quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Sarah - Capítulo 3 - Visões


Sarah lembrava quando ainda estava no Castelo do Bobo, mas estava tão triste quanto agora.
Lembrava da morte de seu pai.
Seu pai, Richard III, era o rei, mas por ironia do destino (e por conta de uma promessa) trocou de lugar com o bobo da corte, isso o levou à depressão e logo após, a morte.
A princesa, agora casada com o rei e por isso rainha, chorava sobre o caixão fechado.
-- Vou fazer todo meu possível para fazê-los felizes, pai. – Ela dizia, entre lágrimas. – Serei a rainha perfeita...

...
Sarah abriu os olhos, estava atrás de uma cela, sentada em um local escuro e frio.
-- Finalmente acordou! – Era Joy. – Você vive dormindo? – Ela ria. Em sua mão uma bandeja cheia de comida, que ela coloca para dentro da cela.
Sarah apenas olha para a comida e depois para Joy.
-- Coma! – Disse a elfa. – Eu mesma fiz! – Ela sorria delicadamente.
Talvez pela gentileza da mulher, ou pela fome, Sarah comeu.
Houve um breve tempo de silêncio, nem mesmo o mastigar de Sarah era ouvido, pois a mesma sabia como segurar um talher (mesmo um bruto) e comer com elegância.

-- Não é pra ser assim... – Disse Joy quebrando o silêncio e sentando-se no chão também. – Você é especial, rainha Sarah... Dona de um poder real impressionante! Você é rainha de Drimlaê, o maior continente de Gensõ. – Disse a elfa com uma empolgação cativante, enquanto Sarah ainda mastigava em silêncio.
Sarah sabia que era uma rainha, sabia que tinha poder. Tinha responsabilidades e devia estar em outro lugar agora.
-- Você acredita em destino? – Perguntou Joy.
Sarah levantou os olhos e finalmente engoliu o último pedaço. Olhou para Joy, que esperava uma resposta.
-- Todos têm uma missão! – Disse a rainha.
-- Exatamente! – Disse a elfa se levantando. – Você tem uma missão! Seu destino é aqui conosco! É sendo uma amazona!
-- O que? – Sarah agora se levantava, não entendia o que a outra falava, mas mesmo assim não concordava. – Eu tenho que sair daqui, Joy! Tenho que lutar por toda Drimlaê. – Seu rosto ficou triste. – Sou uma guerreira agora.
Joy sorriu carinhosamente para a outra.
-- Eu tenho visões. – Disse a elfa. – É um dom desde que eu nasci. Eu errava muito no começo. Interpretava mal ou não entendia. – Então a mulher de cabelos verdes sorriu para si mesma, Sarah reconheceu aquele sorriso. Era saudade. – Fui treinada por uma pessoa maravilhosa, me tornei muito forte, até que tive uma dessas visões.
Sarah a olhou, curiosa.
-- Na minha visão estava Layllian, ela estava poderosa como sempre e em sua cabeça, uma coroa bonita e brilhante. – Ela fez uma pequena pausa. – Alguns meses depois ela era nossa rainha.

Sarah abriu bem os olhos, não sabia que Layllian era rainha também, ambas eram tão diferentes.
-- Não entendo o motivo de estar aqui. – Disse Sarah segurando-se em uma das grades. – Sou uma rainha também, vocês me trouxeram para ensinar Layllian a ser uma boa rainha?
Joy sorriu, havia uma gota de ironia em seu sorriso, mas a elfa era tão doce que não ofendia.
-- Layllian é uma rainha maravilhosa, Sarah! Você será tão boa quanto ela um dia.
A rainha por detrás da grade não se sentiu ofendida, mas triste. Haviam pessoas em Drimlaê que não a achavam a rainha perfeita? Mesmo depois de todos seus esforços?
-- Eu tive outra visão recentemente. – Continuou Joy. – Eu vi você, Sarah!
Ambas se olharem em silêncio por algum tempo.
-- Você estava acima de Layllian. Com uma coroa maior e mais brilhante. – Joy sorriu. – Você é nossa nova rainha.
-- Sua nova rainha? – A outra perguntou. -- A nova rainha das amazonas?
A elfa apenas balançou a cabeça em afirmação.
-- Impossível! Não posso ser rainha de vocês... Eu... Eu já sou rainha!
-- Sinto muito, Sarah. – Disse Joy abrindo a grade. – Você pode negar a nós, não iremos obrigá-la... Mas você não pode negar seu destino.
A elfa pegou no meio das rochas, a espada colorida dada pelo rei à Sarah e entregou-a a sua dona.
-- Layllian disse que você está livre, mas infelizmente os homens que continuaram vivos entre os seus, serão nossos escravos. – A elfa pareceu um pouco triste. – Sinto muito! É a regra das Amazonas.
Sarah pegou no seu colar, Jensen não era um escravo, não imaginava qual destino era pior. Ela falhou, sabia que ia falhar, mas doía por não ser uma rainha perfeita... Faltava-lhe algo.

-- Eu vou embora! – Disse Sarah.
O rosto da elfa parecia mais triste ainda, chegava a dar pena. Mas a elfa nada disse, apenas deu espaço para a outra sair.
Sarah partiu, segurava a espada, pesada para si, tentando correr.
A rainha passou por tendas fechadas, estava tarde e escuro, fora fácil, até mesmo para ela, passar despercebida, assim que chegou ao limite da aldeia, olhou para trás, depois para a espada e pensou em uma palavra:
-- Destino!
E logo depois adentrou a floresta, iria voltar para Shufu, para o conforto em seu castelo.
Continua...

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