sexta-feira, 6 de abril de 2012

Amor e honra - Parte 9 - Chegando em Solasel


O caminho para Solasel já era curto, andando com mais de 30 pessoas que conversavam sobre como a vida nova poderia ser boa se tornou mais curto ainda. Assim que todos se separaram Hanami pensou que não havia ficado longe de sua cidade nem por uma semana, mas mudara muito nesses dias e após um longo suspiro e um beijo no colar que recebeu em sua formatura, deu o primeiro passo ao lado de Layla e seu pequeno robô na rua onde nascera. Estava pronta para os olhares...
Layla olhava aquela cidade, admirada. Suas ruas eram movimentadas, mas muito organizadas, todas as pessoas que passavam por ela a olhavam curiosos, era olhares puxados, todos muito parecidos, mas muito belos na concepção da meio-elfa.

Hanami sentia os olhares sobre ela de uma forma diferente, com certeza eram olhares de julgamento e desaprovação, mas para a sua surpresa... Não se importava...
Ambas andavam pelas ruas movimentadas, pessoas levavam outras sentadas em belos riquixás, que eram como carroças que usam a força de um homem, gueixas bem arrumadas caminhavam ao lado de senhores refinados... Layla, embora não conhecesse muito daquela cultura pôde perceber que aquela rua era uma rua de aristocráticos e ricos.


Hanami finalmente parara. Na sua frente, uma casa bonita e grande, ela bateu na grande porta de madeira avermelhada enquanto a meio-elfa se arrumava do lado, tentando  esconder os rasgos e sujos do grande vestido que usava, com ajuda do pequeno robô.
A porta se abrira, do outro lado, um senhor com um sorriso no rosto e o corpo apoiado em uma bengala, que era como sua terceira perna.
-- Papai... – Dizia Hanami fazendo uma reverencia com um sorriso no rosto. Layla sem saber o que fazer imita seu movimento, sendo seguida pelo robô.
-- Eu sabia que voltaria... – Disse o senhor Matsumoto também fazendo uma reverencia. Assim que se levanta ele fita a meio-elfa ao lado de sua filha. – Muito prazer... – Ele diz fazendo outra rápida reverencia para ela.
Layla repete o movimento, nervosa e um pouco atrapalhada.
-- Pai... – Hanami começa a fala. --... Precisamos de sua ajuda.
...
Os três estavam sentados em uma chabudai, uma espécie de mesa baixa. Layla estranhava por não haver cadeiras ali, mas na sua frente havia muita comida, ela estava com muita fome, embora estivesse difícil comer usando os palitos que eles chamavam de hashis, então não se importava com o fato de estarem sentados em almofadas.

Ambas usavam yukatas, uma espécie de quimono leve para dias quentes. Layla usava um yukata branco com desenhos de flores de cerejeiras rosadas enfeitando o tecido. Hanami usava um vermelho, com alguns desenhos de carpas que pareciam vivos quando ela se movia...

O pequeno robô estava do lado de Layla, quando após sentar-se Hanami pergunta:
-- O que você vai fazer com ele? – Disse ela apontando para ele, que parecia um bichinho de estimação comportado ao lado de Layla.
Layla virou-se para ele e depois sorriu olhando para Hanami: -- Vou realmente ficar com ele... Sabe? Peguei uma afeição, afinal ele me salvou na floresta do changeling, e já percebi que ele não precisa de comida e outros cuidados que os animais normalmente precisam então não vai dar muito trabalho. 
Hanami apenas acenou com a cabeça em aprovação enquanto comia lentamente um sushi. Após engolir virou-se para seu pai e falou:
-- Pai! Quero pedir-lhe um favor.
-- Por favor, filha, não hesite em pedir o que quer que seja...
-- Eu gostaria de dinheiro, para Layla voltar para seu continente... Drimlaê... Seria possível pagar uma passagem de navio para ela?
Layla olhava para o senhor Matsumoto com um olhar suplicante.
-- Claro! Mas creio que de navio daqui até o continente de Drimlaê será demorado... Dias... Talvez até semanas...
-- Não me importo! – Dizia Layla envergonhada por quase ter gritado na mesa. – Digo... Não tem problema, se demorar é ainda melhor, assim é mais tempo de desistirem do meu casamento, mas eu preciso voltar... – Sua expressão era de saudade. – Preciso encontrar meus pais... E... O... – E sua voz fora diminuindo enquanto seu rosto foi ficando vermelho e seu coração acelerado.

