sexta-feira, 27 de abril de 2012

Amor e honra - Parte 12 - Adeus


Daisuke estava se sufocando, a rocha ao redor do seu corpo era forte e o apertava com vontade. Mas como uma carpa que não se move diante a morte, assim estava Daisuke, em silêncio.
Ao contrário estava Hanami, que gritava em desespero. Suas mãos que estavam cansadas de suportar o próprio peso do corpo, a qualquer momento podiam ceder e a derrubar na lava quente.

-- Daisuke!
-- Primeiro o silencioso... Depois a barulhenta! – Dizia o bruxo.
Layla pensava o que fazer, mas não sabia como vencer aquele homem, naquela situação sem derramar uma gota de sangue. Segurando as grades de pedra que rodeavam Derek, ela olhava para o chão, na parte de baixo do vulcão. Os samurais ajudavam os feridos e lamentavam os mortos.
-- Tantas mortes... Tanta destruição... – Ela olhou nos olhos de Derek. – São pela minha causa... Não é?
-- Claro que não, Layla! Você não tem culpa... – Derek colocava as mãos sobre as mãos da meio-elfa que seguravam as grades de pedra.
Ouviu-se o grito de Hanami, finalmente um sinal de vida da amiga e pelo grito ela estava com problemas. Layla levantou-se, virou-se contra seus pais e Derek e começou a caminhar em direção às rochas quebradas.
-- Layla! O que você vai fazer? – Gritava sua mãe, sem resposta.
Layla chegava à ponta do rochedo que ainda estava intacta, de onde ela se encontrava podia-se ver os outros e os outros a ela.
Assim que Hanami viu a sacerdotisa, o bruxo seguiu o olhar, deixando de apertar Daisuke:
-- Então precisei fazer sua amiga gritar de sofrimento para você finalmente aparecer?
-- Larguem eles Bruxo da Montanha! – Gritou Layla. – Se é a mim que você quer, sou eu que você terá!
A meio-elfa fecha os olhos e em uma língua estranha começa a fazer orações.
-- O que você pensa que vai fazer? – O bruxo começou a mexer os braços e as colunas, com exceção as que seguravam Daisuke e Hanami, iam em direção à Layla, prontas para segurá-la como seguravam o samurai.
Uma leve luz com delicadas penas brancas caiu sobre Layla, o símbolo de uma espada virada para baixo brilhou em seus pés e logo em seguida em seus braços como a uma tatuagem brilhosa.

Assim que as colunas se aproximavam de Layla, ela corria para cima delas.
-- Maagany ajudai-me! – A meio-elfa pulava por cima das rochas correndo sobre elas enquanto as mesmas passavam em direção contrária.
Hanami olhava impressionada para a velocidade da amiga:
-- Quando ela ficou forte assim?
-- Benção Divina... – Disse Daisuke também olhando. – Sacerdotes podem invocar seus deuses para ficarem mais rápidos e mais fortes...
-- É incrível...
Layla se aproximava do bruxo, o mesmo começava a se preocupar, ela estava muito rápida e fazia movimentos complexos, como se equilibrar em um braço sobre a coluna em movimento.
Após correr acima de varias colunas esquivando-se com destreza, finalmente Layla chegou perto do bruxo. Os olhos do mesmo estavam nervosos, o calor que emana do vulcão parecia aumentar mais. Layla vinha para cima dele em alta velocidade, o mesmo começa a levantar a mão para controlar qualquer rocha que ainda houvesse por perto para poder se proteger, mas Layla o pegou desprevenido, não houve tempo para a magia ser completa. Uma coluna havia se movido para atacar aquela que rasgava o ar, descendo graciosamente em alta velocidade, quando a coluna chegou perto, Layla também se aproximou do bruxo e com um empurrão, derrubou-lhe para a morte certa na lava borbulhante. Desesperada o braço do místico fez um ultimo movimento, controlando a coluna que se movia. A coluna passou perto da meio-elfa que estava sobre o suporte de rocha em formato de mão, criado pelo bruxo para ele mesmo. A rocha passou numa distancia certa para fazer-lhe um pequeno e inofensivo corte na perna. Enquanto Layla estancava o pouco de sangue que saia do corte o bruxo gritava de dor, tendo o corpo consumido pela lava mortal.
Houve então silêncio.
Ele estava morto.

 -- Layla! – Gritou Hanami, tirando sua wakizaki da cintura e cravando-a na coluna usando ela e a katana para se locomover. – Você está bem? – Dizia ela olhando à amiga que estava abaixada e com o rosto coberto por seus cabelos esverdeados, cobrindo o pequeno corte com as mãos.
Daisuke libertava-se da rocha morta que outrora tentava o matar, subindo nela e pulando para o apoio onde Layla ainda estava abaixada.
-- Temos que ajudá-la, ela está sangrando... – Dizia Daisuke, nervoso.
-- Tudo bem, Daisuke! Ela se cura, ela tem poder para isso, não é Layla? – Hanami encostou a mão no ombro da amiga.
-- Eu estou tentando há um tempo já... – Sussurrou Layla. – Eu matei uma pessoa... – A meio-elfa levantou o rosto em lagrimas e começou a gritar desesperadamente: -- Matei uma pessoa! Esse é o pior pecado para a deusa da vida! Maagany me deixou! Eu não sou mais uma de suas sacerdotisas! Me deixou!
E Daisuke e Hanami também choraram.

