela já esteja preparada.
-- Me diz Sarah! Como você conseguiu sair sozinha?
Sarah olhou para as três mulheres na sala e mais uma vez sorriu:
-- Pensei em todas vocês... Isso me deu forças.
Sam, Layllian e Joy coraram ao mesmo tempo.
Houve mais silencio, até que Sarah aproximou-se de sua espada, a pegou e caminhou para Layllian, colocando a mão em seu ombro disse:
-- Eu serei a rainha.
Layllian concordou com a cabeça.
-- Todas aqui sabem disse, Sarah. – Disse a amazona. – Minha coroa será sua...
-- Eu serei rainha... – Repetiu Sarah. --... De Drimlaê!
As três amazonas a olharam, surpresas.
-- Quero mudar a situação do continente, e para isso vou tomar a coroa de Tyrus.
-- Uma coroa maior... – Disse Joy mais para si mesma.

-- Pode contar com todas nós... – Disse Layllian a abraçando, seguida de Joy. Sam continuou em seu canto em silencio.
-- Vamos invadir o castelo, eu mesma tomarei a coroa. – Disse Sarah.
Layllian a olhou profundamente. Como estava diferente... Havia mudado para melhor.
Talvez Sarah tenha aprendido a ser livre pelo convívio com as outras mulheres livres, mas o que Layllian acreditava mesmo era que Sarah sempre teve uma guerreira dentro de si, só faltava um pequeno empurrão.
Joy, Layllian e Sarah saíram da tenda para contar as novas para todas as amazonas e juntar um pequeno exército.
Sam ficou na tenda, e vendo um pouco da areia cinza que guardara, sorriu.
...
Muitas das amazonas concordaram em se juntar ao grupo que invadiria o castelo. Grande parte se juntou pela emoção da batalha, enquanto a outra parte via a queda de Tyrus como algo bom, já que em seu lugar ficaria uma mulher.
As amazonas conversavam, animadas em frente à uma espécie de palco onde outrora era usada para festas, até que Layllian subira no mesmo e logo houve silencio.
-- Vamos mudar a história de Drimlaê hoje! – Ela gritou e as outras a seguiram em som. – Vamos derrubar a maior autoridade masculina e colocar uma de nós no lugar.

Sarah subiu o palco acompanhada de Joy.
A rainha usava uma armadura dada por Layllian, uma armadura amazona, que lhe dava um ar autoritário e poderoso.
Houve mais silencio.
-- Obrigada, todas que estão aqui. – Sarah começou. – Pretendo mudar suas vidas... – Ela sorriu. --... Como vocês mudaram a minha.
Houve palmas, gritos e armas levantadas.
-- O castelo do Bobo não está preparado para um ataque essa noite. – Disse Layllian para Sarah em meio ao grande som.
-- O castelo SEMPRE está preparado, Layllian. – Respondeu Sarah.
-- Então como faremos? – Perguntou Joy.
Sarah colocou a mão no colar de Jensen que estava sempre em seu pescoço.
-- Liberem meus homens e eu tenho uma ideia. – Ela disse.
...
As grades do calabouço foram abertas. Os soldados da guarda real de Shufu estavam soltos, muitos deles fracos e cansados, torturados para contar segredo ou usados com reprodutores, mas a visão de Sarah se aproximando fora o suficiente para dar força a todos eles.

-- Rainha Sarah! Princesa! – Eles gritavam.
-- Ouçam! – Ela quase gritou, e todos ficaram em silencio. – Vamos invadir o Castelo do Bobo e precisamos de vocês. – Sarah fora direta no assunto e os soldados primeiramente se assustaram com aquela nova rainha, mas era Sarah afinal, e nenhum deles, fosse por amor, fosse por honra, desobedeceriam a suas ordens.
Aqueles homens, mesmo fracos ergueram seus braços e gritaram.
Continua...