domingo, 18 de março de 2012

Amor e Honra - Parte 6 - Sonhos de uma guerreira

Um clarão tomou todo local, quase cegando Layla e a criatura que se encontrava na sua frente.
--- Perigo! Perigo! --- Gritava aquela voz robótica, seguida de um urro fino e assustador.
Layla devagar abre seus olhos e toma um forte susto, na sua frente aquela que antes estava na forma de uma bela fada agora era uma forma assustadora, cadavérica. Essa forma grotesca gritava na frente da meio-elfa, ela estava pronta para atacar, quando na frente da mesma uma pequena criatura de ferro, flutuando, empurra o monstro para trás.
--- Changeling! Perigo! --- um pequeno robô da mesma coloração da esfera de ferro gritava em sua voz metalizada jogando seu corpo sobre o cadáver vivo.

O monstro começa a bater no ar tentando derrubar o robô que flutuava ao seu redor.
Layla ainda chorava no chão quando o pequeno robô lança um missel sobre o monstro à sua frente. O missel era uma versão muito menor ao do robô da senhora Masamita. Assim que o missel atingiu o rosto da criatura, tudo ao redor deles se torna branco e logo em seguida Layla e o pequeno robô se viam novamente na floresta, ela encostada à árvore e ele em seu colo, no lugar da esfera de ferro.
A meio-elfa respira profundamente soltando o ar num susto.
-- Foi tudo um sonho! Tudo um sonho! – Ela repetia consigo mesma. Seu rosto ainda estava coberto de lágrimas e quando olhou em seu colo viu o robô. Sua surpresa fora grande, não por ver o robô, mas por ter certeza de que aquilo não foi apenas um sonho.
--- Hanami! --- Ela gritou virando-se para a amiga que, encostada na árvore ao seu lado ainda estava adormecida.

...

Hanami abria os olhos, se via em seu quarto. Aquela decoração solaseliana era impossível de não ser reconhecida. Os katakanas que simbolizavam a palavra “honra” enfeitavam as paredes junto com desenhos de katanas.

A samurai levantou-se.
Sua katana e wakizaki estavam em mãos, mas sua mente estava confusa. Havia dormido após a cerimônia de formatura na escola de samurais? Tudo que ela passara ate agora fora um sonho? Layla que andara com ela nos últimos dias também não existia? Ela nunca teve tanta imaginação assim...
A mulher se levantou calmamente, colocando suas armas nas costas e andando pelo corredor, ia procurar alguma coisa para comer, mas da sala principal ouviu alguns sons, eram pessoas falando e podiam-se ouvir algumas chorando. Hanami caminhou até de onde vinha o som e assim que chegou ao meio da sala, um susto. Pessoas estavam rodeadas em um caixão, algumas choravam, outras ficavam apenas em silencio, mas todas eram conhecidas, parentes ou amigos. Hanami caminhou até o caixão, queria saber quem estava lá, para sua surpresa o rosto em meio às flores era mais conhecido do que ela imaginava, era o rosto de seu pai.

-- Liaavel! – Foi só o que ela disse enquanto caminhava para trás, assustada.
-- Sinto muito, querida! – Disse uma gorda senhora tentando acalmar a guerreira.
O choque fora muito grande, na mente de Hanami só havia Daisuke, precisava falar com ele, só choraria se fossem em seus braços. A mulher saiu correndo pela porta da frente, de olhos vermelhos, segurando veementemente qualquer lagrima que pudesse derramar.

Suas pernas foram rápidas em direção à casa do homem. Daisuke se encontrava na porta. Só a visão daquele belo homem era o suficiente para acalmar o coração de Hanami. Assim que ele a viu, sua expressão não fora a de felicidade costumeira, pelo ao contrario, havia o mesmo nojo, o mesmo preconceito que havia no olhar das pessoas naquela cidade sobre ela.
Seu desespero era maior ainda, em seu coração uma dor nunca sentida.
--- Daisuke! --- Ela gritou se aproximando do homem, assim que chegou perto dele, uma surpresa maior ainda... Ele virou o rosto, estava saindo, deixando-a sozinha.
-- Daisuke, eu chamei você... – Hanami disse tocando no braço do samurai.
O braço fora puxado, fazendo a mão de Hanami soltá-lo.
-- Me largue mulher impura. – Ele disse, e seus olhos foram frios sobre a mulher.
-- Da... Daisuke... – A samurai gaguejou nervosa e confusa. O que ela havia feito para ele?
Tudo ao seu redor ficou negro.

-- Tanto desespero e você não soltou uma só lagrima? Você é realmente bem mais forte que sua amiguinha... – Disse uma voz por dentro do escuro que o local se tornara.
--- Quem está aí? --- Hanami logo gritou com sua katana em mãos. Seu rosto ainda estava limpo, realmente não havia uma única lagrima, ela era uma mulher realmente forte.
-- Mas não sei se você terá a mesma sorte dela... Afinal, não vejo nenhuma máquina com você...
--- Mostre sua face desonrada... Irá me atacar da escuridão? --- Gritava Hanami procurando de todos os lugares a origem da voz.
Houve um sorriso e Hanami notou que a voz daquele que estava nas sombras mudava, se tornava uma voz agora conhecida... Era a sua própria voz!
-- Quer ver minha face desonrada? – Do meio das sombras ouviram-se passos, eles se aproximavam de Hanami. Primeiro uma imagem turva, depois cores formavam alguém. -- Veja minha face desonrada... – Disse aquela na sua frente. Havia duas 'Hanamis' naquele momento, naquele lugar, embora fosse inexplicável.

 -- Quem é você? – Hanami perguntava mais confusa ainda.
-- O que você acha da minha face desonrada? Da face de uma mulher guerreira que quebra tradições de um continente inteiro simplesmente por que quer chamar atenção...
-- Como ousa sujar meu rosto, criatura dos infernos? – Hanami segurava sua katana, pronta para atacar. – Se você realmente sou eu, sabe por que virei samurai, sabe que há amor nisso e não necessidade de atenção...
-- Amor? Esse seu amor é na verdade um pesadelo... Tenho certeza, porque se não fosse eu não estaria aqui... Você não aceita o que você é... E chama isso de amor?
Hanami pareceu confusa. Ela havia realmente tornado seu sonho num pesadelo? Só de lembrar as expressões que as pessoas daquela cidade faziam...
A samurai caiu com um joelho no chão se apoiando na sua arma.

-- Eu preciso aceitar o que eu sou... Pai... Daisuke... Vocês me deram força... Eu não posso desistir...
A sua sósia se aproximava enquanto a verdadeira estava de cabeça baixa...
-- Fique comigo... Aqui ninguém nunca vai lhe julgar... Será um mundo de sonhos eterno e você será feliz... Para sempre...
Houve alguns segundos de silencio até que aquela que estava abaixada falou:
-- Ser uma mulher samurai é realmente muito difícil... – Ela levantou a cabeça e em seus olhos haviam raiva e orgulho. --... Mas ninguém se torna lenda facilmente. – Hanami pulara sobre a sua contraparte e ouviu-se o som de ferro contra ferro enquanto suas katanas se chocavam...


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