...
Havia se passado algumas horas e todos se encontrava em um cais, havia vários navios orientais com bandeiras de Darcael movendo-se ao vento. Gaivotas sobrevoavam um céu azul e límpido enquanto marinheiros de olhos puxados e corpos robustos trabalhavam nos navios. Os pais de Layla, livres, conversavam com o pai de Hanami agradecendo a coragem de sua filha.
Daisuke fitava o mar, seu semblante era imponente, belíssimo e altamente másculo. Hanami o olhou... Como ficariam os dois agora? Depois do beijo? Ela passou por trás dele sem fazer um som e seguiu adiante, onde Layla, usando novamente seu vestido de noiva rasgado, agora limpo, mostrava o robô para Derek, que não ligava muito para ele, apenas olhava para ela cada vez mais apaixonado.
-- Tudo bem? – Perguntou Hanami, preocupada. Após saírem do vulcão, Layla chorou copiosamente por algumas horas, por mais que ela e Derek tentassem acalmar a ex-sacerdotisa nada funcionou, mas alguns minutos, sozinha, foram suficientes para ela se recompor.
-- Na medida do possível... – Ela sorriu para a samurai enquanto abraçava o robô.
Hanami sentou ao lado de Layla, deixando-a entre ela e Derek.
-- Sabe... Você atingiu o ponto máximo da honra... – Ela disse para Layla, mas olhando Daisuke ao longe. --... Desistiu de tudo para completar seu objetivo e ajudar quem você ama... Você pode ter perdido os poderes, mas estou certa de que Maagany está orgulhosa de você...
Layla soltou o robô, que flutuou enquanto via a meio-elfa caindo sobre a samurai num forte abraço:
-- Você será sempre uma das minhas melhores amigas...
Hanami sorriu devolvendo o abraço.

...
Os pais de Layla, ela e Derek estavam na proa do navio, prontos para partir, os marinheiros se preparavam para começar a zarpar. Puxavam a ancora e aumentavam o vapor.
Daisuke e Hanami estavam lado a lado, enquanto o senhor Matsumoto se apoiava na bengala, acenando feliz para aqueles que conheceram. Aqueles no navio devolviam os acenos com sorrisos nos rostos.
-- Hanami! Vou sentir saudades! – Gritava Layla enquanto o navio começava a se afastar do porto.
-- Também sentirei! Boa sorte! – Ela acenava e atrás dela o robô flutuava sem ela saber. O pequeno monstro de metal usa suas pequenas mãos e puxa Hanami para cima de Daisuke, que tropeça em seu pé e fica rosto e rosto com ele.
Daisuke sorri e puxa o rosto da guerreira, dando-lhe um forte beijo, enquanto o robô voava para os braços de Layla, sua dona.
-- Boa sorte também, amiga... – Sussurrava Layla com um sorriso nos lábios enquanto Derek a abraçava ainda acenando.
E o navio partiu, levando uma noiva honrada e deixando uma guerreira apaixonada...

FIM

sábado, 21 de abril de 2012

Amor e honra - Parte 11 - Batalha de fogo e pedra


Daisuke e Hanami chegaram aos outros samurais. Eles eram novatos, estavam cansados, aquilo não era um treinamento, era uma batalha real. Os fracos já estavam jazidos, seus corpos estavam esmagados ou queimados, os que ali estavam eram os fortes e resistentes.
-- Vamos atacar! – Gritava Daisuke lutando com o som da queda das rochas ao fundo. O cheiro de enxofre tomava aquele espaço, havia um vapor no ar, como a uma sauna, fazendo todos suarem, inclusive Hanami e Layla que não usavam armaduras, apenas leves yukatas.
-- Daisuke, ele é forte! Devíamos deixar aos samurais experientes. – Dizia um samurai no meio dos outros.
-- Está fraquejando, guerreiro? – O rosto e a voz de Daisuke eram sérios e autoritários, ninguém ali tinha coragem de ir contra ele. Um samurai perfeito. – Você é um samurai, um filho de Liaavel! Não desistimos, morremos com honra, mas não desistimos. Vocês dizem que os que morrem em batalha são os fracos, mas esses são os mais fortes, pois entrarão nos reinos de Liaavel em glória e honra... Chegou à hora de agradar nossa deusa, quem vai comigo? – Ele gritou levantando a katana e a wakizaki para os céus.

Logo todos ao seu redor imitaram o movimento, em meio a um urro de guerra.
A mão de Daisuke encontrou a de Hanami, fazendo-a sentir arrepios.
-- Iremos lutar juntos por Liaavel! – Ele falou e de mãos dadas ambos correram para o vulcão, seguidos pelo pequeno exército.

