A mente de Noah tinha sido visitada também. Layla sabia, ele
era uma boa pessoa.
A madre meio-elfa vira o local onde estava à torre, abaixo
uma aldeia sinistra com casas feitas de uma forma macabra e peculiar.
Daekor, o continente espiritual.
Ela tinha certeza que era lá, no continente dividido, onde
luz e sombras guerreavam diariamente.
A torre se encontrava na parte das sombras.
-- Vocês poderiam ir e, claro, pedir aos deuses que a carta
ainda tivesse lá... – Dizia Layla após ter voltado da mente de Noah, junto com
seu fiel robô.
--... Ou esperar que aquela
bruxa ainda tenha alguma magia que possa me levar para casa. – Continuou
Noah.
-- Seriam dois goblins numa só bola de fogo! – Afirmou
Alice.
-- Mas... – Preocupou-se Layla. – Estamos em Drimlaê, para
chegarem a Daekor levariam meses... De navio...
Os rostos de Alice, Miranda e Noah, era de desapontamento.
-- Se ao menos tivéssemos mais Penas de teleporte... – Dizia
Layla para si mesma.
-- É isso! – Animou-se Alice. – Eu tenho essas penas!
Layla, Noah e Miranda levantavam a cabeça, animados.
-- Mas... – Disse a arquimaga com a mão no queixo. – Estão
na minha casa.
Os três desanimaram novamente.
-- Mas Enemus é aqui perto, podíamos comprar uma carruagem e
levaríamos apenas horas para chegarmos lá.
E os três se animaram novamente.
-- Comprar uma carruagem sairia muito caro... – Começava
Layla. – Mas eu tenho aqui um veículo, não usamos há algum tempo, então não tem
problema se vocês levarem.
-- Não se preocupe madre! Eu tenho bastante ouro aqui
comi... – Alice não terminou de falar quando foi cortada.
-- Eu faço questão... – Layla sorria gentil, o robô voava ao
seu redor, alegre.
...
Estavam perto do reino de Enemus. Na verdade fora bem mais
rápido que Alice imaginara. O sol ainda não havia se posto. O rosto de Alice
era tenso, onde escorria gotas de suor de nervosismo.
-- Você não parece bem... – Dizia Noah a olhando.
-- Noah! – Ela gritou. – Eu sou uma nobre! Eu não posso
chegar ao meu reino assim!
Alice referia-se à locomoção dada pela madre Layla. Uma
carroça antiga, puxada por um jumento forte, porém feio e sujo. Miranda ia
silenciosa na parte de trás, sentada entre barro e capim. Era uma carroça usada
para limpeza de terreno.
Noah quase riu, mas conteve-se.
-- Não se preocupe, assim que entrarmos na cidade damos a
carroça e o pangaré para algum trabalhador e resolvido.
Alice resmungava sozinha.
...
Os três chegaram à cidade.
Enemus era um lugar tranqüilo. Haviam muitos animais nas
ruas, desde simples cachorros até uma rara quimera andando com um nobre como
animal de estimação. Não foi difícil encontrar alguém para cuidar do jumento e
da carroça.
-- Os animais devem ser amados, não importa qual seja. –
Disse o lavrador halfling a receber o animal.
Os três andaram pelas ruas. Todas as pessoas tinham animais,
impossível não notar isso. Crianças com coelhos nos braços, senhoras com cães,
jovens com falcões nos ombros, haviam vários animais, de vários tipos...
-- É bom estar aqui novamente... – Suspirava Alice acenando
para alguns conhecidos que passavam.
Alguns coelhos seguiam Miranda e Alice, junto com crianças.
Todos olhavam feio para Noah, inclusive os animais.
Havia muitos kemonos nas ruas. Nekos e Furrys vivendo entre
os outros como humanos normais.
Ao longe havia um casarão. Era bonito, de uma coloração
amarelada. Na frente, rodeando um belo chafariz, havia um jardim, recheado de
flores e árvores frutíferas. Algumas jardineiras nekos de raposas cuidavam das plantas,
quando uma notou Alice ao longe e após um sorriso, seguidas pelos lábios das
outras jardineiras, correu para dentro da mansão.
-- Eu moro aqui. – Dizia Alice sorrindo para os outros dois.
Os três adentravam os portões de ferro que davam de frente
ao grande chafariz, que ficava na frente da porta da mansão.
A porta se abrira e pelo meio das águas do chafariz uma
figura pulara sobre Alice. Era um senhor de baixa estatura, usando roupas finas
e caras. Era um neko de cachorro, seu rabo balançava feliz enquanto abraçava a
arquimaga.
-- Ah! Minha filha, que saudades! Você está longe há tanto
tempo. – Dizia o neko.
-- Papai! Papai! – Alice gritava enquanto sorria.
-- Dellyson! – Uma voz soou. Era uma mulher humana, alta
usando roupas também finas e caras. Seus cabelos num coque perfeito e em seu
rosto uma expressão fria e séria. – Chega! – Disse.
A mulher desceu os degraus e caminhou silenciosamente até
Alice. Seu pai levantou-se e foi para perto da mulher com o rabo entre as
pernas. Houve um silencio atormentador e enquanto Noah e Miranda observavam,
Alice fez uma reverencia:
-- Mamãe...! —
...
Chegara à noite. Noah e Miranda foram tratados como
hóspedes. A mãe de Alice, a senhora Rose Drineville não falara nada à filha.
Agora todos se encontravam na mesa de jantar. A mansão era tão linda por fora
quanto por dentro. Enfeitada por plantas e muitos quadros com imagens de
animais.
A mesa era farta, um verdadeiro paraíso, com comidas caras e
gostosas de todos os tipos. Garçons colocavam mais e mais comida na mesa. E
enquanto Noah comia rápido e desajeitado, Miranda apenas olhava a comida em
silêncio.
-- Porque não está na Academia Arcana? – Disse a senhora
Drineville para Alice. A primeira frase voltada para a sua filha, embora seu
rosto não fosse voltado para ela.
-- Estou em uma missão, mamãe! – Respondeu Alice, com um tom levemente orgulhoso.
-- Missão? Pensei que isso era coisa para ‘Certificados’. –
Rose coloca a mão no rosto. – Oh! Alice porque você não consegue ser como seus
dois irmãos? Eles levam o nome da família com orgulho... Você devia deixar essa
bobagem de magia de lado e viajar com eles... Eles fazem coisas úteis, viajam,
fazem ‘propagandas’ de nosso trabalho por toda Gensõ...
-- Rose... Por favor... – Dellyson tentava acalmá-la.
Alice apenas escutava em silencio, de cabeça baixa.
-- Nem mesmo um marido você tem... – Continuava Rose. – Já viu
a sua idade? O tempo está passando...
Não aguentando mais, Alice levanta-se, bate na mesa e grita:
-- Pois saiba que eu tenho um noivo!
Silencio e olhares de espera.
-- Ele é meu noivo! – Apontando para Noah.
Continua...
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