sábado, 31 de março de 2012

Amor e Honra - Parte 8 - Acordando

-- Por Liaavel! Estou vivo! – Gritava o homem que caíra daquela árvore, totalmente sujo de seiva levantando-se com a ajuda de Layla.
-- Senhor o que houve? Quem é você? O que fazia dentro da árvore?
Ele começou a tocar o rosto de Layla, admirado:
-- Os pesadelos... Acabaram? – Ele dizia impressionado, levantando-se.
Assim que ele se põe de pé novamente, caminha devagar até outra árvore. Assim como Layla ele tira a casca do troco e outro homem cai no chão, também sujo de seiva.
A meio-elfa estava calada, observando quando o primeiro senhor que saiu da árvore, levantando o amigo virou-se para ela e falou:
-- Vamos menina, nos ajude a salvar meu povo! – Ele já estava tirando a casca de outra árvore, derrubando agora uma jovem donzela.

...
O céu estava escuro no sonho de Hanami, ela pensava em desistir, viver ali para sempre. A katana estava quase solta de sua mão quando foi ouvido um som. Era o som de árvores caindo, troncos rachando no meio, e como se algo quebrasse as nuvens como vidro sobre suas cabeças, feixes de luz cobriam alguns pontos da praia novamente.
-- O que é isso? – Falava Hanami segurando forte sua katana novamente.
Sua sósia também olhava para o céu, mas sua expressão não era de curiosidade, mas sim de desespero.

...
-- Senhor Tsubasa... – Dizia Layla já com intimidade enquanto ajudava o senhor a abrir uma grande árvore. --... O que houve aqui? Porque vocês estavam presos nas árvores?
-- Não sei meio-elfa, não sei mesmo. Um dia, éramos um pequeno e feliz vilarejo e no outro estávamos todos presos... Em pesadelos... – Ele fechava os olhos se lembrando de coisas que só ele sabia. – Primeiro esse monstro nos desespera, depois oferece auxilio e conforto e quando aceitamos, ele volta a nos desesperar mais forte ainda... Ele se alimenta de nossos medos... – Terminando de falar, ambos puxam a casca da grande árvore e uma senhora grande como a arvore cai em meio à seiva.
Ao fundo o robô também ajudava, abrindo pequenos troncos e libertando crianças...

...
O céu no sonho de Hanami ficava mais e mais claro, a areia parecia estar derretendo, as arvores morrendo e o mar indo embora. Hanami olhava tudo ao redor quando um feixe de luz cobriu a sua sósia, fazendo-a impossível de ser vista.
Ouviu-se um urro fino e ensurdecedor, tão forte que Hanami precisou cobrir seus ouvidos.
Os olhos de Hanami que estavam fechados pela força da luz se abriam lentamente se acostumando com a claridade. Assim que seus olhos se abriram totalmente, viu uma coluna de luz onde antes estava sua sósia.
Do meio da coluna uma criatura, em alta velocidade, correu para cima de Hanami. A criatura era horrenda, tinha uma face cadavérica...
... Era a real changeling.

...
Havia muitas pessoas na floresta agora, as arvores voltavam a se fechar como se nunca tivessem sido rasgadas. Algumas pessoas riam felizes por estarem livres dos pesadelos, outras choravam por ainda se lembrar de cada cena ruim, mesmo os mais felizes iriam sempre viver com a marca do medo em seus corações.
Layla ainda chorava preocupada com Hanami, a única que ainda estava presa na arvore. A samurai estava quase que completamente coberta de madeira, só sua mão esquerda ainda estava para fora, e apenas metade.
-- Hamami! Por favor! Porque nós não conseguimos rasgar a madeira da arvore tão facilmente? – Gritava a meio-elfa tocando a mão da amiga enquanto olhava para Tsubasa.
O senhor levemente colocou a mão no ombro da mulher:
-- O monstro está aí... Ele não vai deixá-la tão fácil...
Layla apenas olhava preocupada para a amiga.

...
O changeling urrava a centímetros do rosto da guerreira, sobre ela. Com as pernas, Hanami empurra o monstro pela barriga e logo após, correndo com sua katana para o lado oposto, se prepara para atacar.
O monstro corre para cima de Hanami, pronta para morde-lhe, mas a garota usa a espada para parar-lhe.
O changeling fora atingido no meio da boca, mas segurou a espada com os grandes dentes, caso ao contrario, a lâmina iria cortar sua cabeça ao meio.
Hanami fazia força com a espada, empurrando seu corpo ainda na tentativa de cortar a bocarra do monstro, mas o changeling segurava a espada com muita força também.
A samurai suava, estava fazendo muita força, uma hora ela não iria agüentar, por isso em um movimento desesperado colocou toda sua força em uma perna, jogando seu corpo para cima do monstro, iria matá-lo agora.
A guerreira foi com força, o monstro também. Quando para a surpresa de Hanami...
... a espada quebrou ao meio...
Foi pedaços de espada para todos as direções, a expressão no rosto de Hanami era de grande surpresa, enquanto o monstro na sua frente parecia se alegrar com isso.
A criatura, com a garra, empurra Hanami que cai a uma grande distancia. A mulher começa a levantar, mexendo em sua roupa, quando a criatura corre para cima dela. Num rápido movimento o monstro pula sobre ela, faminta.
Tudo parou.
O changeling estava com o rosto a centímetros ao rosto de Hanami. O monstro sorria, enquanto a expressão da guerreira era de medo, mas no segundo seguinte houve uma inversão. Hanami sorria e o changeling a olhava assustada.
-- Um samurai não depende apenas da katana. – Disse Hanami.
O changeling abaixou o que seria seu rosto, depois olhou para a samurai, ela ainda queria atacar a mulher.
Só o que Hanami fez foi tirar sua wakizaki que estava cravada no peito da criatura. O changeling urrou e uma forte luz iluminou todo local...

