sábado, 21 de abril de 2012

Amor e honra - Parte 11 - Batalha de fogo e pedra


Daisuke e Hanami chegaram aos outros samurais. Eles eram novatos, estavam cansados, aquilo não era um treinamento, era uma batalha real. Os fracos já estavam jazidos, seus corpos estavam esmagados ou queimados, os que ali estavam eram os fortes e resistentes.
-- Vamos atacar! – Gritava Daisuke lutando com o som da queda das rochas ao fundo. O cheiro de enxofre tomava aquele espaço, havia um vapor no ar, como a uma sauna, fazendo todos suarem, inclusive Hanami e Layla que não usavam armaduras, apenas leves yukatas.
-- Daisuke, ele é forte! Devíamos deixar aos samurais experientes. – Dizia um samurai no meio dos outros.
-- Está fraquejando, guerreiro? – O rosto e a voz de Daisuke eram sérios e autoritários, ninguém ali tinha coragem de ir contra ele. Um samurai perfeito. – Você é um samurai, um filho de Liaavel! Não desistimos, morremos com honra, mas não desistimos. Vocês dizem que os que morrem em batalha são os fracos, mas esses são os mais fortes, pois entrarão nos reinos de Liaavel em glória e honra... Chegou à hora de agradar nossa deusa, quem vai comigo? – Ele gritou levantando a katana e a wakizaki para os céus.

Logo todos ao seu redor imitaram o movimento, em meio a um urro de guerra.
A mão de Daisuke encontrou a de Hanami, fazendo-a sentir arrepios.
-- Iremos lutar juntos por Liaavel! – Ele falou e de mãos dadas ambos correram para o vulcão, seguidos pelo pequeno exército.

...
O bruxo da montanha via aqueles guerreiros subirem forcadamente naquelas rochas disformes, enquanto ele próprio seguia para o topo com a ajuda da sua magia. O calor era grande e alguns caiam queimados pela lava que escorria de algumas aberturas do vulcão. A escada construída fora quebrada, derrubando os degraus sobre aqueles que subiam.
Daisuke e Hanami subiam na frente, suas mãos ainda juntas dificultavam ainda mais a subida, mas nenhum dos dois largava a do outro. Hanami olhou para Daisuke, que olhava para o topo do vulcão. Seu rosto era lindo e estava suado e sério, como ela queria abraçar ele, beijar ele... Como ela queria dizer que o ama.
-- Daisuke... – Ela começou.
-- Quando chegarmos lá iremos atacar ao mesmo tempo... – Disse ele a cortando.
Hanami apenas concordou, enquanto continuava a subir.
...
-- Eles estão se esquivando mais, como se algo desse forças para eles. – Gritava o bruxo, quando se aproximou de Derek. – Você é um sacerdote de Clawyn. É um bardo não é? Então cante alguma coisa mágica para os fazer parar.
Derek ficou em silêncio, quando a sua jaula feita de rocha começou a se fechar, iria esmagá-lo.
-- Eu mandei cantar... – Dizia o bruxo seriamente.
O bardo com lagrimas nos olhos e cabeça baixa começou a cantar uma música. Sua letra e melodia eram tristes e sombrias. {Crawling - Linkin Park}
Alguns guerreiros foram atingidos pela magia do som, seus corações e espíritos foram esmagados pela tristeza das notas, alguns fortes homens, viris e másculos caíram em prantos como garotinhas, os mais fracos se desesperavam e soltavam as rochas, caindo metros ao chão para a morte certa.
Poucos samurais ainda subiam, Daisuke e Hanami estavam ainda na frente, mas ele parou. Em seu rosto onde havia apenas suor, agora tinham lágrimas. A música atingiu ele.
-- Não sei se vamos conseguir...
O som ainda soava ao fundo e Hanami lutava para não ser atingida também.
-- Claro que vamos conseguir, somos filhos de Liaavel...
Daisuke chorava ainda mais, desesperando Hanami, que ouvia o som da música, da risada do bruxo e dos gritos daqueles que se matavam.
A mulher apertou a mão do seu amado, olhou bem em seus olhos e em um ato desesperado disse: -- Eu te amo!
Antes que Daisuke pudesse dizer algo, seus lábios se encostaram, um forte beijo fora dado entre os guerreiros e qualquer pensamento ruim que Daisuke teve, desapareceu, como se nunca tivesse existido em seu coração, mesmo ainda ao som da música.
Seus rostos estavam próximos e agora com um sorriso Daisuke dizia:
-- Sempre gostei de mulheres decididas e com atitude, sabia que você era uma dessas. – Ele olhava para o topo do vulcão e enquanto subia mais rápido disse: -- Vamos mostrar a força da honra a esse místico. – Sua mão ainda junta à da amada.