...
O bruxo da montanha via aqueles guerreiros subirem forcadamente naquelas rochas disformes, enquanto ele próprio seguia para o topo com a ajuda da sua magia. O calor era grande e alguns caiam queimados pela lava que escorria de algumas aberturas do vulcão. A escada construída fora quebrada, derrubando os degraus sobre aqueles que subiam.
Daisuke e Hanami subiam na frente, suas mãos ainda juntas dificultavam ainda mais a subida, mas nenhum dos dois largava a do outro. Hanami olhou para Daisuke, que olhava para o topo do vulcão. Seu rosto era lindo e estava suado e sério, como ela queria abraçar ele, beijar ele... Como ela queria dizer que o ama.
-- Daisuke... – Ela começou.
-- Quando chegarmos lá iremos atacar ao mesmo tempo... – Disse ele a cortando.
Hanami apenas concordou, enquanto continuava a subir.
...
-- Eles estão se esquivando mais, como se algo desse forças para eles. – Gritava o bruxo, quando se aproximou de Derek. – Você é um sacerdote de Clawyn. É um bardo não é? Então cante alguma coisa mágica para os fazer parar.
Derek ficou em silêncio, quando a sua jaula feita de rocha começou a se fechar, iria esmagá-lo.
-- Eu mandei cantar... – Dizia o bruxo seriamente.
O bardo com lagrimas nos olhos e cabeça baixa começou a cantar uma música. Sua letra e melodia eram tristes e sombrias. {Crawling - Linkin Park}
Alguns guerreiros foram atingidos pela magia do som, seus corações e espíritos foram esmagados pela tristeza das notas, alguns fortes homens, viris e másculos caíram em prantos como garotinhas, os mais fracos se desesperavam e soltavam as rochas, caindo metros ao chão para a morte certa.
Poucos samurais ainda subiam, Daisuke e Hanami estavam ainda na frente, mas ele parou. Em seu rosto onde havia apenas suor, agora tinham lágrimas. A música atingiu ele.
-- Não sei se vamos conseguir...
O som ainda soava ao fundo e Hanami lutava para não ser atingida também.
-- Claro que vamos conseguir, somos filhos de Liaavel...
Daisuke chorava ainda mais, desesperando Hanami, que ouvia o som da música, da risada do bruxo e dos gritos daqueles que se matavam.
A mulher apertou a mão do seu amado, olhou bem em seus olhos e em um ato desesperado disse: -- Eu te amo!
Antes que Daisuke pudesse dizer algo, seus lábios se encostaram, um forte beijo fora dado entre os guerreiros e qualquer pensamento ruim que Daisuke teve, desapareceu, como se nunca tivesse existido em seu coração, mesmo ainda ao som da música.
Seus rostos estavam próximos e agora com um sorriso Daisuke dizia:
-- Sempre gostei de mulheres decididas e com atitude, sabia que você era uma dessas. – Ele olhava para o topo do vulcão e enquanto subia mais rápido disse: -- Vamos mostrar a força da honra a esse místico. – Sua mão ainda junta à da amada.

...
Layla subia o vulcão também, de onde ela estava não dava para ver o bruxo, nem ele a ela. Por isso era difícil ser atingida por alguma esfera de pedra, mas só a dificuldade da escalada já era suficiente para fazer a garota pensar em desistir, mas ela era forte, quando se tornou uma sacerdotisa prometera proteger o próximo e era isso que ela iria fazer... Mostrar sua honra...
Um som começou. Era a voz de Derek, ela reconheceria em qualquer lugar, mas nunca tinha ouvido ele cantar algo tão triste como aquela música. A magia deveria a deixar triste, mas teve efeito contrário, Layla subia com mais afinco, queria chegar a seu amado, acabar com sua tristeza.
A meio-elfa fazia esforço para subir quando em meio ao som dramático, samurais em prantos se jogavam do alto do vulcão, sendo puxados pela gravidade passando pela sacerdotisa que subia apressadamente e assustada.

...
Finalmente Daisuke e Hanami chegaram ao topo. Havia apenas uma passarela circular de rocha, rodeando um enorme e profundo poço de lava que parecia agitado. O bruxo estava sentado em um trono de pedra feito por ele mesmo. Presos nas laterais do trono estavam Derek e os pais de Layla, dentro de jaulas também feitas de pedra pelo bruxo.
O homem se levantou e caminhou precisamente em direção ao casal. Seu capuz estava baixo, mostrando seu rosto cansado e velho, com uma longa barba branca, enquanto uma capa verde balançava com o vento que ali soprava.
-- Onde está meu bichinho de estimação?
Hanami soltava a mão de Daisuke, agora segurava veementemente sua katana. Daisuke fez o mesmo.
-- Ela não é seu bichinho! – Gritava Hanami. – Agora saia de nosso continente ou seremos obrigados a matar você.
O bruxo começava a rir loucamente, até seu rosto petrificar numa expressão séria:
--Tente! – Ele disse e o chão da passarela circular começava a tremer. O vulcão continuava em pé, mas 10% de seu topo começava a desmoronar deixando apenas algumas pequenas colunas de pedra para Hanami e Daisuke pisarem.

