quinta-feira, 12 de junho de 2014

Efeitos de Lafaza - Descanso Eterno.

(o som do bardo para acompanhar o texto)

O som do mar e das palmeiras dançava com a melodia extasiante que saía do violão do belo bardo de longos cabelos ondulados e brancos. Seis cordas que balançavam em meio aos rápidos dedos daquele que os tocava e ritmavam divinamente bem aquelas notas, criando a tal melodia.

Havia ao longe duas humanas dançarinas. Suas cinturas ondulavam ao som da sedutora melodia e acompanhavam o ritmo do mar, que lambia a areia da praia lentamente, levando e trazendo pequenas conchas que pareciam brilhar a luz da lua, que cheia tomava grande parte dos escuros céus, como um grande olho assistindo o espetáculo abaixo.

No centro, uma fogueira estalava, dando uma paz e serenidade típica de qualquer praia daquele continente.


-- É sempre assim em Lafaza? – Perguntou a guerreira de olhar terno e armadura rude, um verdadeiro contraste vivo andando pelas areias, e ora sim, ora não, sendo tocada nos pés pelas águas que sempre se encostavam a ela, insistindo de lembrar que estavam lá.
O humano deu uma risada calma e deliciosa. O acompanhante da guerreira usava roupas leves, e embora os ventos frios daquela praia tocassem seu corpo, em várias partes nuas, não pareciam incomodar.
-- Na maioria das vezes... Somos um povo realmente abençoado. – Ele voltou-se para ela, com o sorriso nos lábios, como se fizesse parte de seu rosto, numa máscara sempre alegre e tranquila sem nunca mudarem o ritmo dos passos. – Não gosta dessa tranqüilidade? – Disse colocando as mãos por detrás da cabeça.
-- Existe realmente paz? – Ela falou, ainda sem olhar o humano, apenas fitando os seus próprios pés, que fora da armadura eram molhados pelas salgadas águas do mar.


-- Olhe ao seu redor, tem como dizer que não há paz?
Ela levantou o rosto, viu as dançarinas, o bardo e a fogueira. Sentiu os ventos frios nas partes do rosto que o capacete permitia e ouviu aquela melodia tranquilizante.
-- Não sei... Realmente não sei mesmo... – Ela abaixou o rosto novamente -- Quando se enfrenta monstros como eu enfrentei como o medo, o desespero e o infortúnio. Achamos que realmente o conceito de paz não existe, nunca acabarão as coisas ruins, sempre terá um novo medo ou pesadelo pra enfrentar...
O humano riu novamente, mas sua risada era como de um velho sábio, vendo um erro simples de uma criança, e talvez fosse realmente isso.
-- Por um lado você está certa, sempre haverá novos monstros que tentam nos derrubar – E o vento pareceu soprar mais forte. – Mas o mundo é feito disso... Você luta, cai e levanta, sempre será assim.
-- Então como pode dizer que estamos em paz?
-- Por que paz, minha querida, é o estado de espírito consigo mesmo, estando nesse estado, mesmo no meio do calor de uma sangrenta guerra, haverá paz.
A garota se calou, realmente nunca havia parado para refletir consigo mesma, nunca havia parado. Sua vida era batalha em cima de batalha, nunca dera um tempo para seu próprio prazer. 
Pensou que jogara sua vida fora por conflitos.
Então a guerreira tirou o capacete, deixando o longo cabelo azul e as orelhas pontudas dignas de uma elfa saírem e serem tocados por aquele vento.
-- Minha batalha termina aqui...
Ela sorriu para o céu, e foi como se a lua e as estrelas rissem de volta, com sua bela luminescência prateada.
E o som no violão do bardo continuou dançando entre o vento, comemorando uma nova vida em Lafaza para aquela guerreira.

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