...
Layla subia o vulcão também, de onde ela estava não dava para ver o bruxo, nem ele a ela. Por isso era difícil ser atingida por alguma esfera de pedra, mas só a dificuldade da escalada já era suficiente para fazer a garota pensar em desistir, mas ela era forte, quando se tornou uma sacerdotisa prometera proteger o próximo e era isso que ela iria fazer... Mostrar sua honra...
Um som começou. Era a voz de Derek, ela reconheceria em qualquer lugar, mas nunca tinha ouvido ele cantar algo tão triste como aquela música. A magia deveria a deixar triste, mas teve efeito contrário, Layla subia com mais afinco, queria chegar a seu amado, acabar com sua tristeza.
A meio-elfa fazia esforço para subir quando em meio ao som dramático, samurais em prantos se jogavam do alto do vulcão, sendo puxados pela gravidade passando pela sacerdotisa que subia apressadamente e assustada.

...
Finalmente Daisuke e Hanami chegaram ao topo. Havia apenas uma passarela circular de rocha, rodeando um enorme e profundo poço de lava que parecia agitado. O bruxo estava sentado em um trono de pedra feito por ele mesmo. Presos nas laterais do trono estavam Derek e os pais de Layla, dentro de jaulas também feitas de pedra pelo bruxo.
O homem se levantou e caminhou precisamente em direção ao casal. Seu capuz estava baixo, mostrando seu rosto cansado e velho, com uma longa barba branca, enquanto uma capa verde balançava com o vento que ali soprava.
-- Onde está meu bichinho de estimação?
Hanami soltava a mão de Daisuke, agora segurava veementemente sua katana. Daisuke fez o mesmo.
-- Ela não é seu bichinho! – Gritava Hanami. – Agora saia de nosso continente ou seremos obrigados a matar você.
O bruxo começava a rir loucamente, até seu rosto petrificar numa expressão séria:
--Tente! – Ele disse e o chão da passarela circular começava a tremer. O vulcão continuava em pé, mas 10% de seu topo começava a desmoronar deixando apenas algumas pequenas colunas de pedra para Hanami e Daisuke pisarem.

...
Quase chegando ao topo estava Layla que por pouco não fora atingida por rochas que desciam rolando sobre ela. A meio-elfa olhou para cima e viu que parte das rochas se tornavam agora apenas pequenas bases, ela podia ver que Hanami e Daisuke estava nessa parte que estava caindo. E ela estava próxima, até podia ver o bruxo.
...
Por pouco Hanami não caiu quando as rochas cederam, graças a Daisuke que segurou sua mão puxando-a para a coluna onde ele estava.

-- Eu não quero matar vocês, não enquanto eu não souber onde está Layla. – Gritou o bruxo, a parte onde estava seu trono ainda estava intacta, possibilitando-o a andar livremente.
A música de Derek havia acabado e havia feito um grande estrago, muitos samurais morreram, outros desceram o vulcão em prantos. Homens treinados para não sentir medo, agora cães acuados que apenas assistiam a batalha.
Hanami pulava de coluna em coluna com a katana em mãos, do outro lado, Daisuke fazia o mesmo tentando chegar à parte completa que era o chão sob o trono.
-- Muito fácil, não acham? – Dizia o bruxo se aproximando da beira da parte onde ainda estava completa. O casal de samurais pulavam de coluna em coluna em direção à ele, quando o mesmo levanta os braços e algumas colunas, que tinham o topo plano, favorecendo serem pisadas, se tornavam estacas, com espinhos pontiagudos.

