Sarah lembrava quando ainda estava no Castelo do Bobo, mas
estava tão triste quanto agora.
Lembrava da morte de seu pai.
Seu pai, Richard III, era o rei, mas por ironia do destino
(e por conta de uma promessa) trocou de lugar com o bobo da corte, isso o
levou à depressão e logo após, a morte.
A princesa, agora casada com o rei e por isso rainha,
chorava sobre o caixão fechado.
-- Vou fazer todo meu possível para fazê-los felizes, pai. –
Ela dizia, entre lágrimas. – Serei a rainha perfeita...
...
Sarah abriu os olhos, estava atrás de uma cela, sentada em
um local escuro e frio.
-- Finalmente acordou! – Era Joy. – Você vive dormindo? –
Ela ria. Em sua mão uma bandeja cheia de comida, que ela coloca para dentro da
cela.
Sarah apenas olha para a comida e depois para Joy.
-- Coma! – Disse a elfa. – Eu mesma fiz! – Ela sorria
delicadamente.
Talvez pela gentileza da mulher, ou pela fome, Sarah comeu.
Houve um breve tempo de silêncio, nem mesmo o mastigar de
Sarah era ouvido, pois a mesma sabia como segurar um talher (mesmo um bruto) e comer com elegância.
-- Não é pra ser assim... – Disse Joy quebrando o silêncio e
sentando-se no chão também. – Você é especial, rainha Sarah... Dona de um poder
real impressionante! Você é rainha de Drimlaê, o maior continente de Gensõ. –
Disse a elfa com uma empolgação cativante, enquanto Sarah ainda mastigava em
silêncio.
Sarah sabia que era uma rainha, sabia que tinha poder. Tinha
responsabilidades e devia estar em outro lugar agora.
-- Você acredita em destino? – Perguntou Joy.
Sarah levantou os olhos e finalmente engoliu o último
pedaço. Olhou para Joy, que esperava uma resposta.
-- Todos têm uma missão! – Disse a rainha.
-- Exatamente! – Disse a elfa se levantando. – Você tem uma
missão! Seu destino é aqui conosco! É sendo uma amazona!
-- O que? – Sarah agora se levantava, não entendia o que a
outra falava, mas mesmo assim não concordava. – Eu tenho que sair daqui, Joy!
Tenho que lutar por toda Drimlaê. – Seu rosto ficou triste. – Sou uma guerreira
agora.
Joy sorriu carinhosamente para a outra.
-- Eu tenho visões. – Disse a elfa. – É um dom desde que eu
nasci. Eu errava muito no começo. Interpretava mal ou não entendia. – Então a
mulher de cabelos verdes sorriu para si mesma, Sarah reconheceu aquele sorriso.
Era saudade. – Fui treinada por uma pessoa maravilhosa, me tornei muito forte,
até que tive uma dessas visões.
Sarah a olhou, curiosa.
-- Na minha visão estava Layllian, ela estava poderosa como
sempre e em sua cabeça, uma coroa bonita e brilhante. – Ela fez uma pequena
pausa. – Alguns meses depois ela era nossa rainha.
Sarah abriu bem os olhos, não sabia que Layllian era rainha
também, ambas eram tão diferentes.
-- Não entendo o motivo de estar aqui. – Disse Sarah
segurando-se em uma das grades. – Sou uma rainha também, vocês me trouxeram para
ensinar Layllian a ser uma boa rainha?
Joy sorriu, havia uma gota de ironia em seu sorriso, mas a
elfa era tão doce que não ofendia.
-- Layllian é uma rainha maravilhosa, Sarah! Você será tão
boa quanto ela um dia.
A rainha por detrás da grade não se sentiu ofendida, mas
triste. Haviam pessoas em Drimlaê que não a achavam a rainha perfeita? Mesmo
depois de todos seus esforços?
-- Eu tive outra visão recentemente. – Continuou Joy. – Eu
vi você, Sarah!
Ambas se olharem em silêncio por algum tempo.
-- Você estava acima de Layllian. Com uma coroa maior e mais
brilhante. – Joy sorriu. – Você é nossa nova rainha.
-- Sua nova rainha? – A outra perguntou. -- A nova rainha das
amazonas?
A elfa apenas balançou a cabeça em afirmação.
-- Impossível! Não posso ser rainha de vocês... Eu... Eu já
sou rainha!
-- Sinto muito, Sarah. – Disse Joy abrindo a grade. – Você
pode negar a nós, não iremos obrigá-la... Mas você não pode negar seu destino.
A elfa pegou no meio das rochas, a espada colorida dada pelo
rei à Sarah e entregou-a a sua dona.
-- Layllian disse que você está livre, mas infelizmente os
homens que continuaram vivos entre os seus, serão nossos escravos. – A elfa
pareceu um pouco triste. – Sinto muito! É a regra das Amazonas.
Sarah pegou no seu colar, Jensen não era um escravo, não
imaginava qual destino era pior. Ela falhou, sabia que ia falhar, mas doía por
não ser uma rainha perfeita... Faltava-lhe algo.
-- Eu vou embora! – Disse Sarah.
O rosto da elfa parecia mais triste ainda, chegava a dar
pena. Mas a elfa nada disse, apenas deu espaço para a outra sair.
Sarah partiu, segurava a espada, pesada para si, tentando
correr.
A rainha passou por tendas fechadas, estava tarde e escuro,
fora fácil, até mesmo para ela, passar despercebida, assim que chegou ao limite
da aldeia, olhou para trás, depois para a espada e pensou em uma palavra:
-- Destino!
E logo depois adentrou a floresta, iria voltar para Shufu,
para o conforto em seu castelo.
Continua...
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