...
Quase chegando ao topo estava Layla que por pouco não fora atingida por rochas que desciam rolando sobre ela. A meio-elfa olhou para cima e viu que parte das rochas se tornavam agora apenas pequenas bases, ela podia ver que Hanami e Daisuke estava nessa parte que estava caindo. E ela estava próxima, até podia ver o bruxo.
...
Por pouco Hanami não caiu quando as rochas cederam, graças a Daisuke que segurou sua mão puxando-a para a coluna onde ele estava.

-- Eu não quero matar vocês, não enquanto eu não souber onde está Layla. – Gritou o bruxo, a parte onde estava seu trono ainda estava intacta, possibilitando-o a andar livremente.
A música de Derek havia acabado e havia feito um grande estrago, muitos samurais morreram, outros desceram o vulcão em prantos. Homens treinados para não sentir medo, agora cães acuados que apenas assistiam a batalha.
Hanami pulava de coluna em coluna com a katana em mãos, do outro lado, Daisuke fazia o mesmo tentando chegar à parte completa que era o chão sob o trono.
-- Muito fácil, não acham? – Dizia o bruxo se aproximando da beira da parte onde ainda estava completa. O casal de samurais pulavam de coluna em coluna em direção à ele, quando o mesmo levanta os braços e algumas colunas, que tinham o topo plano, favorecendo serem pisadas, se tornavam estacas, com espinhos pontiagudos.

Hanami estava no ar quando algumas colunas se tornaram estacas, por azar, a coluna em que ela planejava aterrissar havia se tornando uma também.
Layla chegava ao topo, na parte intacta, atrás do trono, só o que ela pode ver foi Hanami cair para a morte certa na lava do vulcão. A meio-elfa tapou a própria boca para não chamar atenção do bruxo com um gritou.
-- Hanami! – Gritou Daisuke.
A samurai estava caindo, a lava abaixo dela parecia estar mais e mais próxima, mais e mais quente. Ela iria morrer assim? Não... Não depois de se declarar, não depois de ter seus sentimentos correspondidos.
-- Pelo meu amor! – Hanami gritou e cravou sua katana na coluna ao seu lado. A mulher colocara tanta força que a espada quase fora até a metade criando um apoio para seu corpo e embora estivessem apenas dois metros sobre a lava, estava viva.
-- Hanami! Ah! Graças à Liaavel... – Gritava Daisuke depois se virando com um forte olhar de ódio para o bruxo.
-- Viu? Agora ficou bem mais divertido não foi? – O bruxo ria.
...
Layla corria em passos leves, se escondendo atrás do trono de rocha. Seus pais e Derek, que estavam presos ainda nas gaiolas comemoravam em silencio, embora um pouco preocupados.
-- Layla, você tem, que sair daqui! É perigoso! – Sussurrava Derek.
-- Eu estou aqui para ajudar, Derek! Eu sou uma sacerdotisa, é esse meu dever, minha honra... – Ela respondeu no mesmo tom baixo.
O homem apenas acenou com a cabeça, confiante na amada enquanto seus pais estavam em silencio.
...
O bruxo moveu os braços e um pedaço da rocha onde ele pisava dividiu-se se tornando uma espécie de braço e mão de rochas que o carregava o levava até onde Hanami.

-- A qualquer momento eu posso fazer essa rocha soltar sua espada e você não vai querer cair nessa lava, ela está quente, sabia?
Hanami olhou para baixo, a lava se movia lentamente e borbulhante enquanto o calor apenas aumentava.
De repente Daisuke pula sobre o bruxo pronto para cortar-lhe o pescoço. Assim que o samurai estava no ar, o bruxo move e sua mão ainda com o olhar voltado para Hanami.
Uma das colunas de pedra enrolou-se em Daisuke como a uma serpente, segurando-o perto de Hanami.
-- Irão os dois morrer se não me entregarem meu animalzinho. – Disse o bruxo.

...
Layla tentava quebrar a jaula onde seus pais estavam mais era impossível era como se a jaula fosse feita naturalmente, a rocha era muito resistente.
-- Não adianta filha! Você não é uma mística. – Dizia a élfica mãe de Layla. – Magia só é destruída por magia maior, ou se o próprio Bruxo da montanha nos soltar...
-- Ou se... – O pai de Layla olhou para o local onde os samurais e o bruxo poderia estar lutando, mesmo não podendo ver eles.
-- “Ou se” o que, pai? – Perguntou Layla aproximando o rosto das grades.
-- Ou se eles conseguirem matá-lo...
-- Ma-matá-lo? – Gaguejou Layla. Ela fechou os olhos e balançou a cabeça, expulsando qualquer pensamento de morte. – Não posso... Eu não posso nem mesmo desejar sua morte... – Ela gritava, mas então se acalmou: -- Nem mesmo Maagany me perdoaria...-- Mas era tarde demais, em uma mente pura de uma sacerdotisa da vida já havia passado pensamentos de morte, ela já havia pecado.


...
-- E então? – Perguntou o bruxo. – Porque não me diz logo onde ela está?
-- Eu jamais irei lhe entregar ela, místico maldito! – Hanami cospe, tentando acertar o Bruxo, mas erra.
-- Precisa ser mais rápida... Mas já que é assim... Irão morrer! – O olhar do bruxo era sombrio e a serpente que era a rocha ao redor de Daisuke começou a apertá-lo.
Hanami apenas gritou seu nome.


domingo, 15 de abril de 2012

Amor e honra - Parte 10 - Chegando em Fing, o vulcão.