...
Layla chorava na frente do corpo da amiga, que segundo ela já estava morta.
As pessoas que foram libertas, assim com o pequeno robô olhavam cabisbaixos para a dor da meio-elfa.
Para a surpresa de todos a arvore alimentada pelo corpo de Hanami começa a rachar, de dentro dela, sai uma forte luz e logo em seguida a arvores se torna milhões de pedaços e na frente de Layla cai Hanami, suja de seiva. A sacerdotisa logo ajuda a amiga a se levantar.
-- Hanami! – Ela diz. – Você está bem?
A guerreira olhou para a árvore toda rachada, lá estavam sua wakizaki e sua katana, em perfeitas condições. Com a mão a mulher faz um sinal de positivo e com um sorriso, ainda fraco no rosto, diz:
-- Superei meus medos...
Layla sorri, seguida dos gritos alegres das pessoas que assistiam...

domingo, 25 de março de 2012

Amor e Honra - Parte 7 - Caos dos sonhos

Os aços das laminas das guerreiras se chocavam, algumas faíscas voavam pela força que ambas colocavam nos ataques.

...
Layla balançava Hanami enquanto gritava seu nome, mas nada a acordava, o que desesperava a meio-elfa mais ainda. Na frente de Hanami o pequeno robô flutuava, seus olhos piscavam em uma coloração avermelhada, enquanto repetia:
-- Changeling! Changeling!
Layla olha para o robô e se aproximo pegando-o com as mãos:
--- O que é você? E o que é isso que você está falando há horas? O que é Changeling?
Na hora em que Layla pergunta da cabeça do robô uma luz sai, e da luz se faz um telão no ar. O telão mostrava uma imagem, era a senhora Masamita sentada em uma cadeira simples de madeira, ela olhava para frente:
-- ‘Tá filmando? – Ela perguntava ajeitando os óculos e se aproximando do que seria a ‘câmera’ movendo ela. – Sim, está filmando... – Ela volta para sua cadeira e sua expressão agora é séria:
-- Changelings... – Ela faz uma pausa e a imagem no telão escurece se tornando um jogo de cores dançantes enquanto a voz da senhora Masamita ainda soa ao fundo.

 -- Quando Tyali, o deus do poder criou os humanos, os deuses logo se apaixonaram por eles, porque eles eram diferentes de tudo já criado, eles tinham algo que nenhum ser ainda tinha naquela época... Eles tinham ambições, eles tinham sonhos... – Na tela havia a imagem de Tyali, um mendigo com uma bela coroa de ouro em sua cabeça e no fundo, um grande monstro apareceu assustando Layla levemente. – Mas Kalah, deus dos monstros e do caos não gostou dos humanos, pois eles roubaram o mundo de seus filhos, acabando assim a Era de Kalah...  – A imagem mudava novamente, agora no telão havia pessoas mortas, devastação e tragédia.


 – A primeira tentativa de Kalah em destruir os humanos foi à típica estratégia do deus da destruição, matar sem pena. Mas mesmo assim nós sobrevivemos por isso Kalah mostrou mais uma vez que o caos é algo inesperado, e enquanto todos imaginavam que ele continuaria com sua destruição desenfreada ele simplesmente atacou os humanos de uma forma que ninguém esperaria, atingindo o que eles tinham de mais poderoso, sua ambição, seus sonhos. E com uma pitada de loucura, Kalah criou os changelings, os pesadelos vivos.
A tela apagou e quando voltou à senhora Masamita ainda estava sentada na mesma cadeira, mas com uma pilha de papeis na mão. Ela ajeitou os óculos, folheou aquele grupo de páginas avulsas e tirou uma de seu meio, mostrando para a ‘câmera’. Na folha havia um desenho e Layla reconheceu aquele desenho, era o monstro que ela viu em seus sonhos, a criatura cadavérica em que a fada havia se tornado.

...
A falsa Hanami já estava cansada de lutar, as espadas se chocavam muitas vezes. A real Hanami mirava o peito de sua sósia, queria acertar seu coração, mas a outra era rápida com a katana também.
-- O que você quer de mim? – Gritava Hanami fazendo um corte diagonal, por pouco não atingiu o ombro de sua inimiga, pois a mesma se esquivou jogando o corpo para trás num mortal.
-- Quero apenas ajudar... Esqueça seus problemas e fique aqui comigo... Sonhe... – Ela sorriu mas seus sorriso era sombrio e interesseiro.
-- Terá que me matar... – Hanami correu com sua katana em mãos para cima da outra, que segurava sua arma também, mas em posição de defesa.

