-- Sarah! Minha rainha! – Tyrus gritou com seu eterno
sorriso assustador nos lábios.
Em sua cabeça o eterno chapéu de bobo que carregava ao invés
da coroa, balançou quando o mesmo pulou do trono para o chão.
O grande minotauro bufava olhando Sarah quando Tyrus simplesmente
bateu palmas e o monstro saiu da sala, deixando apenas o rei e a rainha.
-- Que trajes diferentes dos habituais, minha rainha... É a
última moda em Daekor? –
-- Eu nem mesmo cheguei à Daekor, Tyrus. – Sarah respondeu
hostil.
O rei a olhou por
alguns segundos.
-- Está diferente...
-- Eu mudei! Aprendi novas coisas, tomei novas atitudes.
Tyrus apenas a olhava em silencio.
Sarah tirou sua espada e apontou para o rei.
-- Eu exijo a coroa, que é minha por direito.
Tyrus riu alto e assustadoramente.
-- Querida, você é a rainha, você já tem a coroa.
-- Você entendeu errado, Tyrus. Desejo reinar sozinha.
Tyrus se aproximou do grande trono de madeira e puxou seus
dois apoios, que eram na verdade duas espadas.
-- Tire a coroa de mim!
Sarah olhou para o rei e disse:
-- Tyrus, você é meu marido! Eu não desejo lutar com você.
-- Seus companheiros estão todos presos pelos meus guardas.
Ou você luta ou morrem... Todos vocês!
O rei correu para cima da rainha como um lince, sua
velocidade era incrível e muito superior à de Sam. As duas espadas formaram um
grande “xis” no ar, duplicando sua força na queda.
Sarah colocou o escudo para cima, não tendo tempo para
esquivar. O peso era imenso, a perna da mulher tremeu com o impacto.
Tyrus ria e começava a dançar como um palhaço no centro da
sala.
-- Eu não quero lutar, Tyrus!
-- Sarah, minha amada, você acha mesmo que é chegar aqui e
pedir a coroa?
O Bobo jogou uma das espadas como uma flecha, fazendo um
profundo corte no braço de Sarah que segurava sua espada, fazendo-a soltar.
A rainha nem pode ver direito, mas o rei já vinha em seu encontro
com a espada outra espada em mãos.
Houve um choque. Espada contra escudo.
-- Você sabe que essa coroa é minha! – Gritou Sarah
segurando o escudo enquanto seu braço sangrava.
Tyrus apenas ria.
-- Você luta como seu pai! – Ele então disse.
Sarah lembrou-se de seu pai, lembrou-se de Jensen e suas
palavras e finalmente lembrou-se da força de vontade das amazonas. A rainha
jogou seu corpo para trás, derrubando o escudo no chão, que fora derrubado
junto com Tyrus e sua espada.
A rainha correu até sua espada colorida e apontou para o
rei.
-- Você fica linda empunhando a Espada Arco-Íris. – Disse o
rei. – Quem sabe um dia você descubra a magia nela... Mas não hoje... – O Bobo
pegou o escudo embaixo dele e lançou como bumerangue na rainha atingindo-a em
cheio.
Tudo escuro.
...
Sarah abriu os seus belos olhos azuis. Estava em seu quarto.
Tinha tudo sido um sonho?
Pensou que sim, até que viu o largo sorriso de Tyrus, seu
marido e rei.
A mulher o olhou por alguns segundos até que disse:
-- Irei para o calabouço?
Tyrus fez uma expressão afetada de surpresa.
-- É óbvio que não, minha querida.
-- Mas eu invadi o castelo, levante uma espada contra você,
o rei...
-- Você apenas teve a atitude de uma verdadeira rainha. – O Bobo
tirou seu chapéu, embaixo dele, sobre o cabelo castanho, uma coroa, que
entregara para Sarah.
A mesma fitou a coroa por alguns segundos, olhou para os
olhos de Tyrus que estavam apertados por conta de seu grande sorriso. Seria
verdade mesmo? Ele não iria lhe trair? Sarah perdeu uma batalha, mas estava
viva e não tinha mais nada a perder.
-- Prometi a seu pai que um dia seria uma rainha e aí
está... – Tyrus sorriu mais.
A mão de Sarah foi lentamente em direção a coroa, mas desviou
para o chapéu do bobo. Ela colocou o chapéu na cabeça e deu um pequeno sorriso.
-- Que essa seja a minha coroa. – Disse.
Tyrus levantou-se e caminhou para sair do quarto.
-- Aonde vai? – Perguntou Sarah.
-- Não sou mais rei, não tenho o que fazer aqui.
Houve um breve silencio até que Sarah disse:
-- Toda rainha precisa de um bobo...
Tyrus voltou-e a ela, sorriu e disse: -- Sim, majestade.
Naquele mesmo dia houve uma celebração. Toda Shufu se
encontrou na frente do Castelo do Bobo e houve uma coroação para Sarah
novamente, agora como rainha única.
No meio dos cidadãos de Shufu, as amazonas. Assim que
coroada rainha, Sarah via as guerreiras indo em direção à saída da cidade.
A rainha apressou-se, pegou um cavalo e parou na frente do
grupo antes do mesmo sair da cidade.
-- Vocês vão? – Gritou a rainha ainda no eqüino.
-- Você se tornou uma rainha... A rainha de Drimlaê... –
Layllian sorriu para Sarah. – Uma coroa maior que a minha. O sonho foi
cumprido... Estamos satisfeitas, sabemos que irá reinar com sabedoria...
Até mesmo Sam fez um sinal de positivo com a cabeça.
-- Irei sempre me lembrar de vocês... – Disse Sarah. – Sou muito
grata, a todas. Obrigada!
-- Todas nós também lembraremos... – Disse Joy.
E assim as amazonas partiram para sua aldeia.
Feliz e cheia de esperanças pela frente, Sarah foi ao
castelo novamente, seguiu até seu quarto, pegou seu diário, abriu na pagino do
dia que saiu do castelo e leu:
-- “Esse foi o dia que eu deixei de ser apenas uma rainha e
me tornei uma guerreira.”
Sarah riscou a palavra ‘guerreira’, olhar para o colar que Jensen lhe deu e escreveu outra palavra em cima da riscada:
-- “Esse foi o dia que eu deixei de ser apenas uma rainha e
me tornei uma MULHER.”
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