Sarah saíra daquele local. ‘Fora um pesadelo que já acabou’
ela dizia para si mesma.
Havia anoitecido mais uma vez, precisava voltar, relatar a
morte de seus companheiros e acima de tudo acalmar Shufu inteira em relação às
Amazonas ou sangue seria derramado, e a rainha queria apenas evitar isso.
Quanto tempo se passara desde que fugira daquela aldeia? A rainha
andava perdida e estava em uma floresta.
Andava por folhas
secas, o que a acalmava, pois se alguém se aproximasse ela ouviria.
Estava escuro e a espada, pesada. A mulher imaginava que
quando chegasse iria ter um bom banho e uma farta mesa de comida.
O pensamento na boa comida era tão forte que parecia que havia
o cheiro ali.
Sarah respirou profundamente.
Havia mesmo um cheiro bom de comida ali!
A rainha faminta seguiu aquele cheiro e junto dele agora
ouvia som de música. Eram tambores que soavam fortemente num ritmo frenético.
Atrás de grandes arbustos havia sons, luzes e cores. Uma
aldeia comemorava algo e Sarah, por ser a rainha pensou que poderia pedir
ajuda.
Assim que entrou na aldeia percebeu que a mesma estava
vazia, não conseguia localizar de onde vinha o som dos tambores, embora ainda
os ouvisse.
Olhou a aldeia. Suas casas de andares enfeitadas por
pequenas bolas coloridas que iluminavam todas as ruas com várias cores, seus
caminhos feitos por pedras lisas e cinzas, e o melhor, uma grande mesa com
apetitosos alimentos.
-- Oi! – Sarah gritou para todos os lados, mas não obteve
nenhuma resposta. Olhou a farta mesa e pensou que uma ou duas frutas não iriam
fazer falta.
Pegou uma tanja e assim que levou para perto do nariz para
sentir seu aroma, sinos começaram a soar por toda aldeia. Sarah não sabia, mas havia
dado meia-noite.
As construções ao seu redor tremeram e assustada, a mulher
deu um passo para trás, batendo na mesa e derrubando todos os alimentos.
As paredes começaram a verter areia, uma areia fina e
amarelada, parecida com areia de praia. Essa areia começou a tornar forma. Eram como montes de areia com
pequenos braços e bocas grandes assustadoras.
Sarah tapou a própria boca para não gritar e afastando-se
para trás dizia:
-- Quem são vocês? O que são vocês?
Uma das criaturas deu um pequeno e fino grito, assustando
Sarah, que pisando em uma fruta escorregou e caiu no meio delas.
Um dos monstros avançou para atacá-la, a rainha encolheu-se
com medo, mas apenas areia caiu sobre ela.
O monstro havia sido cortado ao meio.
-- Medo de um slumtrer? Sério? – Dizia Layllian que
segurando uma lança furava o monstro que era apenas areia agora. Atrás delas
estava Sam que cortava várias criaturas de uma vez com suas adagas e velocidade
impressionante.
-- Você tem uma espada! Porque não usa? – Perguntou a rainha
amazona.
Sarah pegou a espada e timidamente olhou para Layllian.
-- Eu não sei usar. – Sarah sussurrou.
-- O que? – Perguntou Layllian estocando um slumtrer.
-- Eu não sei usar essa espada, eu não sei lutar! – Sarah
gritou.
A amazona lanceira tira sua arma do meio da areia e olhando
para a outra rainha diz:
-- Não sabe usar uma arma? E se considera uma rainha? –
Layllian sorria.
Sam já havia derrubado todos os slumtrers ao redor das três
e cutucando o ombro de Layllian apontou para a pequena torre do relógio que
ficava no meio da cidade. Suas paredes vertiam areia também, mas a areia era de
uma coloração acinzentada.
Toda areia que caia das paredes da torre do relógio formava
um slumtrer, que era grande e assustador, em sua cabeça, feita por areia, havia
uma grande coroa.
-- O rei! – Disse Layllian.
A amazona coloca o braço ao redor de Sarah e assim as três
fogem em alta velocidade.
-- Porque vocês não o derrubam como fizeram com os outros? –
Perguntou Sarah.
-- Ele é o rei! – Respondeu Layllian. – Sabe o que significa
ser rei? Significa ser mais forte que seus súditos.
As imagens de sua captura, onde perdeu seu esquadrão,
correram na mente de Sarah e envergonhada ficou em silêncio.
...
As três chegaram de novo à aldeia.
-- Vocês estão bem? – Gritava Joy correndo até as três.
Era tarde, mas a aldeia ainda estava animada. Haviam muitas
amazonas bebendo e se divertindo despreocupadas.
O local onde Sarah estava haviam muitas mesas redondas
feitas de madeira, as amazonas passavam
bebidas e ambrosius sem medo da lei, as crianças dormiam então não viam
problema.
Algumas estavam agitadas vendo outras lutarem, mas mesmo com
a seriedade nas batalhas, havia uma aura de paz e companheirismo rondando
todas.
-- Estão comemorando algo? – Perguntou Sarah apoiando-se em
uma mesa, tonta pela corrida.
-- Comemorando? – Joy sorriu, enquanto Sam já sentava e
bebia uma enorme caneca de cerveja, entregue por uma garçonete anã. – Não
estamos comemorando nada. Sempre fazemos isso em tempos de paz.
-- Estamos comemorando nossa liberdade! – Disse Layllian
passando para pegar uma cerveja da mesma garçonete.
Joy olhou para Sarah, que se recuperava da tontura.
-- Que bom que você voltou. O destino não erra. – Disse a
elfa.
-- Eu disse que a ‘senhora não-sei-lutar’ não ia muito longe.
– Disse Layllian empurrando uma caneca de cerveja para Sarah.
-- E-eu não bebo... – Disse Sarah empurrando a caneca para
frente.
-- É a comemoração por eu não deixar você ser comida pelo
slumtrer-rei. – Layllian empurrou a caneca de volta.
Sarah tomou um gole.
...
--... E eles não me deixam fazer nada! Nada! – Gritava
Sarah. Seu cabelo estava bagunçado e havia seis canecas vazias aos seus pés.
-- Isso é inadmissível! – Dizia Layllian batendo na mesa com
a caneca enquanto Joy e Sam concordavam do seu lado. – Os homens acham que
somos o que? Objetos? Nós somos
mulheres! Somos o poder!
Várias amazonas gritaram animadas em acordo.
-- Sabe por que eles faziam isso com você? Porque você não
tomava atitude de uma verdadeira mulher.
-- O que você queria que eu fizesse? – Gritou Sarah.
-- Lutasse! Apontasse sua espada no rosto de Tyrus e dissesse
que o trono era seu! – Gritava Layllian.
E houve mais gritos femininos.
Sarah sorriu e quase sussurrou:
-- Quem dera se eu fosse assim.
-- Vai ser assim! – Disse Layllian jogando a espada
colorida para sua dona. – Vamos lutar! --
O efeito da bebida em Sarah até passou, pelo susto.
Continua...
Nenhum comentário:
Postar um comentário