...
-- Essa é a imagem de um changeling... -- Continuou à senhora Masamita. – Ela foi desenhada por  um amigo meu...  Um aventureiro que sobreviveu de uma criatura dessas... – Sua expressão ficou triste. – Que Liaavel o tenha... Por causa da loucura que é viver em um mundo de pesadelos o próprio acabou se matando... – Fez um breve silencio e assim que sua expressão voltou ao normal ela se aproximou da câmera. – Changelings se alimentam de pesadelos, de medo, ao encontrar um, a pessoa tem que ser muito forte, não pensar em seus medos... Ou fica presa em um mundo de sonhos no qual a criatura fica se alimentando, quanto mais vitimas, mais forte é esse monstro... Não esquecer isso...
A tela ficou escura novamente e desligou.

Layla fitou o pequeno robô, impressionada.
-- A senhora Masamita sabia que pegaríamos o caminho mais curto, por isso enviou você... Eu sou grata por isso... – A meio-elfa sorriu para o robô e logo em seguida virou-se para Hanami que ainda estava deitada. Ela correu até a amiga e balançando-a gritava:
-- ACORDA HANAMI, ACORDA...!
...
Sua sósia corria em alta velocidade para cima da verdadeira e com um forte impulso em seu punho faz um corte vertical pronto para rachar a cabeça de sua inimiga, mas agora é Hanami que é mais rápida esquivando-se, deixando a katana de sua sósia bater no que deveria ser o chão, já que tudo está coberto por trevas. Hanami pôde ver as faíscas da katana inimiga enquanto se apóia em sua própria arma, respirando profundamente, cansada.
-- Essa é sua escolha... Continuar toda eternidade lutando comigo ou apenas descansar e sonhar...
Todas as trevas ao redor das duas se tornam uma bela paisagem, era uma vívida praia e Hanami estava à beira-mar, enquanto o vento tocava seus cabelos, o mar tocava seus pés e por um segundo ela pensou que seria melhor ficar ali...

...
-- Hanami! Acorda Hanami! – Layla ainda balançava a amiga.
A arvores atrás de Hanami começou a devagar se mover, era como se estivesse viva, se abrindo ao redor da samurai como se quisesse engoli-la. Alguns pedaços de madeira começaram a cobrir o ombro de Hanami.
Layla, assustada se afastou para trás: -- O que é isso? – Ela gritava enquanto o robô rodeava Hanami gritando: -- Perigo! Perigo!
...
 Hanami se abaixou e tocou na água do mar, era tão suave, tão confortável. Ela olhou ao redor e pensou consigo mesma ‘quem não gostaria de viver naquele local para sempre?
-- Eu não quero te machucar... – Dizia sua sósia soltando a katana, que caiu na areia fofa da praia e se aproximando da verdadeira. – Você se prendeu demais em honras inúteis, não perca sua vida tentando provar que pode ser uma boa samurai... Esqueça isso... Esqueça tudo...

O pensamento na cabeça de Hanami era cada vez mais forte sobre ficar naquele local, sobre esquecer seus problemas.
A samurai finalmente decidiu-se, enquanto fitava o local e sua sósia, realmente pensou em ficar, então lentamente, enquanto ainda terminava sua decisão começou a soltar sua katana.
...
Na realidade, a árvore começava a cobrir quase totalmente seu corpo, Layla estava desesperada, chorava e balançava o que restava de sua amiga. A sacerdotisa olhava para o robô em meio a lágrimas, ele também não sabia o que fazer. Layla levantou-se, começou a correr entre as árvores, procurando por socorro, seus gritos eram altos mas ali perto não havia ninguém que pudesse ouvir.

...
A mão de Hanami estava próxima de soltar sua katana. O olhar de sua sósia era sombrio e sorridente, como se estivesse próxima a vencer uma batalha. Os céus pareciam escurecer atrás de Hanami sem que ela notasse.

...
Layla estava cansada de gritar. Não havia ninguém ali para ajudar e em lágrimas encostou-se em uma árvore para ver os últimos suspiros de vida de sua amiga.
Para sua surpresa, a árvore parecia respirar. Layla encostou suas orelhas semi-pontudas no tronco e ela realmente respirava... E roncava!
A meio-elfa encostou a mão na árvore e ela parecia oca. Ela puxou um pouco seu tronco e ela abriu, deixando cair um senhor solaseliano de idade em meio a muita seiva. Layla se ajoelhou para ajuda e logo viu que o senhor ainda estava vivo, estava em perfeita condição. Ele abria os olhos de um longo sono...

domingo, 18 de março de 2012

Amor e Honra - Parte 6 - Sonhos de uma guerreira

Um clarão tomou todo local, quase cegando Layla e a criatura que se encontrava na sua frente.
--- Perigo! Perigo! --- Gritava aquela voz robótica, seguida de um urro fino e assustador.
Layla devagar abre seus olhos e toma um forte susto, na sua frente aquela que antes estava na forma de uma bela fada agora era uma forma assustadora, cadavérica. Essa forma grotesca gritava na frente da meio-elfa, ela estava pronta para atacar, quando na frente da mesma uma pequena criatura de ferro, flutuando, empurra o monstro para trás.
--- Changeling! Perigo! --- um pequeno robô da mesma coloração da esfera de ferro gritava em sua voz metalizada jogando seu corpo sobre o cadáver vivo.