Alguns anos atrás...
Hanami havia acabado de sair da aula, não suportava mais aqueles olhares, aqueles julgamentos. Seu coração estava dividido entre duas emoções: Paixão ardente pela sua honra e raiva cega sobre todas aquelas pessoas ao seu redor.
Havia um rio. A água corria delicada e calma. Sobre sua cabeça, a lua redonda e brilhante. Hanami segurava sua katana e cortava o vento, enquanto sua wakizaki repousava sobre uma pedra perto do rio, ao lado de uma pequena mochila com suprimentos. A samurai usava apenas uma faixa sobre os seios e uma longa calça vermelha. Seu cabelo estava mal amarrado e em seu rosto, escorria pintos salgados de suor.

A mulher bufava, como se o vento fosse seu pior inimigo.
-- Boa noite... – Ouviu-se uma voz e Hanami virou com a lâmina da katana para atingir aquele que chegara.
Mas a katana parou centímetros antes de cortar quem havia chegado. Antes de cortar Daisuke.
-- Treinando pesado... Você não descansa? – Ele sorria ainda com a lâmina perto de seu braço. Hanami recolheu a arma e virando o rosto, perguntou:
-- O que está fazendo aqui?
-- Caminhando...
-- Então continue sua caminhada e desapareça daqui. – Disse Hanami voltando a cortar o vento.
-- Você é uma boa guerreira... – As palavras de Daisuke fizeram Hanami parar, nunca ninguém reconheceu isso, nem mesmo seus professores quando ela vencia um treino. Ouvir isso era uma novidade para ela.
Ela virou-se para ele:
-- Eu sou mulher, sabia? Mulher e samurai.
Daisuke soltou um sorriso sincero e disse:
-- Claro que sei... E me admiro com sua coragem... Você é especial... --  O sorriso de Daisuke era lindo. Hanami poderia chorar ali mesmo, sentia que o homem estava sendo sincero e nunca havia sentido isso... Era bom... Confortável... Novo... Como se estivesse livre, como se pudesse ser ela mesma, livre...

Por alguns segundos seu rosto ficou inexpressivo e vermelho de vergonha, quando Daisuke cortou o silencio.
-- Posso treinar com você? – Disse o belo samurai tirando sua katana e sua wakizaki também.
Hanami nada disse apenas se colocou em modo de ataque.
Daisuke sorriu e correu para cima de Hanami e durante algum tempo só que se ouvia era o som de suas armas se batendo.
Já havia se passado alguns minutos, quando fazendo um círculo com a katana, Hanami conseguiu tirar a de Daisuke, que cravou no chão. Rapidamente ela virou a katana para tocar seu cabo na barriga do rapaz e assim vencer o treino sem fortes machucados.
Para sua surpresa, algo tocou seu estomago. Seu rosto com uma expressão de incredibilidade olhou para o que a havia tocado.
-- Um samurai não depende apenas da katana. – Disse Daisuke sorrindo e guardando sua wakizaki que havia tocado com o cabo na barriga da mulher.
Ela olhou para ele com uma expressão de raiva, ele ficou assustado. Havia feito algo errado? Não...  A mulher soltou um sorriso e olhou para a sua wakizaki que ainda estava sobre a pedra. Aprendeu uma lição, subestimava a arma por ser pequena... Nunca mais faria isso...
-- Você devia sorrir mais, fica linda com um sorriso no rosto. – Ele disse.
Vermelha, Hanami caminha até o rio, tira um obentô de sua pequena bolsa e faz sinal para Daisuke a acompanhar no jantar...

... E no fim daquela noite, seu coração estava dividido entre três emoções: Paixão ardente pela sua honra, raiva cega sobre todas as pessoas ao seu roedor e um doce e novo amor pelo samurai desconhecido.

...
Hanami corria em alta velocidade sobre seu cavalo, seu coração estava em Daisuke, não se perdoaria se algo acontecesse com ele... Não antes de ele saber seus sentimentos...
Layla estava desorganizada e atrapalhada sobre o cavalo, era uma amazona vergonhosa por pouco não estava para cair, mas mesmo assim seguia a samurai, junto ao robô.
O grande vulcão já era visto, ele parecia estar em erupção e havia, de longe, várias explosões no local.
Hanami, após cavalgar uma pequena trilha de areia e pedras se viu no local. A samurai estava em cima de um pequeno monte e olhando para baixo, ao longe, podia-se ver o místico que atacara Solasel, ele estava na frente do vulcão, que estava cheio de buracos, por onde derramava lava ardente sobre samurais que tentavam escalá-lo. Bolas de rochas flamejantes eram jogadas pelo místico no centro do espaço de terra onde haviam muitas árvores mas agora estavam todas mortas e queimadas. No centro, havia mais guerreiros, que fugiam desesperados de cada ataque. Parado no meio do grande espaço de terra se encontrava um único samurai em pé protegendo os mais fracos das bolas de fogo.