Hanami estava no ar quando algumas colunas se tornaram estacas, por azar, a coluna em que ela planejava aterrissar havia se tornando uma também.
Layla chegava ao topo, na parte intacta, atrás do trono, só o que ela pode ver foi Hanami cair para a morte certa na lava do vulcão. A meio-elfa tapou a própria boca para não chamar atenção do bruxo com um gritou.
-- Hanami! – Gritou Daisuke.
A samurai estava caindo, a lava abaixo dela parecia estar mais e mais próxima, mais e mais quente. Ela iria morrer assim? Não... Não depois de se declarar, não depois de ter seus sentimentos correspondidos.
-- Pelo meu amor! – Hanami gritou e cravou sua katana na coluna ao seu lado. A mulher colocara tanta força que a espada quase fora até a metade criando um apoio para seu corpo e embora estivessem apenas dois metros sobre a lava, estava viva.
-- Hanami! Ah! Graças à Liaavel... – Gritava Daisuke depois se virando com um forte olhar de ódio para o bruxo.
-- Viu? Agora ficou bem mais divertido não foi? – O bruxo ria.
...
Layla corria em passos leves, se escondendo atrás do trono de rocha. Seus pais e Derek, que estavam presos ainda nas gaiolas comemoravam em silencio, embora um pouco preocupados.
-- Layla, você tem, que sair daqui! É perigoso! – Sussurrava Derek.
-- Eu estou aqui para ajudar, Derek! Eu sou uma sacerdotisa, é esse meu dever, minha honra... – Ela respondeu no mesmo tom baixo.
O homem apenas acenou com a cabeça, confiante na amada enquanto seus pais estavam em silencio.
...
O bruxo moveu os braços e um pedaço da rocha onde ele pisava dividiu-se se tornando uma espécie de braço e mão de rochas que o carregava o levava até onde Hanami.

-- A qualquer momento eu posso fazer essa rocha soltar sua espada e você não vai querer cair nessa lava, ela está quente, sabia?
Hanami olhou para baixo, a lava se movia lentamente e borbulhante enquanto o calor apenas aumentava.
De repente Daisuke pula sobre o bruxo pronto para cortar-lhe o pescoço. Assim que o samurai estava no ar, o bruxo move e sua mão ainda com o olhar voltado para Hanami.
Uma das colunas de pedra enrolou-se em Daisuke como a uma serpente, segurando-o perto de Hanami.
-- Irão os dois morrer se não me entregarem meu animalzinho. – Disse o bruxo.

...
Layla tentava quebrar a jaula onde seus pais estavam mais era impossível era como se a jaula fosse feita naturalmente, a rocha era muito resistente.
-- Não adianta filha! Você não é uma mística. – Dizia a élfica mãe de Layla. – Magia só é destruída por magia maior, ou se o próprio Bruxo da montanha nos soltar...
-- Ou se... – O pai de Layla olhou para o local onde os samurais e o bruxo poderia estar lutando, mesmo não podendo ver eles.
-- “Ou se” o que, pai? – Perguntou Layla aproximando o rosto das grades.
-- Ou se eles conseguirem matá-lo...
-- Ma-matá-lo? – Gaguejou Layla. Ela fechou os olhos e balançou a cabeça, expulsando qualquer pensamento de morte. – Não posso... Eu não posso nem mesmo desejar sua morte... – Ela gritava, mas então se acalmou: -- Nem mesmo Maagany me perdoaria...-- Mas era tarde demais, em uma mente pura de uma sacerdotisa da vida já havia passado pensamentos de morte, ela já havia pecado.


...
-- E então? – Perguntou o bruxo. – Porque não me diz logo onde ela está?
-- Eu jamais irei lhe entregar ela, místico maldito! – Hanami cospe, tentando acertar o Bruxo, mas erra.
-- Precisa ser mais rápida... Mas já que é assim... Irão morrer! – O olhar do bruxo era sombrio e a serpente que era a rocha ao redor de Daisuke começou a apertá-lo.
Hanami apenas gritou seu nome.


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