O monstro começa a bater no ar tentando derrubar o robô que flutuava ao seu redor.
Layla ainda chorava no chão quando o pequeno robô lança um missel sobre o monstro à sua frente. O missel era uma versão muito menor ao do robô da senhora Masamita. Assim que o missel atingiu o rosto da criatura, tudo ao redor deles se torna branco e logo em seguida Layla e o pequeno robô se viam novamente na floresta, ela encostada à árvore e ele em seu colo, no lugar da esfera de ferro.
A meio-elfa respira profundamente soltando o ar num susto.
-- Foi tudo um sonho! Tudo um sonho! – Ela repetia consigo mesma. Seu rosto ainda estava coberto de lágrimas e quando olhou em seu colo viu o robô. Sua surpresa fora grande, não por ver o robô, mas por ter certeza de que aquilo não foi apenas um sonho.
--- Hanami! --- Ela gritou virando-se para a amiga que, encostada na árvore ao seu lado ainda estava adormecida.

...

Hanami abria os olhos, se via em seu quarto. Aquela decoração solaseliana era impossível de não ser reconhecida. Os katakanas que simbolizavam a palavra “honra” enfeitavam as paredes junto com desenhos de katanas.

A samurai levantou-se.
Sua katana e wakizaki estavam em mãos, mas sua mente estava confusa. Havia dormido após a cerimônia de formatura na escola de samurais? Tudo que ela passara ate agora fora um sonho? Layla que andara com ela nos últimos dias também não existia? Ela nunca teve tanta imaginação assim...
A mulher se levantou calmamente, colocando suas armas nas costas e andando pelo corredor, ia procurar alguma coisa para comer, mas da sala principal ouviu alguns sons, eram pessoas falando e podiam-se ouvir algumas chorando. Hanami caminhou até de onde vinha o som e assim que chegou ao meio da sala, um susto. Pessoas estavam rodeadas em um caixão, algumas choravam, outras ficavam apenas em silencio, mas todas eram conhecidas, parentes ou amigos. Hanami caminhou até o caixão, queria saber quem estava lá, para sua surpresa o rosto em meio às flores era mais conhecido do que ela imaginava, era o rosto de seu pai.

-- Liaavel! – Foi só o que ela disse enquanto caminhava para trás, assustada.
-- Sinto muito, querida! – Disse uma gorda senhora tentando acalmar a guerreira.
O choque fora muito grande, na mente de Hanami só havia Daisuke, precisava falar com ele, só choraria se fossem em seus braços. A mulher saiu correndo pela porta da frente, de olhos vermelhos, segurando veementemente qualquer lagrima que pudesse derramar.

Suas pernas foram rápidas em direção à casa do homem. Daisuke se encontrava na porta. Só a visão daquele belo homem era o suficiente para acalmar o coração de Hanami. Assim que ele a viu, sua expressão não fora a de felicidade costumeira, pelo ao contrario, havia o mesmo nojo, o mesmo preconceito que havia no olhar das pessoas naquela cidade sobre ela.
Seu desespero era maior ainda, em seu coração uma dor nunca sentida.
--- Daisuke! --- Ela gritou se aproximando do homem, assim que chegou perto dele, uma surpresa maior ainda... Ele virou o rosto, estava saindo, deixando-a sozinha.
-- Daisuke, eu chamei você... – Hanami disse tocando no braço do samurai.
O braço fora puxado, fazendo a mão de Hanami soltá-lo.
-- Me largue mulher impura. – Ele disse, e seus olhos foram frios sobre a mulher.
-- Da... Daisuke... – A samurai gaguejou nervosa e confusa. O que ela havia feito para ele?
Tudo ao seu redor ficou negro.

-- Tanto desespero e você não soltou uma só lagrima? Você é realmente bem mais forte que sua amiguinha... – Disse uma voz por dentro do escuro que o local se tornara.
--- Quem está aí? --- Hanami logo gritou com sua katana em mãos. Seu rosto ainda estava limpo, realmente não havia uma única lagrima, ela era uma mulher realmente forte.
-- Mas não sei se você terá a mesma sorte dela... Afinal, não vejo nenhuma máquina com você...
--- Mostre sua face desonrada... Irá me atacar da escuridão? --- Gritava Hanami procurando de todos os lugares a origem da voz.
Houve um sorriso e Hanami notou que a voz daquele que estava nas sombras mudava, se tornava uma voz agora conhecida... Era a sua própria voz!
-- Quer ver minha face desonrada? – Do meio das sombras ouviram-se passos, eles se aproximavam de Hanami. Primeiro uma imagem turva, depois cores formavam alguém. -- Veja minha face desonrada... – Disse aquela na sua frente. Havia duas 'Hanamis' naquele momento, naquele lugar, embora fosse inexplicável.

 -- Quem é você? – Hanami perguntava mais confusa ainda.
-- O que você acha da minha face desonrada? Da face de uma mulher guerreira que quebra tradições de um continente inteiro simplesmente por que quer chamar atenção...
-- Como ousa sujar meu rosto, criatura dos infernos? – Hanami segurava sua katana, pronta para atacar. – Se você realmente sou eu, sabe por que virei samurai, sabe que há amor nisso e não necessidade de atenção...
-- Amor? Esse seu amor é na verdade um pesadelo... Tenho certeza, porque se não fosse eu não estaria aqui... Você não aceita o que você é... E chama isso de amor?
Hanami pareceu confusa. Ela havia realmente tornado seu sonho num pesadelo? Só de lembrar as expressões que as pessoas daquela cidade faziam...
A samurai caiu com um joelho no chão se apoiando na sua arma.