Hanami sorriu delicadamente, sabia que Layla tinha um amor não resolvido e torcia o máximo para conseguirem ficar juntos...
Ficar juntos... Por um momento Hanami esqueceu que também tinha um amor não resolvido ali mesmo, em Darcael. Daisuke... Ela lembrava do pesadelo que o changeling havia colocado em sua mente, lembrava do rosto dele naquela expressão fria e ignorante, pois fora a ultima vez que o vira, e não queria guardar aquilo na mente, sabia que era mentira, ilusão... Agora queria mesmo era ver seu rosto verdadeiro, sua expressão de alegria ao vê-la novamente. A expressão que ela sabia que ele iria fazer...
-- Antes de você ir, Layla... – Dizia Hanami. – Gostaria que você conhecesse uma pessoa... Meu melhor amigo, o Daisuke!
Layla sorriu para a amiga e iria falar o quanto queria ir, mas fora cortada pelo pai de Hanami.
-- Sobre isso, minha filha... – Ele fez uma breve pausa e continuou. – Há três dias Solasel fora atacada por um místico... A guarda imperial foi avisada, mas eles não mandaram os soldados veteranos, os novos samurais foram enviados para essa missão. – Hanami olhava para seu pai e ele continuou. – Daisuke também foi. O místico rumou para o antigo vulcão Fing, provavelmente estão lá agora mesmo, em uma batalha.


Hanami se levantou e caminhou até suas armas:
-- Pai! Leve Layla em segurança para o navio... Eu vou lutar!
-- Mas minha filha, você está muito cansada...
-- Precisa descansar Hanami... – Dizia Layla com o seu robô em mãos.
Hanami não responde nada, apenas caminhou, já com armas em mãos para um estábulo que ficava no fundo do quintal da casa.
Havia três belos e fortes cavalos marrons. Hanami tocou em um, e ele parecia lhe reconhecer, ela o soltou e antes de subir Layla e o senhor Matsumoto já estavam lá.
-- Hanami! Você não pode ir... – Brigava seu pai.
-- Não só pelo Daisuke, pai! Mas eu sou uma samurai, é meu dever, nem que eu tenha que morrer para isso...
O senhor Matsumoto ficou calado, entendia melhor que ninguém esse código de honra, e sabia a força que ele tinha sobre cada samurai.
Hanami virou-se para Layla e sorrindo disse:
--Espero ter ajudado, vá em paz para a sua terra... E boa sorte...
Layla sorriu para a amiga fazendo a reverencia darcaeliana, ela não entendia o valor da honra para eles, mas entendia que ali havia amor, paixão... Por isso não disse uma só palavra.
O belo cavalo parecia voar, Hanami era uma excelente amazona, e a imagem da mulher sob um cavalo era magnífica. Seu yukata balançava com o vento fazendo as carpas desenhadas nadarem em alta velocidade. Seus cabelos brilhavam enquanto dançavam em sua cabeça e suas armas pareciam dois dragões presos em sua cintura.

O senhor Matsumoto virou-se para Layla que olhava admirada para a amiga.
-- Venha comigo senhorita, irei lhe levar ao navio.
Layla olhou para Hanami que desaparecia rapidamente.
-- Senhor... Gostaria de pedir-lhe outro favor... – Disse Layla tocando na crina de um dos cavalos.
O senhor Matsumoto entendeu o que ela queria:
-- Mas é perigoso! – Ele disse.
-- Não sei se é pelo fato de estar entre pessoas honradas, mas algo me diz que devo ir, sou uma sacerdotisa de Maagany, não deixaria um desconhecido em perigo... Muito menos uma amiga... Você vem comigo, robozinho? – Disse ela virando-se para seu novo amigo, o pequeno monstro de ferro balançou no ar, animado.
O senhor Matsumoto sorriu grato pela coragem daquela estrangeira, pegou o cavalo pelo cabresto e levou para a porta do estábulo, posicionando-o.
-- Siga direto e logo chegará ao vulcão Fing. – Foi só o que ele disse.

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