-- Daisuke... – Sussurrou Hanami, descendo do cavalo. – Daisuke! – Agora ela gritava.
Som de patas de cavalo fora ouvido atrás da samurai.
-- Hanami! – Gritava Layla, a sacerdotisa estava de costas, se segurando na sela do cavalo descontrolado.
Hanami para o cavalo graciosamente.
-- O que vocês estão fazendo aqui? – Perguntou a mulher, vendo o robô se segurando na crina do cavalo, aparentemente assustado. – Voltem agora!
-- Não vou voltar, Hanami! Você me ajudou, agora é minha vez de ajud... – Layla parou de falar antes mesmo de terminar a frase e olhando boquiaberta para o místico sussurrou: -- O bruxo da montanha... 
Hanami se aproximou da amiga: -- Você o conhece?
 -- É dele que eu estou fugindo...
Hanami olhou para o místico e depois para Layla: -- É seu marido?
Layla apenas assentia com a cabeça. De repente seu rosto fez uma expressão surpresa, como se houvesse pensado em algo e então começou a descer o pequeno monte onde ambas se encontravam.
-- Aonde você vai? – Gritava Hanami seguindo Layla e o pequeno robô.
-- Meus pais... Meus pais podem estar em perigo! – E as duas desceram.
A visão em cima do monte era de batalha, mas estar no meio era ainda pior. Bolas de fogo caiam no meio do grande espaço de terra como meteoros. Layla corria entre os samurais para chegar ao campo de visão do bruxo. As esferas flamejantes criavam crateras enquanto Layla e Hanami tentavam se esquivar.

-- Místicos de fogo... Os mais difíceis de lidar... – Dizia Hanami correndo ao redor de uma cratera.
-- Ele não é místico de fogo... – Layla apontava para o vulcão que estava repleto  de buracos, por onde derramava lava.
O místico move os braços e um buraco se abre nas rochas do vulcão, derramando mais lava nos guerreiros.
-- Místico de terra... – Dizia Layla. – Por isso ele veio para um vulcão... Ele controla a terra, não o fogo... – Ela diz olhando ele lançar sobre o chão uma enorme bola quente de rocha.
Ambas corriam, até que finalmente chegaram à visão do bruxo.
O mesmo parou e fitou Layla que ficara parada o fitando também. A expressão do senhor era de surpresa, mas um sorriso logo cobriu seu rosto.
-- Layla... – Ele gritou. --... Eu sabia que você estava aqui...
-- Onde estão meus pais? – Ela disse e sua expressão era séria enquanto o pequeno robô se afastava e se escondia em meio a rochas.
-- Seus pais? – Parte do vulcão se transformou em uma grande escada e o bruxo começou a descer lentamente alguns poucos degraus. – Você está preocupada com seus pais...? – Com um movimento as rochas de uma pequena parte do vulcão se abriram mostrando uma espécie de jaula feitas de pedras, onde guardava um humano e uma elfa, que chorando se abraçavam.
-- Pai! Mãe! – Gritava Layla desesperada.
--... Ou está preocupada com seu namoradinho? – Com um pequeno movimento, do outro lado da escada, outra jaula se formou do outro lado das grades de pedra, um lindo rapaz de cabelos escuros e pele alva, gritava o nome da meio-elfa.
 -- Derek! – Ela gritou e seu rosto parecia que ia se desmanchar em lagrimas.
Hanami segurava o ombro da amiga, acalmando-lhe.
-- Hanami! Hanami! – Gritava Daisuke saindo do meio dos guerreiros que estavam vendo a situação enquanto ajudavam os feridos. – Eu estava preocupado com você... – Dizia ele ao se aproximar.
--Estava? – Ela perguntou, boba.
-- Claro... Eu te...
Uma bola de fogo caiu perto dos três, todos os guerreiros se colocaram em posição de ataque. Daisuke se esquivou puxando Hanami e a samurai puxou a amiga.

-- Você é meu bichinho de estimação. – Gritou o bruxo. – Pertence a mim... Seus pais me deram você, em troca de dinheiro.
-- Layla... Não é isso! – Gritava o pai da meio-elfa. – Você estava doente, sua mãe estava doente. Precisávamos de dinheiro, ou vocês duas iriam morrer.
Na mente de Layla vinham as imagens gravadas outrora pelo changeling, imagens de pais soberbos e sem sentimentos, viciados em ouro, mas na sua frente estavam apenas um casal humilde e assustado.
-- Eu sei pai... Sei que a intenção de vocês era ajudar e sou grata por isso. – Ela sorria para o casal e só o seu sorriso já os deixava mais calmos, mesmo naquela situação.
-- Não importa! – O bruxo gritava. – Não importa o motivo, o que importa é que você é minha. – Ele gritava mais alto, quando do seu robe verde e bonito, ele coloca a mão no bolso e tira algumas penas, as penas eram bonitas e Layla reconhecia elas, eram iguais a pena mágica que a levou para o continente de Darcael. – E seu namorado... – Ele olha para Derek, que estava de cabeça baixa. --... Arriscou-se para encontrar as Penas de Teleporte... Pra você fugir de mim, seu dono! – Uma bola flamejante fora lançada entre os samurais.