-- Eu preciso aceitar o que eu sou... Pai... Daisuke... Vocês me deram força... Eu não posso desistir...
A sua sósia se aproximava enquanto a verdadeira estava de cabeça baixa...
-- Fique comigo... Aqui ninguém nunca vai lhe julgar... Será um mundo de sonhos eterno e você será feliz... Para sempre...
Houve alguns segundos de silencio até que aquela que estava abaixada falou:
-- Ser uma mulher samurai é realmente muito difícil... – Ela levantou a cabeça e em seus olhos haviam raiva e orgulho. --... Mas ninguém se torna lenda facilmente. – Hanami pulara sobre a sua contraparte e ouviu-se o som de ferro contra ferro enquanto suas katanas se chocavam...


domingo, 11 de março de 2012

Amor e Honra - Parte 5 - Sonhos de uma noiva

Havia um tronco caído. Nele havia desenhos e palavras numa caligrafia mal feita e infantil.
Esses nomes e desenhos simbolizavam o descobrimento de um primeiro amor.
Sentados sobre o tronco estavam um casal de crianças, um humano e uma meio-elfa, aparentavam mais ou menos 10 anos cada uma. Eles sorriam enquanto olhavam o pôr-do-sol que ao longe pintava o céu de uma coloração rosada.

-- É bonito, né? – Dizia o menino olhando o sol de uma forma curiosa e inspirada. O garoto era muito bonito, de pele bem branca contrastando com a cor escura de seu cabelo. Seus olhos eram de um azul forte que ao longe se podia dizer que era preto. Os olhos daquela criança eram brilhantes fitando as cores que dançavam em sua cabeça, como um verdadeiro crítico de pintura ao ver uma pintura perfeita.
-- É lindo... – A garotinha respondeu admirada com o céu, era uma pequena meio-elfa de cabelos azuis e olhos rosados. Seus olhinhos eram travessos e felizes, mas sua expressão era mais infantil olhando o céu, como se aquilo fosse apenas bonito e nada mais, não tinha a mesma visão de seu companheiro.
A pequena mão do garoto passou delicadamente por sobre o tronco, ele podia sentir cada desenho, cada palavra mal escrita naquele pedaço de madeira, mas para ambos aqueles símbolos eram perfeitos. Quando a mão dele tocou na dela.
Eles continuaram fitando os céus, mas seus rostos eram vermelhos naquele momento e a garota apertou sua mão contra a dele como resposta.
Ele se aproximou do ombro dela e encostou sua pequena cabeça nele, ainda fitando os céus.
-- Quando crescermos... Eu vou casar com você... – O garoto disse com o rosto virado para o pôr-do-sol, mas vendo sua pequena amada pelo canto dos olhos.
A meio-elfa virou-se para ele sorrindo e dando-lhe um abraço falou:
-- Serei sua noiva...

...
Um pouco distante de onde as crianças se encontravam havia um casal, ele um humano de cabelos pretos e uma barba um pouco grande, aparentando cansaço. Sentado numa mesa velha, numa cozinha pequena, numa cabana pobre, o homem olhava para os olhos de uma elfa de cabelos longos e loiro, que naquele momento estavam bagunçados e mal cuidados.
-- Precisamos de dinheiro... Está difícil pagar a comida, passaremos fome... Estamos doentes, precisamos de remédios... – Disse o homem colocando as mãos em suas têmporas, pensando em alguma coisa que poderia fazer.
A elfa colocou a mão delicadamente no braço do homem e disse:
-- Não se preocupe querido... – Ela pegou um saco e colocou sobre a mesa, quando o homem a abriu havia moedas de ouro, muitas delas.
-- Como você conseguiu esse dinheiro? – Perguntou o homem surpreso enquanto mordia uma das moedas, vendo que eram reais.

-- Lembra daquilo que falamos que faríamos na nossa última opção?
O homem largou a moeda no mesmo instante, que rolou na mesa e caiu no chão.
-- Não... Você não fez...
A elfa abaixou a cabeça e falou em meio à choramingos:
-- Sim... Prometi nossa filha em casamento para o bruxo da montanha...
E ambos começaram a chorar...


...
O caminho em que as mulheres tomaram era realmente o mais curto, ao longe se podia ver o grande colosso de Liaavel, uma grande estrutura onde são realizados os eventos em nome da deusa da batalha.
Layla fitava com seu par de olhos para a pequena esfera de ferro dada pela senhora Masamita.

