quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Três Mundos - Parte 4 - Enemus


A mente de Noah tinha sido visitada também. Layla sabia, ele era uma boa pessoa.
A madre meio-elfa vira o local onde estava à torre, abaixo uma aldeia sinistra com casas feitas de uma forma macabra e peculiar.
Daekor, o continente espiritual.
Ela tinha certeza que era lá, no continente dividido, onde luz e sombras guerreavam diariamente.
A torre se encontrava na parte das sombras.
-- Vocês poderiam ir e, claro, pedir aos deuses que a carta ainda tivesse lá... – Dizia Layla após ter voltado da mente de Noah, junto com seu fiel robô.
--... Ou esperar que aquela  bruxa ainda tenha alguma magia que possa me levar para casa. – Continuou Noah.
-- Seriam dois goblins numa só bola de fogo! – Afirmou Alice.
-- Mas... – Preocupou-se Layla. – Estamos em Drimlaê, para chegarem a Daekor levariam meses... De navio...
Os rostos de Alice, Miranda e Noah, era de desapontamento.

-- Se ao menos tivéssemos mais Penas de teleporte... – Dizia Layla para si mesma.
-- É isso! – Animou-se Alice. – Eu tenho essas penas!
Layla, Noah e Miranda levantavam a cabeça, animados.

-- Mas... – Disse a arquimaga com a mão no queixo. – Estão na minha casa.
Os três desanimaram novamente.

-- Mas Enemus é aqui perto, podíamos comprar uma carruagem e levaríamos apenas horas para chegarmos lá.
E os três se animaram novamente.

-- Comprar uma carruagem sairia muito caro... – Começava Layla. – Mas eu tenho aqui um veículo, não usamos há algum tempo, então não tem problema se vocês levarem.
-- Não se preocupe madre! Eu tenho bastante ouro aqui comi... – Alice não terminou de falar quando foi cortada.
-- Eu faço questão... – Layla sorria gentil, o robô voava ao seu redor, alegre.
...
Estavam perto do reino de Enemus. Na verdade fora bem mais rápido que Alice imaginara. O sol ainda não havia se posto. O rosto de Alice era tenso, onde escorria gotas de suor de nervosismo.
-- Você não parece bem... – Dizia Noah a olhando.
-- Noah! – Ela gritou. – Eu sou uma nobre! Eu não posso chegar ao meu reino assim!
Alice referia-se à locomoção dada pela madre Layla. Uma carroça antiga, puxada por um jumento forte, porém feio e sujo. Miranda ia silenciosa na parte de trás, sentada entre barro e capim. Era uma carroça usada para limpeza de terreno.

Noah quase riu, mas conteve-se.
-- Não se preocupe, assim que entrarmos na cidade damos a carroça e o pangaré para algum trabalhador e resolvido.
Alice resmungava sozinha.
...
Os três chegaram à cidade.
Enemus era um lugar tranqüilo. Haviam muitos animais nas ruas, desde simples cachorros até uma rara quimera andando com um nobre como animal de estimação. Não foi difícil encontrar alguém para cuidar do jumento e da carroça.
-- Os animais devem ser amados, não importa qual seja. – Disse o lavrador halfling a receber o animal.
Os três andaram pelas ruas. Todas as pessoas tinham animais, impossível não notar isso. Crianças com coelhos nos braços, senhoras com cães, jovens  com falcões nos ombros, haviam vários animais, de vários tipos...

-- É bom estar aqui novamente... – Suspirava Alice acenando para alguns conhecidos que passavam.
Alguns coelhos seguiam Miranda e Alice, junto com crianças. Todos olhavam feio para Noah, inclusive os animais.
Havia muitos kemonos nas ruas. Nekos e Furrys vivendo entre os outros como humanos normais.
Ao longe havia um casarão. Era bonito, de uma coloração amarelada. Na frente, rodeando um belo chafariz, havia um jardim, recheado de flores e árvores frutíferas. Algumas jardineiras nekos de raposas cuidavam das plantas, quando uma notou Alice ao longe e após um sorriso, seguidas pelos lábios das outras jardineiras, correu para dentro da mansão.
-- Eu moro aqui. – Dizia Alice sorrindo para os outros dois.
Os três adentravam os portões de ferro que davam de frente ao grande chafariz, que ficava na frente da porta da mansão.

A porta se abrira e pelo meio das águas do chafariz uma figura pulara sobre Alice. Era um senhor de baixa estatura, usando roupas finas e caras. Era um neko de cachorro, seu rabo balançava feliz enquanto abraçava a arquimaga.
-- Ah! Minha filha, que saudades! Você está longe há tanto tempo. – Dizia o neko.
-- Papai! Papai! – Alice gritava enquanto sorria.
-- Dellyson! – Uma voz soou. Era uma mulher humana, alta usando roupas também finas e caras. Seus cabelos num coque perfeito e em seu rosto uma expressão fria e séria. – Chega! – Disse.
A mulher desceu os degraus e caminhou silenciosamente até Alice. Seu pai levantou-se e foi para perto da mulher com o rabo entre as pernas. Houve um silencio atormentador e enquanto Noah e Miranda observavam, Alice fez uma reverencia:
-- Mamãe...! —
...
Chegara à noite. Noah e Miranda foram tratados como hóspedes. A mãe de Alice, a senhora Rose Drineville não falara nada à filha. Agora todos se encontravam na mesa de jantar. A mansão era tão linda por fora quanto por dentro. Enfeitada por plantas e muitos quadros com imagens de animais.
A mesa era farta, um verdadeiro paraíso, com comidas caras e gostosas de todos os tipos. Garçons colocavam mais e mais comida na mesa. E enquanto Noah comia rápido e desajeitado, Miranda apenas olhava a comida em silêncio.

-- Porque não está na Academia Arcana? – Disse a senhora Drineville para Alice. A primeira frase voltada para a sua filha, embora seu rosto não fosse voltado para ela.
-- Estou em uma missão, mamãe! – Respondeu Alice, com um tom levemente orgulhoso.
-- Missão? Pensei que isso era coisa para ‘Certificados’. – Rose coloca a mão no rosto. – Oh! Alice porque você não consegue ser como seus dois irmãos? Eles levam o nome da família com orgulho... Você devia deixar essa bobagem de magia de lado e viajar com eles... Eles fazem coisas úteis, viajam, fazem ‘propagandas’ de nosso trabalho por toda Gensõ...
-- Rose... Por favor... – Dellyson tentava acalmá-la.
Alice apenas escutava em silencio, de cabeça baixa.
-- Nem mesmo um marido você tem... – Continuava Rose. – Já viu a sua idade? O tempo está passando...
Não aguentando mais, Alice levanta-se, bate na mesa e grita:
-- Pois saiba que eu tenho um noivo!
Silencio e olhares de espera.
-- Ele é meu noivo! – Apontando para Noah.

Continua...

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