-- Foi você... – Layla sussurrava olhando seu amado, que estava cabisbaixo por não ter conseguido salvá-la.
-- Vamos sair daqui, sua amiga vai acabar sendo machucada... – Dizia Daisuke para Hanami. – Se protejam, nós iremos atacá-lo.-- O samurai empurrava levemente as garotas, quando Hanami coloca a mão na katana de seu amado.
-- Vamos atacar juntos... – Seus rostos estavam próximos um do outro. --... Todos juntos... – Ela olhava para todos os samurais.
-- Fique aqui, garota! Se proteja! Deixe isso com os samurais. – Dizia Daisuke correndo até os outros samurais.
-- Se proteja! – Foi só o que Hanami falou para a meio-elfa enquanto corria também.
-- Mas... Eu quero ajudar... – Disse Layla, mas o casal já havia partido e a deixando para trás.
De trás de uma rocha, o pequeno robô aparece flutuando perto dela.
-- Robozinho, você está aí! – Dizia Layla abraçando ele. Ela olhava para Hanami e Daisuke, ambos corriam em meio a uma chuva de meteoros e lava. – Eu devia ajudar... Não é? – Ela virou-se para o robô.
O robô flutuou se afastando de Layla e criou sobre sua cabeça o mesmo telão que outrora havia a imagem da senhora Masamita, mas agora havia a imagem de Layla, no momento em que ela falava com o pai de Hanami.
-- ‘sou uma sacerdotisa de Maagany, não deixaria um desconhecido em perigo... Muito menos uma amiga... ’ – A Layla da imagem repetia.
A meio-elfa olhou para ele quando a tela desapareceu. Ela apenas sorriu:
-- Fique aqui... Eu irei atrás deles, esse é meu dever, minha honra...
Layla correu para onde os samurais estavam, mas eles já estavam em outro lugar, estavam escalando o vulcão Fing.

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Amor e honra - Parte 9 - Chegando em Solasel


O caminho para Solasel já era curto, andando com mais de 30 pessoas que conversavam sobre como a vida nova poderia ser boa se tornou mais curto ainda. Assim que todos se separaram Hanami pensou que não havia ficado longe de sua cidade nem por uma semana, mas mudara muito nesses dias e após um longo suspiro e um beijo no colar que recebeu em sua formatura, deu o primeiro passo ao lado de Layla e seu pequeno robô na rua onde nascera. Estava pronta para os olhares...
Layla olhava aquela cidade, admirada. Suas ruas eram movimentadas, mas muito organizadas, todas as pessoas que passavam por ela a olhavam curiosos, era olhares puxados, todos muito parecidos, mas muito belos na concepção da meio-elfa.

Hanami sentia os olhares sobre ela de uma forma diferente, com certeza eram olhares de julgamento e desaprovação, mas para a sua surpresa... Não se importava...
Ambas andavam pelas ruas movimentadas, pessoas levavam outras sentadas em belos riquixás, que eram como carroças que usam a força de um homem, gueixas bem arrumadas caminhavam ao lado de senhores refinados... Layla, embora não conhecesse muito daquela cultura pôde perceber que aquela rua era uma rua de aristocráticos e ricos.


Hanami finalmente parara. Na sua frente, uma casa bonita e grande, ela bateu na grande porta de madeira avermelhada enquanto a meio-elfa se arrumava do lado, tentando  esconder os rasgos e sujos do grande vestido que usava, com ajuda do pequeno robô.
A porta se abrira, do outro lado, um senhor com um sorriso no rosto e o corpo apoiado em uma bengala, que era como sua terceira perna.
-- Papai... – Dizia Hanami fazendo uma reverencia com um sorriso no rosto. Layla sem saber o que fazer imita seu movimento, sendo seguida pelo robô.
-- Eu sabia que voltaria... – Disse o senhor Matsumoto também fazendo uma reverencia. Assim que se levanta ele fita a meio-elfa ao lado de sua filha. – Muito prazer... – Ele diz fazendo outra rápida reverencia para ela.
Layla repete o movimento, nervosa e um pouco atrapalhada.
-- Pai... – Hanami começa a fala. --... Precisamos de sua ajuda.
...
Os três estavam sentados em uma chabudai, uma espécie de mesa baixa. Layla estranhava por não haver cadeiras ali, mas na sua frente havia muita comida, ela estava com muita fome, embora estivesse difícil comer usando os palitos que eles chamavam de hashis, então não se importava com o fato de estarem sentados em almofadas.

Ambas usavam yukatas, uma espécie de quimono leve para dias quentes. Layla usava um yukata branco com desenhos de flores de cerejeiras rosadas enfeitando o tecido. Hanami usava um vermelho, com alguns desenhos de carpas que pareciam vivos quando ela se movia...