-- O que será isso? – Ela perguntava olhando cada pedaço da esfera.
-- Não sei, mas se eu fosse você largava isso aí, do jeito que aquela velha era louca é capaz de isso ser uma bomba e destruir toda Gensõ...
Layla soltou um pequeno sorriso: -- Você é exagerada...
-- Apenas não confio...
Layla olhou bem para a companheira e falou:
-- Não entendo porque essa falta de confiança toda, você quase me matou ontem, sabia?
-- Você poderia ser uma maga, magos são criaturas das trevas, mesmo o que se faz de mais bondoso, é o que diz Liaavel...
Layla voltou a olhar para esfera, mas suas palavras ainda eram voltadas para a amiga:
-- Ah! A famosa guerra do Punho Arcano, né? Filhos de Liaavel odeiam os filhos de Therwin... Guerreiros Solaselianos odiando todos os místicos... Sabe? Não me dou bem com magos, mas também não os odeio...
-- Pois deveria... – Foi só o que Hanami falara, depois disso houve alguns minutos de silencio, silencio entre as duas mulheres, pois o caminho de terra onde elas andavam era barulhento. Havia pássaros sob sua cabeça e as árvores que fazia uma espécie de muro de seus lados balançavam-se, batendo uma na outra. Quanto mais elas andavam mais longe o Colosso de Liaavel parecia ficar.
Passaram-se aparentemente horas, Layla já não estava mais interessada na esfera de ferro e Hanami segurava suas duas armas também cansada.
-- Tem certeza que estamos indo pelo local certo? – Perguntou Layla tentando olhar para o mapa.
-- Claro que tenho... É o que diz aqui... – Disse Hanami levantando bem alto o mapa. – Mas parece que estamos, sei lá, andando em círculos...
-- Maagany! Que local longe... Seria mais fácil ter voltado a pé para casa... – Disse Layla sentando-se em uma arvore, ela estava sonolenta e muito cansada.
-- O pior é que eu também estou achando tão longe... – Assim que Hanami virou-se para Layla ela já dormia com a esfera de ferro em mãos.
Hanami pensou consigo mesma que não seria muito ruim descansar um pouco também, até ela estava cansada, então se sentando ao lado de Layla, na mesma árvore ela também dormiu ali mesmo.
Ao redor das mulheres um vento soprou delicadamente e as cores ao seu redor começaram a ficar turvas e embaraçadas, na mão de Layla uma luz vermelha começou a piscar na esfera, algo estava para acontecer...


...

Do que você tem medo?
Os olhos delicados da meio-elfa se abriram, e ela não estava mais naquela floresta. Em sua mão, a esfera de ferro e no seu corpo o mesmo vestido, mas o cenário não era mais o mesmo, mas era um cenário conhecido. Estava de volta em casa.
Aquelas paredes de madeira que pareciam que iam cair a qualquer momento estavam ali, era seu quarto, sua estante com livros de romance e fotos de bardos galãs do reinado estavam enfeitando aquela parede.

-- Eu voltei para casa? – Ela abriu uma porta que dava para uma escadaria, levantando a barra do vestido ela desce alegre por cada degrau. --- Pai! Mãe! Eu estou aqui!
Mas assim que chegou embaixo... Nada... Apenas uma casa vazia, móveis velhos e sujos de poeira, parecia que alguém há muito tempo não entrava ou movia alguma coisa ali. Layla se encostou a uma parede não podia acreditar que estava ali de novo, tentou lembrar-se da ultima coisa que viveu, estava na arvore, com Hanami...
Onde a outra mulher poderia estar?
A meio-elfa saiu correndo da casa, havia um grande gramado, seu vestido e seus cabelos voavam ao vento e ao longe se podia ver um tronco caído. No tronco havia uma pessoa sentada, mas não era Hanami, era um homem. Um belo rapaz de cabelos pretos. Nas costas, havia um grande símbolo desenhado em sua blusa, era uma nota musical com uma coloração roxa, ele era um sacerdote também, um sacerdote de Clawyn, deus da música e do amor.

--- Derek? --- Layla gritou assim que fitou aquelas costas.
O homem virou-se, era maravilhoso, aparentemente jovem, mas com um toque de responsabilidade no olhar.
--- Layla? Layla amor da minha vida, motivo da minha existência... --- Ele correu para os braços da meio-elfa e ela para os dele.
Mas algo aconteceu, um vento forte soprou no meio do casal, o céu que era de um azul tranqüilo se tornou negro e assustador, o forte vento arrancou a casa atrás de Layla, despedaçando-a.
Layla virou-se para a casa, viu ela destruída, mas antes mesmo de gritar alguma coisa, viu uma cena pior, atrás de Derek, um senhor usando um grande capuz de uma tonalidade esverdeada faz duas rochas rasgarem o gramado verde e esmagarem o sacerdote de Clawyn bem no meio, na frente de sua amada. Layla gritou o nome de Derek, foi só o que ela pode fazer, pois o corpo de seu amado já estava jazido no chão, esmagado pelas rochas e envolto pelo seu vermelho sangue. Os olhos da meio-elfa se encheram de lagrimas enquanto os lábios daquele que controla a terra se encheu com um sorriso.

-- Não adianta pequena flor da terra, você é minha, está prometida a mim... E por isso será minha... – Ele caminhou até Layla e ela estava em lagrimas pela cena que acabara de presenciar. O grande senhor de cabelos e barba brancos tocou seu queixo levantando o seu rosto e lhe dando um beijo.
No meio dos lábios saiu sangue, Layla mordera o homem e logo em seguida saíra correndo. O senhor gritava de dor e o cenário ao redor de Layla parecia mudar se tornando agora uma casa elegante e aparentemente muito cara, sentados em tronos de ouro estavam seus pais, eles sorriam para a mulher e ela corria para cima deles, queria lhes abraçar, mas assim que chegou perto de seu pai foi parada por sua mão.

