(o som do bardo para acompanhar o texto)
Havia ao longe duas humanas dançarinas. Suas cinturas ondulavam ao som da
sedutora melodia e acompanhavam o ritmo do mar, que lambia a areia da praia
lentamente, levando e trazendo pequenas conchas que pareciam brilhar a luz da
lua, que cheia tomava grande parte dos escuros céus, como um grande olho
assistindo o espetáculo abaixo.
No centro, uma fogueira estalava, dando uma paz e serenidade típica de qualquer
praia daquele continente.
-- É sempre assim em Lafaza? – Perguntou a guerreira de olhar terno e armadura
rude, um verdadeiro contraste vivo andando pelas areias, e ora sim, ora não, sendo tocada nos pés pelas águas que sempre se encostavam a ela, insistindo de
lembrar que estavam lá.
O humano deu uma risada calma e deliciosa. O
acompanhante da guerreira usava roupas leves, e embora os ventos frios daquela
praia tocassem seu corpo, em várias partes nuas, não pareciam incomodar.
-- Na maioria das vezes... Somos um povo realmente
abençoado. – Ele voltou-se para ela, com o sorriso nos lábios, como se fizesse
parte de seu rosto, numa máscara sempre alegre e tranquila sem nunca mudarem o
ritmo dos passos. – Não gosta dessa tranqüilidade? – Disse colocando as mãos
por detrás da cabeça.
-- Existe realmente paz? – Ela falou, ainda sem
olhar o humano, apenas fitando os seus próprios pés, que fora da armadura eram
molhados pelas salgadas águas do mar.
-- Olhe ao seu redor, tem como dizer que não há paz?
Ela levantou o rosto, viu as dançarinas, o bardo e a fogueira. Sentiu os ventos frios nas partes do rosto que o capacete
permitia e ouviu aquela melodia tranquilizante.
-- Não sei... Realmente não sei mesmo... – Ela
abaixou o rosto novamente -- Quando se enfrenta monstros como eu enfrentei como
o medo, o desespero e o infortúnio. Achamos que realmente o conceito de paz não
existe, nunca acabarão as coisas ruins, sempre terá um novo medo ou pesadelo
pra enfrentar...
O humano riu novamente, mas sua risada era como de
um velho sábio, vendo um erro simples de uma criança, e talvez fosse realmente
isso.
-- Por um lado você está certa, sempre haverá novos
monstros que tentam nos derrubar – E o vento pareceu soprar mais forte. – Mas o
mundo é feito disso... Você luta, cai e levanta, sempre será assim.
-- Então como pode dizer que estamos em paz?
-- Por que paz, minha querida, é o estado de
espírito consigo mesmo, estando nesse estado, mesmo no meio do calor de uma sangrenta guerra, haverá paz.
A garota se calou, realmente nunca havia parado para
refletir consigo mesma, nunca havia parado. Sua vida era batalha em cima de
batalha, nunca dera um tempo para seu próprio prazer.
Pensou que jogara sua vida fora por conflitos.
Então a guerreira tirou o capacete, deixando o longo
cabelo azul e as orelhas pontudas dignas de uma elfa saírem e serem tocados por
aquele vento.
-- Minha batalha termina aqui...
Ela sorriu para o céu, e foi como se a lua e as
estrelas rissem de volta, com sua bela luminescência prateada.
E o som no violão do bardo continuou dançando entre o vento, comemorando uma nova vida em Lafaza para aquela guerreira.
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