O pequeno robô estava do lado de Layla, quando após sentar-se Hanami pergunta:
-- O que você vai fazer com ele? – Disse ela apontando para ele, que parecia um bichinho de estimação comportado ao lado de Layla.
Layla virou-se para ele e depois sorriu olhando para Hanami: -- Vou realmente ficar com ele... Sabe? Peguei uma afeição, afinal ele me salvou na floresta do changeling, e já percebi que ele não precisa de comida e outros cuidados que os animais normalmente precisam então não vai dar muito trabalho. 
Hanami apenas acenou com a cabeça em aprovação enquanto comia lentamente um sushi. Após engolir virou-se para seu pai e falou:
-- Pai! Quero pedir-lhe um favor.
-- Por favor, filha, não hesite em pedir o que quer que seja...
-- Eu gostaria de dinheiro, para Layla voltar para seu continente... Drimlaê... Seria possível pagar uma passagem de navio para ela?
Layla olhava para o senhor Matsumoto com um olhar suplicante.
-- Claro! Mas creio que de navio daqui até o continente de Drimlaê será demorado... Dias... Talvez até semanas...
-- Não me importo! – Dizia Layla envergonhada por quase ter gritado na mesa. – Digo... Não tem problema, se demorar é ainda melhor, assim é mais tempo de desistirem do meu casamento, mas eu preciso voltar... – Sua expressão era de saudade. – Preciso encontrar meus pais... E... O... – E sua voz fora diminuindo enquanto seu rosto foi ficando vermelho e seu coração acelerado.

Hanami sorriu delicadamente, sabia que Layla tinha um amor não resolvido e torcia o máximo para conseguirem ficar juntos...
Ficar juntos... Por um momento Hanami esqueceu que também tinha um amor não resolvido ali mesmo, em Darcael. Daisuke... Ela lembrava do pesadelo que o changeling havia colocado em sua mente, lembrava do rosto dele naquela expressão fria e ignorante, pois fora a ultima vez que o vira, e não queria guardar aquilo na mente, sabia que era mentira, ilusão... Agora queria mesmo era ver seu rosto verdadeiro, sua expressão de alegria ao vê-la novamente. A expressão que ela sabia que ele iria fazer...
-- Antes de você ir, Layla... – Dizia Hanami. – Gostaria que você conhecesse uma pessoa... Meu melhor amigo, o Daisuke!
Layla sorriu para a amiga e iria falar o quanto queria ir, mas fora cortada pelo pai de Hanami.
-- Sobre isso, minha filha... – Ele fez uma breve pausa e continuou. – Há três dias Solasel fora atacada por um místico... A guarda imperial foi avisada, mas eles não mandaram os soldados veteranos, os novos samurais foram enviados para essa missão. – Hanami olhava para seu pai e ele continuou. – Daisuke também foi. O místico rumou para o antigo vulcão Fing, provavelmente estão lá agora mesmo, em uma batalha.


Hanami se levantou e caminhou até suas armas:
-- Pai! Leve Layla em segurança para o navio... Eu vou lutar!
-- Mas minha filha, você está muito cansada...
-- Precisa descansar Hanami... – Dizia Layla com o seu robô em mãos.
Hanami não responde nada, apenas caminhou, já com armas em mãos para um estábulo que ficava no fundo do quintal da casa.
Havia três belos e fortes cavalos marrons. Hanami tocou em um, e ele parecia lhe reconhecer, ela o soltou e antes de subir Layla e o senhor Matsumoto já estavam lá.
-- Hanami! Você não pode ir... – Brigava seu pai.
-- Não só pelo Daisuke, pai! Mas eu sou uma samurai, é meu dever, nem que eu tenha que morrer para isso...
O senhor Matsumoto ficou calado, entendia melhor que ninguém esse código de honra, e sabia a força que ele tinha sobre cada samurai.
Hanami virou-se para Layla e sorrindo disse:
--Espero ter ajudado, vá em paz para a sua terra... E boa sorte...
Layla sorriu para a amiga fazendo a reverencia darcaeliana, ela não entendia o valor da honra para eles, mas entendia que ali havia amor, paixão... Por isso não disse uma só palavra.
O belo cavalo parecia voar, Hanami era uma excelente amazona, e a imagem da mulher sob um cavalo era magnífica. Seu yukata balançava com o vento fazendo as carpas desenhadas nadarem em alta velocidade. Seus cabelos brilhavam enquanto dançavam em sua cabeça e suas armas pareciam dois dragões presos em sua cintura.

O senhor Matsumoto virou-se para Layla que olhava admirada para a amiga.
-- Venha comigo senhorita, irei lhe levar ao navio.
Layla olhou para Hanami que desaparecia rapidamente.
-- Senhor... Gostaria de pedir-lhe outro favor... – Disse Layla tocando na crina de um dos cavalos.
O senhor Matsumoto entendeu o que ela queria:
-- Mas é perigoso! – Ele disse.
-- Não sei se é pelo fato de estar entre pessoas honradas, mas algo me diz que devo ir, sou uma sacerdotisa de Maagany, não deixaria um desconhecido em perigo... Muito menos uma amiga... Você vem comigo, robozinho? – Disse ela virando-se para seu novo amigo, o pequeno monstro de ferro balançou no ar, animado.
O senhor Matsumoto sorriu grato pela coragem daquela estrangeira, pegou o cavalo pelo cabresto e levou para a porta do estábulo, posicionando-o.
-- Siga direto e logo chegará ao vulcão Fing. – Foi só o que ele disse.