-- Por favor, querida, não me toque, sabe como enojo o cheiro da plebe. – A voz de seu pai era afetada e metida, como se ele fosse melhor do que ela em tudo.
A sua mãe apenas virou o rosto para a filha: -- Agora saia daqui, já a vendemos, não precisamos de mais nada que venha de você...
Layla ficou desesperada, chorava mais ainda e todo o palácio ao seu redor desapareceu, ficando apenas escuridão, o único som que tinha ali era do piscar que a esfera de ferro ainda fazia, mas Layla não ouvia isso pelo som das suas lágrimas que eram mais altas. Ela não percebeu, mas alguma coisa corria ao redor dela, era um vulto de coloração acinzentada, trazia nas costas um par de asas parecidas com asas de libélula.

-- Porque choras criança? – A voz perguntou e seu tom era sombrio e frio, mas sedutor e até mesmo confortável.
Layla se levantou, olhou ao seu redor, mas não havia nada a não ser sombras.
-- Quem está aí? – Ela perguntou.
E o vulto se personificou na sua frente. Era uma donzela, uma linda fada. Por um momento Layla se sentiu bem, queria abraçar aquela na sua frente, queria chorar em seus braços, mas não tinha forças nem mesmo pra se levantar. Não entendia o que estava acontecendo, mas ser esnobada por seus pais e ver seu amado sendo morto na sua frente era demais para ela, para ela que viveu a vida tão tranqüila, longe do caos da cidade grande, longe da violência do mundo, agora estava passando por isso... Por quê? Por quê?
-- Eu posso lhe ajudar... – Disse a fada na sua frente estendendo a delicada mão.
Layla olhou para aquela mão na sua frente, pelo ao menos naquele momento alguém estava lhe ajudando, seus pais a traiu, seu amado não poderia ajudar, nem mesmo Hanami, que já tinha um local em seu coração por ser tão gentil não estava ali.
-- Só quero uma coisa em troca...
Layla olhou bem para aquela fada.
-- Continue sonhando que logo tudo irá melhorar...
Layla olhou para ela... era coisa simples de se pedir e que ela poderia fazer tranquilamente, desesperada a sacerdotisa levantou sua mão, estava para tocar a da outra, quando um som forte saiu da esfera de ferro.
--- PERIGO! PERIGO! --- Era uma voz fina, mas robótica, e da esfera uma grande luz explodiu no meio daquelas sombras, fazendo Layla e até mesmo a fada fechar os olhos...

domingo, 4 de março de 2012

Amor e Honra - Parte 4 - Monstro de ferro

A escola de samurais sempre fora um local para homens, isso os solaselianos sempre souberam. Por que isso se a deusa deles é uma mulher guerreira? Ninguém sabe ao certo, mas é um preconceito machista que sempre existiu e sempre existirá...
Hanami havia acabo de entrar naquela escola, sua expressão séria e fria escondia um coração nervoso, os olhares eram tamanhos para ela que a deixava sem graça, era tachada de impura embora não fosse. Não era proibido uma mulher ser samurai, mas o machismo da sociedade era forte sobre as que tentavam.
A garota andava por entre aqueles tatames de uma coloração avermelhada, mas calma. Trajava uma roupa que os iniciantes a samurais deveriam usar, embora roupa fosse masculina lhe caia bem e até lhe dava um ar feminino. A garota entrava numa sala, muitos homens e garotos estavam sentados conversando, quando a porta do tatame fora aberta, silêncio e todos fitavam a garota. De cabeça baixa a mesma caminhou até sua cadeira e ficou ali em silêncio até o professor entrar.
Assim que o sensei, modo de como se chama o professor em Solasel, adentrou o local, veio acompanhado por um homem, o mesmo também trajava as roupas de novato a samurai, também estava naquela sala.
-- Muito bom dia, futuros filhos de Liaavel, eu me chamo Ken Huruki e serei professor de vocês nos próximos anos, desejo boa sorte a todos. – O sensei fez uma pequena reverencia e quando levantou, seu olhar foi para Hanami, sua expressão era igual a todos os outros, nojo, no mínimo. O sensei se virou para o rapaz do seu lado e fez outra reverencia e o mandou procurar um local.
O rapaz andou por entre a sala, sendo seguido pelo olhar dos outros rapazes, mas eram olhares diferentes, olhares de admiração e de inveja. O homem sentou-se ao lado de Hanami. Por que ao lado dela? Por quê? Ainda tinham tantos lugares vagos... Assim que sentou-se, com um sorriso naquele rosto bonito, ele falou:
-- Muito prazer! Chamo-me Daisuke...
Hanami apenas virou o rosto, ignorando-o.

...
O monstro de ferro fitava as duas nuas mulheres, seus olhos analisavam o local.
No mesmo momento Hanami fitou a sua katana que não estava distante, mas estava próximo à parede onde o monstro se encontrava.
Um pequeno foguete voou em direção a água entre ambas e uma explosão fez com que água voasse para todos os lugares, juntos com as mulheres que nuas saíram da piscina.
--- Hanami... O que a gente faz? – Gritou Layla correndo e se enrolando em uma toalha enquanto jogava a outra para a companheira.
Hanami se enrolava na toalha, esquivando-se da estocada que o braço do grande monstro de ferro fazia.
--- Sai daqui! – Ela gritou assim que atingiu o chão. --- Eu cuido dele! Só preciso alcançar minha katana.
Na mesma hora em que a samurai falou sobre sua katana o robô virou-se para a mesma e começou a caminhar em direção a ela. Embora tivesse braços rápidos tinha pernas lentas e pesadas. Mas o monstro estava mais próximo da katana, seu braço estava a centímetros dele quando um balde de madeira fora jogado, tirando sua atenção. Era Layla que havia jogado. Assim que o monstro virou-se para fitar Layla e a mesma, gritando e chorando de medo, saiu correndo. Hanami pegou a katana e um sorriso se fez nos lábios da mesma.

O robô caminhava atrás de Layla e atrás dele Hanami corria em alta velocidade, com uma mão segurando a toalha para não cair e com a outra sua katana, ela atacou.
O corte fora certeiro na perna do monstro, fazendo algumas faíscas saírem da mesma, o monstro cambaleou e caiu para trás, sentado, por pouco não esmagara Hanami, que com um pulo, esquivou-se.

Layla entrara em casa, gritando o nome da senhora Masamita, não poderia deixar uma senhora indefesa como aquela sozinha em casa com um monstro andando por ela. A mulher correu pelos corredores solaselianos da casa, mas não encontrara nada. A senhora já havia sido pega pelo monstro ou fugiu?
Ainda no centro da casa, no banho ao ar livre a criatura com muita dificuldade se coloca de pé novamente e mais um foguete é lançado para cima de Hanami. A mesma esquiva, mas o fogo que o impulsiona passou em seu braço e criando uma queimadura leve, a faz largar a toalha e ficar completamente nua no chão.
Na mesma hora Layla havia chegado e visto a cena, e após gritar o nome da amiga correra para onde ela. A criatura de ferro vinha lentamente para cima das duas assim que estavam juntas e no momento em que Hanami levantou sua espada, Layla tocou seu braço no mesmo local da ferida e uma luz pura brilhou ao redor dele, a queimadura estava sarada.

Hanami olhou assustada e no mesmo momento virou sua espada para Layla, teria lhe cortado o pescoço se a garota não se jogasse no chão:
--- Você disse que não era uma bruxa!
--- Eu não sou uma bruxa, você já viu bruxas curando os outros? Eu sou uma sacerdotisa, não uso magia arcana, meu poder vem de Maagany. – Gritou Layla enquanto Hanami vinha para cima dela com a espada.
Outro foguete em direção às mulheres e Hanami o cortou no meio enquanto olhando para o robô gritou para Layla:
--- Devia ter avisado...
--- Como se fosse fazer diferença...
O monstro de ferro caminhava para cima de Hanami, enquanto a mesma corria e pegava sua toalha novamente. O monstro estava a perseguindo então teve uma idéia.
Hanami parou.
O monstro veio para cima dela com toda força em seus braços e enquanto Layla gritava seu nome, um pulo.
Hanami pulou sobre o monstro e indo para as costas dele. A samurai havia parado na frente da piscina. Com o pulo nas costas do monstro conseguiu impulso suficiente para empurrá-lo na água da piscina, que estava atrás dela. Assim que caiu na água parou de se mover.

Um sorriso de senhora saiu do robô e enquanto Layla e Hanami olhavam, o monstro se abriu no meio, sentada dentro dele estava à senhora Masamita que olhava as suas convidadas com um sorriso divertido no rosto.
...
Secas e sentadas em uma pequena mesa Layla e Hanami olhavam zangadas para a senhora Masamita que ainda sorria.
-- E é isso... Eu vim de uma família de alquimistas, somos os senhores do ferro... – Dizia a senhora, divertida. – Fazia um bom tempo que eu não treinava meus poderes.
Layla já estava tranqüila usando seu vestido de noiva novamente, mas Hanami ainda gritava com a senhora, chamando-a de irresponsável e de tresloucada  enquanto a mesma sorria para as convidadas.
-- Por favor, não fiquem tão irritadas, eu sou velha e sozinha, fazia tempo que não me divertia assim... Quando vocês chegaram aqui na porta eu vi seu pescoço, sabia que você não era uma pessoa qualquer. – Disse a senhora Masamita olhando para o colar de Hanami. – Eu sabia que daria pelo ao menos para eu treinar minha invenção... Mas pelo visto não deu muito certo, né? – Disse ela fitando o robô que ainda estava afogado na piscina. – Mas não se preocupe, eu vou ajudá-las como prometido...
Hanami virou o rosto e Layla sorriu para a senhora:
-- Seria possível passarmos a noite aqui?
-- Pra ela tentar nos matar? – Perguntou Hanami com a expressão furiosa.
A senhora Masamita sorriu e acenou com a cabeça: -- Por favor, durmam bem essa noite...
...
Amanheceu e as convidadas estavam prontas para sair. Hanami tentou não dormir, disse estar desconfiada demais para relaxar, mas foi só deitar naquela cama confortável e quentinha para se ver acordar no outro dia. Layla por outro lado, despreocupada dormiu sem esforços.
As garotas tinham recebido da senhora Masamita uma pequena esfera de ferro que ela disse que poderia ser útil mais tarde e um mapa, ele indicava três caminhos para ir até a capital, e as garotas decidiram pegar o mais curto, embora a senhora Masamita não concordasse com isso, disse que às vezes pessoas vão por esse caminho e não voltam. Hanami não acreditou, ‘isso deve ser papo de velha louca’ ela disse e assim as duas seguiram o caminho mais curto...